Segredos e passado

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Maratona da night 4/5

Shivani Paliwal

Volto me sentar na cama de Noah, ele puxa a cadeira da mesinha e se aproxima também se sentando.

Seus olhos me observam por breves segundos.

— Há uns cinco anos atrás, quantos anos tínhamos?

Ele pergunta e eu penso um pouco antes de falar.

— Quatorze? — ergo a sobrancelha e ele assente.

— Exatamente, três dias antes do acampamento de outono, eu estava incomodado com Hall, você se lembra?

Puxo uma das minhas memórias mais doloridas, a fase com meu ex foi sem dúvidas uma das mais difíceis que já passei.

— Talvez — não sei onde ele estava querendo chegar.

— Bom, eu e você éramos próximos, já tínhamos dado alguns selinhos e com a aproximação de Hall me senti meio jogado, você só tinha tempo para ele — dá uma pausa — Até que eu resolvi te escrever uma carta, eu a deixei dentro da sua mochila três dias antes de irmos ao acampamento de outono — ele suspira, seu tom fica embargado.

— Noah eu....

Ele me interrompe, como se precisasse dizer tudo de uma vez.

— Não, me deixa terminar — concordo — Escrevi tudo, o que sentia, como eu gostava de você, como sentia que eu estava me apaixonando pela primeira vez, e era por você Shivani — meu coração erra algumas batidas com sua revelação — E então recebi uma resposta, você disse para eu te encontrar na segunda noite do acampamento, entre as árvores mais afastadas — ele respira fundo — E porra quando eu cheguei lá o Hall estava te beijando, eu fui tão idiota.

Sinto um líquido quente escorrer por minhas bochechas, eu estava chorando.

Não sei porque.

Apenas confusa demais.

Eu não sabia de nenhuma carta, como nunca imaginei esses sentimentos.

— Naquele dia eu jurei para mim mesmo que nunca mais seríamos próximos, porque você tinha me machucado e nem se preocupou em pedir desculpas....

— Noah eu não sabia de nada, eu não....

— Você nunca sabe de nada Shivani, nunca — ele se altera e vejo que também chorava — Como não percebeu? Eu era louco por você — ele da uma risadinha amarga e se levanta — E estava disposto a fazer de tudo para te conquistar mas você foi a droga de uma filha da puta!

— Não fala assim — levanto tão rápido que chego a sentir uma leve tontura — Eu nunca soube da existência dessa carta, você nunca me falou sobre nada.

— Para, para de ser cínica — seus passos dão volta pelo quarto — Está feliz, agora que sabe o porquê não gosto de você, o porque do nosso afastamento, está feliz?

— É claro que não — quase sussurro.

— É claro que está, está sim porque é disso que você gosta, gosta de ver as pessoas a sua volta sofrerem — seus olhos verdes me queimam — Eu nunca imaginei, logo você, nós éramos tão próximos, porque fez aquilo comigo? — eu fico inércia — Porque? — ele grita e eu desperto.

Ainda chorando.

Agora tudo faz sentido, ele provavelmente me odeia porque acha que eu o fiz sofrer de propósito, mas a verdade é que eu nunca marquei nem um encontro.

E nem nunca imaginei a existência dessa carta.

Provavelmente deve ter sido uma armação de Hall.

— Noah eu nunca faria uma coisa dessas — passo minhas mão por meu rosto me recuperando — Eu te amava, você era como um irmão para mim, estava sempre do meu lado, lembra quando tentamos matar a aula de cálculo e fomos pegos? Ficamos de castigo e tivemos que fazer trabalho voluntário — eu rio com a lembrança distante.

Ele mal muda a expressão.

— E era dessa Shivani que eu gostava, não a que machucou meus sentimentos — sua voz me invade e eu aproximo meus passos.

— Já falei que eu nunca soube de nenhuma carta, mas se você não quer acreditar tudo bem — suspiro.

Não não está tudo bem, estou me desfazendo por dentro, como eu nuca fui capaz de perceber os sentimentos de Noah por mim?

Olhando de agora para trás eles parecem tão óbvios.

— Já tem a sua resposta não é? Bom, a porta é a serventia da casa — seu tom fica ainda mais amargo.

— Não, eu não vou embora — pressiono os olhos — Precisamos nos resolver, você precisa retirar o que disse de mim em seu depoimento, por Deus, sabe que eu nunca mataria alguém.

Ele ri, em seu tom debochado que volta com tudo.

— Eu não sei de nada, não conheço mais essa Shivani, a que eu era amigo ficou para trás há muito tempo — ele dá de ombros, passando uma das mãos por suas bochechas molhadas.

— Não, você me conhece sim, sabe quem eu sou, nós já tivemos uma conexão — eu consigo estabelecer meu olhar sob o dele — E vai retirar o que disse, porque é bobo, sem fundamento.

Ele parece pensar, pensar...

Até que se aproxima com alguns passos.

Minhas lágrimas já não caem mais, porém tenho certeza de que sempre que lembrar do que ele disse vou chorar.

— Não Shivani, abaixa a sua bola, eu não vou reverter nada do que eu disse, porque você vai sofrer o que eu sofri — um suspiro se esvai de seu corpo —E quando disse que queria me matar eu vi o seu olhar, quase me fez ficar com medo.

Eu nego freneticamente.

Vou ter que partir para o lado da ameaça.

— Ou você retira o que disse sobre mim, ou todos vão ficar sabendo que tem um caso com a professora de literatura inglesa — me mantenho forte, fixada em seu olhar — E pela lei constitucional isso não pode acontecer — vejo seu semblante ficar chocado pouco a pouco — E não tente dizer que é mentira, tenho provas. Não queria ir para esse lado, mas você não quis colaborar....

— Shivani você...

— Ou faz o que estou pedindo — corto sua fala — Ou todos irão saber, olha só que escândalo, não é mesmo?

Ele não vai querer perder sua vaga de capitão do time tão fácil assim.

Então tenho certeza que vai fazer o que estou dizendo.

Nós nos encaramos por breves segundos.

Respiro fundo e saio do seu quarto.

Mas meu coração está desmantelado por dentro.

//💜

Querido Amor Sombrio /:Shivley Onde histórias criam vida. Descubra agora