Obstáculo = Any Gabrielly

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May's

As batidas rápidas na porta me fazem começar a perder a paciência logo cedo.

— Já estou indo — digo alto, para que o idiota que não para de bater escute.

— Merda, abre logo — a voz é feminina, é uma idiota então.

— Eii — Shivani entra correndo assim que abro a porta.

Tudo bem, não é nenhum idiota.

— Fecha — ela pede, um pouco desesperada.

Não são nem sete da manhã e ela está toda descabelada, a respiração ofegante e pressionando um pequeno livro contra seu peito.

— O que foi? — começo a ficar preocupado com seu estado.

— Os garotos — ela puxa o ar — Aqueles otários estão atrás de mim.

A garota se abaixa perto da minha mesa, escuto alguns passos se aproximando, minha mente fica confusa.

Mais batidas na porta.

Puxo meu cabelo para trás e giro a maçaneta, encontrando dois garotos altos e com os rostos vermelhos, parecendo que correram uma maratona.

— Licença professor May — o mais vermelho diz, com dificuldade — Por acaso, alguma garota passou por aqui?

Ergo a sobrancelha, me fazendo parecer mais confuso do que eu já estava.

— Ela é morena, baixinha, do cabelo escuro — nego — Bem bonitinha....

— Sim, aquela que matou a amiga, droga, qual é o nome dela mesmo?

Eles se olham, respiro fundo.

— Eu não vi ninguém — digo simples — Não são nem sete da manhã, vocês deveriam estar dormindo.

Eles assentem e sussurram entre os dois.

— Mas se caso a ver, por favor,
não a deixe ir — o garoto me encara.

— Sim, ela é uma ladra — o outro completo.

E então saem correndo, na direção contrária, fecho a porta.

— Obrigada professor, obrigada — Shivani diz, sua feição está mais aliviada e o cabelo arrumado.

— Tudo bem — passo minhas mãos por meu rosto, ainda é só segunda feira — Explicações?.

Ela morde o lábio um pouco estranha, mas logo suspira.

— Eu não sei porque eles estão atrás de mim — é sério isso? — Juro — ela dá de ombros.

Me encosto em minha mesa, a vendo parar em minha frente.

— E esse livro? — aponto para suas mãos.

— Peguei aqui na livraria da escola sabe — ela olha a capa — Vou usar na aula de literatura.

Cruzo meus braços desconfiado.

— Você pagou por ele? — ela começa a dar alguns passos, pensando no que dizer.

— Tudo bem, eu não paguei — ela me encara — Mas eu precisava dele, e aqueles otários que cuidam de lá não queriam deixar eu pagar depois.

Ela diz com tanta naturalidade que quase me assusta.

— Então ontem você não quis sair para roubar comigo, mas hoje roubou um livro da livraria da escola? — pergunto e ela assente.

— É que sair de casa apressada, esqueci minha carteira — suspira — Por Deus, eu só saí correndo com o livro, porque eles tinham que vir atrás de mim?

Querido Amor Sombrio /:Shivley Onde histórias criam vida. Descubra agora