Matriculada.

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Shivani Paliwal

— Com licença senhor May, eu posso entrar? — enfio meu rosto em um pequeno espacinho da porta.

Ele me olha confuso, com um semblante estranho mas logo assente.

Fecho a porta atrás de mim assim que entro, não sei por qual motivo, mas meu coração palpita feito louco.

— Feche a persiana por favor, senhorita Paliwal — eu dou um passo para trás confusa — É que tem alunos intrometidos que adoram ver a vida alheia — ele diz sem desviar os olhos de alguns papéis em sua mesa.

Merda, eu sinto minhas bochechas corarem pela vergonha, mas então faço o que ele pediu.

A sala acaba ficando escura de mais, e de repente uma pequena luz se acende por trás do senhor May, trazendo uma leve iluminação a sala.

— Algum problema? — ele pergunta deixando os papéis de lado.

Ele veste uma camiseta social clara, seu cabelo está perfeitamente penteado e ele realmente tem cara de ter uns vinte anos.

— Não — eu nego e me sento na cadeira em frente a sua mesa — Apenas vim trazer minha folha de matrícula, estou na sua sala — dou de ombros e abro um sorrisinho enquanto estendo a folha.

Ele contorce os olhos estranho e pega a folha de minha mão.

— Até que não demorou tanto — murmura baixinho e eu fico confusa.

— Como assim? — arqueio uma sobrancelha.

— Eu sabia que iria ceder, era apenas questão de tempo — guarda a folha em uma das pastas e volta a me olhar.

— Como tinha tanta certeza? — pergunto.

— Você se interessa por romances polícias — se levanta com calma — tem boas notas e me odeia por ter roubado seu café — ele diz tudo como se fosse muito simples, eu apenas acompanho seus movimentos com meu olhar — E não podemos esquecer o fato de estar vigiando minha sala ontem, seria óbvio que se matricularia.

Ele anda pela sala, cheio de certeza e confiança.

— Eu realmente te odeio — me levanto também e percebo quando seu olhar recai sobre mim, e dessa vez eu gosto — Sobre ontem não era minha intenção.

— Claro — ele dá de ombros junto a uma risada fraca — As vezes mesmo sem intenção cometemos erros — eu assinto e ajeito meu gorro — Mas o problema foi a sua impulsividade — ele começa a se aproximar, como da mesma vez que fez quando me ofereceu uma carona.

Qual é a dele comigo?

Porque tanta atenção para mim?

— Pelo menos lhe tirei do seu tédio — endireito minha postura e ele está apenas a três passos de distância — Não parecia gostar da conversa da senhorita Ardakani, pois nem menos a olhava.

Ele olha em volta e coloca as mãos no bolso de sua calça.

— Observou tudo isso? — pergunta.

— Sim — abro um sorrisinho.

— Perfeito, será uma ótima agente júnior.

— Eu sei — levanto meu queixo cruzando meus braços.

— A senhorita é realmente a dona de toda a certeza do mundo — seu tom sai debochado — Eu gosto de ver isso em meus alunos.

Um suspiro me escapa e então desmancho minha pouse "Sabe tudo"

Querido Amor Sombrio /:Shivley Onde histórias criam vida. Descubra agora