Capítulo 57

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- Quando ligou estava no treinamento e sabe como são as coisas, vim assim que pude, aliás, não te vi nos treinamentos hoje, fez treino externo ou não foi? Está doente?

- Não, não fui, pedi um dia de dispensa para a Mirka, e ela autorizou.

- Certo, então o que precisa?

- Na verdade eu preciso de um tempo para pensar, mas eu estou enlouquecendo dentro desse quarto, saberia me dizer onde teria algum lugar que eu pudesse ir, que ninguém pudesse me encontrar e me tirar do sossego?

- Me chamou aqui para isso? Sério mesmo?

- Desculpa, mas sim, és o meu único amigo aqui dentro, e como conhece esse lugar como a palma da sua mão achei que pudesse ter alguma ideia.

- Tem um lugar, é perto dos pavilhões de cargas, eu sempre ia lá quando mais novo, eu gostava da calmaria e do silêncio que por tem lá.

- Pode me levar até lá?

- Claro, mas não posso ficar te acompanhando, tenho coisas a fazer, poderia ter me pedido isso por ligação.

- Eu queria te ver também, faz um tempo que não conversamos pessoalmente, tens me evitado.

- Não quero criar expectativas, ainda está fresco na memória aquela conversa e tudo o que aconteceu depois.

- Eu sei, me desculpa por isso.

- Bom, vamos logo, eu te mostro onde é e depois eu volto.

- Certo.

Alguma coisa soprou em meus ouvidos que não deveria pedir ajuda, precisava fazer tudo sozinha, então abortei o plano de pedir para Dimitri me acobertar em minha fuga, mas ainda assim precisava conhecer algum lugar que não tivesse tanta gente circulando, algum ponto sem segurança não iria haver obviamente, mas um canto mais tranquilo, talvez lá pudesse encontrar uma maneira de escapar, sem ninguém notar.

Saímos da casa pelos fundos, seguimos um caminho estreito e relativamente vazio, obviamente que guardas podiam enxergar todos os pontos, mas ninguém estava no caminho para impedir ou quem sabe revistar, era um trilho de estradinha de terra, em meio a arbustos, pareciam até um labirinto de plantas, foi divertido Dim andando rápido para me deixar ansiosa, e de repente surgia do nada com aquele sorriso lindo no rosto, quando chegamos no lugar ele me deu uma flor, um perfeito cavalheiro, poderia me apaixonar fácil.

- Bom é aqui, se olhar para trás enxergará a casa, se olhar para frente tem os pavilhões de cargas, ao fundo nossos locais de treinamento que já conhece tão bem quanto eu, e aqui desse outro lado tem esse pequeno lago, esse é meu refúgio, esse cantinho fica escondido pelos arbustos, é um ótimo lugar para ficar sozinho e pensar.

- Dim.

Ele olhou para mim, seus olhos tão profundos, ele era um homem lindo, tanto por dentro, quanto por fora, depois daquela conversa meu coração acelerava quando estava próxima a ele, e eu queria estar próxima, ele era como um imã.

Peguei suas mãos ainda olhando no fundo de seus olhos, fui levando meu rosto cada vez mais próximo do dele.

- Luna, não sei se isso é certo.

Sua voz era um sussurro, sua respiração se tornou pesada como a minha, ele não me afastou, não desviou, de olhos fechados encostou sua testa na minha, uma das mãos entrelaçada a minha, a outra em meu rosto, eu com uma mão entrelaçada a dele, e a outra tocando sua mão no meu rosto, ele roçou suavemente seu nariz no meu, e então eu fechei a distância que havia entre nós.

Foi um beijo com paixão, meu corpo estava entrando em combustão, ele soltou sua mão entrelaçada a minha para colocar em minha cintura e puxar mais próximo de si, eu pude sentir um volume em sua calça quando grudou sua cintura a minha, eu era virgem, mas sabia o que era aquilo, eu não queria que minha primeira vez fosse ali, dessa forma, mas também não queria que ele parasse.

Ele usou sua mão que estava na minha bochecha e levou até minha nuca, puxando em um movimento firme, fazendo minha cabeça inclinar para trás, ele separou seus lábios dos meus espalhando beijos por toda a extensão do meu pescoço até dar uma leve mordida na minha orelha.

- Luna, você está me deixando louco, eu queria tanto tomá-la aqui mesmo, mas você merece mais do que isso.

Sua voz rouca em minha orelha fez meu corpo inteiro arrepiar ao escutar que ele tinha desejo por mim, mas então ele se afastou, ficou um vazio tão grande, aquele calor se esvaiu tão rápido quanto havia começado.

- Preciso ir, tenho compromisso, aproveite seu dia de folga, nos vemos mais tarde.

Assim ele saiu, eu sabia que ele estava fazendo o certo, ele me respeitou, mesmo sem saber que aquela poderia ser minha primeira vez, fiquei olhando ele andar pelo caminho de volta, as vezes ele parava e se remexia, devia ser péssimo ficar com uma ereção assim, ainda bem que mulheres não precisam exatamente lidar com isso, se bem que essa sensação úmida não é muito confortável.

Esse foi o primeiro amasso de verdade da minha vida, o mais perto de me tornar uma "mulher" de verdade, uma euforia tomou conta de mim, eu estava boba com o acontecido, comecei a girar com os braços para o alto, de um sorriso comecei a rir e não conseguia parar mais, era uma sensação maravilhosa.

Parei meio zonza de tanto rodar, quando dei por mim estava olhando para um contêiner das cargas, era grande e iria ser enviado de avião, um avião particular como sempre, e eu sabia que não poderia pegar um voo normal, porque iriam ver meu nome e rapidamente poderia trancar o mundo todo para evitar que eu fugisse, mas se eu estivesse em um contêiner da máfia, em um avião da máfia, logo, não teriam como saber, pois não há registro, e pelo que escutei, há guardas, mas não vasculham a carga, pois já sabem previamente o que vai ter.

Essa pode ser a minha melhor chance, essa pode ser a resposta que eu procurava, o plano que eu estava procurando, só preciso encontrar um dia que a viagem seja para o outro lado do oceano, e assim eu posso voltar para casa e ajeitar as coisas.

Mas como vou entrar em um contêiner sem ninguém notar?

Horário de troca de guarda obviamente.

É só ficar aqui e observar e escutar tudo o que der.

Dimitri merece mais um beijo só por ter me mostrado esse lugar.

LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora