Capítulo 64

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A adrenalina começou a deixar meu corpo lentamente, entrei em uma cabine de banheiro, sorte que o aeroporto que estava aparentemente era 24horas, verifiquei meu tornozelo e percebi que não havia quebrado, apenas deslocado, com o vaso sanitário fechado, sentei na tampa e coloquei meu tornozelo no lugar, alguns primeiros socorros da máfia já estavam sendo bem úteis.

Chorei de dor certamente, mas era pior deixar como estava.

Aproveitei e fiz minhas necessidades, nem havia percebido que estava segurando a tanto tempo, não sabia nem que horas eram para saber a quanto tempo fiquei dentro daquele contêiner, e agora parando para pensar, eu poderia ter morrido, perdido os sentidos por falta de oxigênio, mas pelo visto o ar lá dentro era suficiente para uma pessoa pelo tempo que fiquei fechada.

Com lenços umedecidos fiz uma pequena higienizada no meu corpo, coloquei uma muda de roupa limpa, sai da cabine e voltei a olhar para meu reflexo no espelho, olheiras profundas, cara de extremo cansaço.

Lavei meu rosto, amarrei meus cabelos desgrenhados, melhorou um pouco, mas ainda estava horrível.

Precisava realmente de uma noite de descanso.

Peguei minha mochila e a bolsa e sai do banheiro, como se nada tivesse acontecido, olhei as placas procurando uma praça de alimentação, segui pelos corredores, guiando pelo ritmo das pessoas e pelos odores, aprendi espanhol na máfia, mas nunca foi o meu melhor idioma.

Chegando em uma grande praça de alimentação procurei por coisas que eu conhecia, como por exemplo redes de fast-food, escolhi um hambúrguer, com fritas e um refrigerante grande, sorte que eles aceitam dólares, se tivesse que trocar de moeda ia ser uma grande merda.

Merecia uma boa alimentação, não era nada saldável, não era o que queria e nem o que deveria comer, mas para o momento era o que estava em meu alcance.

Precisava descobrir que país é esse, que horas são e principalmente um lugar para dormir.

Meu pedido chegou e devorei como uma condenada.

Como sentia falta de uma comida destruidora de saúde como essa.

América não imagina o prazer que é estar de volta.

Devolvi a bandeja e sai em busca de algum local de informações, por sorte encontrei uma bancada com mapas, e voila estava na Nicarágua, exatamente na metade das Américas, metade do caminho.

Maravilhoso.

Com mapa da cidade, mapa do país e mapa da América, sai encontrar um hotel, pelo mapa havia um motel perto do aeroporto e muito barato, era o que eu precisava, um banheiro com chuveiro, uma cama de verdade, o resto daria um jeito assim que acordasse.

Segui meu caminho caminhando despreocupadamente, eu estava de volta ao meu lado do oceano, até o calor infernal que estava fazendo mesmo à noite era muito bem-vindo, era aproximadamente 03km até o motel, iria aproveitar essa caminhada para colocar a cabeça no lugar.

Olho para o céu, a lua está lá majestosa, em sua forma completa, brilhante, um déjà-vu de noites e noites, onde eu caminhava pela madrugada nas ruas do pacato bairro que vivia, é tão estranho tempos depois eu estar aqui, acompanhada apenas pela mesma lua, seguindo a passos calmos sozinha, apenas os sons de poucos carros ao longe, algumas vozes perdidas no vento, e meus passos, tudo continua tão igual, e ao mesmo tempo tão completamente diferente, é engraçado e assustador ao mesmo tempo.

Peço em pensamentos que a lua envie lembranças a Death, será que ele olha para lua e pensa em mim?, ao olhar para ela é como se estivesse um pouco mais perto dele, pois é a mesma aqui ou qualquer lugar do mundo, um pedacinho de casa, onde quer que ande.

Continuei meu caminho, olhando a paisagem, era uma cidade simpática, não fazia ideia de que horas eram, mas todos pareciam estar dormindo, seja cedo ou tarde, tudo estava calmo e silencioso.

Meu pé estava latejando, o cansaço pesava meu corpo, mas eu iria chegar no motel, era necessário principalmente porque não poderia ficar dando bobeira por aqui, ainda mais que haviam homens da máfia, precisava sair de perto do radar deles, evitar qualquer possível reconhecimento.

O que mais me dói é ter deixado Dim para trás, sem contar a ele meu plano, com certeza ele vai ficar extremamente preocupado, mas não poderia o colocar em situação complicada com a máfia, se ele soubesse, iria querer tirar a ideia da minha cabeça, ou então ajudar, e isso colocaria ele em perigo, jamais me perdoaria se algo acontecesse a ele por culpa minha.

Não sei quanto tempo estava caminhando, mas já fazia um bom tempo, seguindo o mapa já estava chegando, meu pé estava inchado, mas já estava amortecendo a dor por conta do exercício, meu corpo estava muito quente.

Mais uma esquina e lá estava o motel, pela fachada parecia algo suficiente para passar a noite.

Adentro a secretaria, olho ao redor tudo estava limpo, simples, mas organizado, nunca se deve julgar o livro pela capa realmente.

Sigo até o balcão e peço um quarto para estadia de três dias, escolho um nome aleatório para não usar o meu real, um rapaz muito bonito, de profundos olhos escuros e cabelos negros, de idade próxima a minha atende meu pedido, muito simpático e educado, pago adiantado, e ele segue comigo até meu quarto, deixando instruções de como funcionam as coisas ali, agradeço o mesmo e o vejo ir embora, um corpo atlético, da cor do pecado, latinos realmente são um pedaço de mau caminho.

Céus Luna, isso é hora de pensar nessas coisas por acaso?!

Balanço minha cabeça para tirar os pensamentos pecaminosos da minha mente, o quarto era simples, uma cama de casal, cobertores, um pequeno armário, um frigobar, uma escrivaninha com uma pequena televisão, e um banheiro simples.

Retiro as coisas da minha mochila e coloco no armário, para facilitar minha estadia ali, coloco as comidas e bebidas que haviam sobrado no frigobar, ajeito o restante das coisas na escrivaninha, os medicamentos em fácil acesso, e sigo para o banheiro para tomar um belo banho, para por fim dormir.

Um banho rápido, e joguei meu corpo ainda um pouco molhado na cama e apaguei.

Amanhã será um novo dia, de uma nova jornada, mais um recomeço, como as fases da lua.

LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora