Capítulo 48

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As coisas continuavam seguindo como estava sendo a minha vida até agora, completamente sem sentido, a primeira vez que vejo minha cunhada, ela inicialmente parece alguém leve e segundos depois me trata estupidamente, ao mesmo tempo pede desculpas, outra pessoa surge, eu preciso de um manual e uma bússola.

- Chto zdes' delayet eta malen'kaya shtuchka?"O que esta coisinha está fazendo aqui?"

- Ona moya novaya gornichnaya."Ela é minha nova empregada."

- Eta slabaya veshch'?"Esta coisinha fraca?"

- Sobirayus' protestirovat', uvidel i poprosil privezti mne, vrode podkhodit k tomu, chto ya ishchu. "Vou testar, vi e pedi para trazer para mim, parece se encaixar no que procuro."

- Vy mogli by sprosit' menya, ya by vybral chto-nibud' poluchshe. Você poderia me perguntar, eu escolheria algo melhor.

- Obeshchayu, yesli ona ne podoydet, ya sproshu u tebya, papochka. "Eu prometo, se ela não se encaixar, eu te pergunto, papai."

- Ladno, dorogaya, ya idu v "ofis". "Certo, querida, estou indo para o "escritório"."

- Khoroshaya rabota papa. "Bom trabalho pai."

Continuei totalmente estática no lugar, aquela conversa parecia surreal, eu era uma expectadora, de um bate-papo bizarro, não compreendia nada daquela conversa, uma língua totalmente estranha, mas pelo tom podia perceber que era sobre mim, e não era nada bom, eu estava me sentindo tão humilhada, que não sabia como agir de tão chocada.

Passos pesados saem do local, estava novamente sozinha com minha cunhada, eu estava me sentindo extremamente mal, queria ir para casa, voltar para as pessoas que eu gosto e que gostam de mim, para o lugar que sou bem-vinda, mesmo que isso significasse risco, eu podia ficar totalmente escondida no quarto de Death, fingir que não estava nem viva, ninguém ia perceber, sempre consegui passar despercebida em tudo mesmo.

- Por favor, me perdoa, eu sei que foi uma péssima primeira impressão, esse primeiro contato não foi nada do que eu planejei e saiu totalmente fora do esperado, mas eu juro que não sou nem um pingo dessa forma, só estava agindo assim por causa do meu pai, sabe ele é o chefão da máfia e preciso passar respeito, seja por ele, seja pela família, e quem vive dentro dela.

- Você pode dizer que não é nenhum pingo assim, mas ninguém conseguiria agir tão naturalmente, de forma tão má se não fosse um pouco daquela forma, e por eu ser irmã do teu namorado não acha que eu faço parte dessa merda também?

- Você está querendo dizer que eu sou má?

- Só estou falando o que vejo.

- Seu irmão disse que nos daríamos muito bem, que você seria de fácil convívio, mas pelo visto ele não te conhece tão bem.

- Ou você que finge muito bem quem é para ele.

- Ia oferecer café da manhã, mas está tudo ai, coma o que quiser, só para avisar, você será tratada como uma empregada minha, então terá uma rotina, eu não tenho como mudar isso, são regras superiores, mas nada que te coloque em perigo.

Não tive tempo de responder e a mesma saiu, ela realmente parecia incomodada com o que eu insinuei.

Mesmo com toda a merda que estava acontecendo, decidi que precisava comer, já que seria uma empregada, precisaria me manter em pé, não sei o que me espera daqui para frente, então preciso evitar maiores problemas.

Comi tudo o que meu estômago permitiu, e o que eu realmente achava possível, pelo menos coisas que eu conhecia e sabia que não teria problemas.

A vista era linda, mas era fria como todos nesse local.

- Preciso retirar as coisas, já terminou de se alimentar? A senhorita Mirka pediu para avisar que o início de seu treinamento irá começar em breve, e que as coisas que precisa para se arrumar estão em seu quarto, se permite conselhos, obedeça na mesma hora que alguém lhe der ordens, aqui dentro mesmo que você seja uma hóspede para a senhorita, você deve seguir as regras, seja de quem for.

Assim a moça que falou isso pega diversas coisas da mesa em sua bandeja e começa a retirar a mesa, não dando brecha para perguntas ou sequer comentários.

Começamos com o pé esquerdo, totalmente errado.

Saio da sala e vou em direção ao meu quarto, já compreendi que não adianta trancar a porta, pois eles possuem chaves também, logo privacidade não é garantida.

Entro e um perfume já conhecido me atinge, e uma voz já conhecida me recebe.

- Você fez tudo errado, não deveria ter tratado a senhorita assim, você não a conhece, e já perdeu qualquer consideração que ela poderia dar a você.

- O que está fazendo aqui?

- Vim te preparar para começar teu treinamento.

- Como assim?

- Ela ia lhe manter como uma secretária, porém com sua soberba e atitudes infantis, ela ordenou que fosse treinada para trabalhar de segurança;

- Você só pode estar brincando comigo.

- Eu sei que tem passado por mudanças drásticas e tempos sombrios, mas julgar sem conhecer foi seu pior erro.

- Eu estou errada então? Todo mundo faz acordos, decidem minha vida sem pedir o que eu quero, atravesso a porra de um oceano porque eles quiseram, chego em um lugar que não conheço, com pessoas que não conheço, falando uma língua que eu nem entendo, do nada por motivo nenhum me tratam como um lixo, e agora eu estou sendo castigada então?

- Não, está apenas sendo tratada como seria tratada qualquer outra pessoa que entra aqui para trabalhar, seria tratada diferente apenas em consideração ao seu irmão, que é muito querido por todos, e a senhorita Mirka ama demais ele, mas você não tem nada a ver com ele e perdeu a oportunidade.

- Vocês nem me conhecem para saber se tenho algo a ver ou não com ele, e sinceramente achei que você era meu amigo.

- E eu achei que você era diferente.

Jogou uma bolsa em cima da cama.

- Mesmo assim vou te dar uma chance de mudar minha opinião e voltar a sermos amigos, tem cinco minutos para estar pronta no corredor.

- Para onde vai me levar?

- Aqui você não questiona, apenas obedece.

Com toda a sua frieza e passos firmes ele saiu do quarto. Consegui fazer uma grande bola de neve, primeira impressão péssima no lance com a minha "querida" cunhada, perdi o único amigo que achava que tinha feito aqui, e agora preciso correr atrás do prejuízo que nem fui eu que realmente fiz.

Pego as peças de roupas que estavam na bolsa, um conjunto de treino todo preto, modelo de térmico de inverno, isso está sendo algo nitidamente perturbador, troco minhas roupas, o mais breve possível e saio para o corredor.

- Quase atrasada, vamos, me acompanhe.

Sigo o trajeto pelo corredor até uma porta, saímos da casa, o frio terrível me bate.

- Espero que não tenha problemas respiratórios, seu treino inicial começará com alongamentos para aquecer e uma corrida que será delimitada conforme a minha vontade.

- O que?

- Começar com alongamento de panturrilha, será muito importante para a corrida.

- Por que está ignorando minhas perguntas?

- Já falei que aqui você não faz questionamentos, apenas obedece.

Vira as costas e começa a se alongar, começo a copiar seus movimentos, o frio está completamente absurdo, não sinto meus pés, nem minhas mãos, meu nariz está congelado.

Esse aquecimento não está aquecendo nada do meu corpo.

- Se achar que está entrando em uma possível hipotermia avise, o contrário permaneça em silêncio.

Assim sai correndo sem um breve anúncio.

LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora