Capítulo 43

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- Vire-se devagar, não mato homem pelas costas.

- Que cara honrado que você é.

Viro o mais calmo possível, talvez seja o medo de ser morto, talvez seja a necessidade de saborear meus últimos momentos de vida, talvez seja o cansaço, eu não sei, mas tudo estava andando em câmera lenta, lembranças passavam em minha mente, momentos felizes, tudo andava em em velocidade mínima.

Vagarosamente virei meu corpo, inclusive o corpo de quem me enfrentava caia lentamente sobre mim, com um buraco na cabeça, eu não sei de onde veio a bala, eu não sei quem atirou, mas estava grato e devendo minha vida pelo resto dos tempos.

- Eu cubro as suas costas e você as minhas, com sempre fizemos.

- Agradeço pelo bom trabalho.

- Mas agora a merda estourou no ventilador, logo estaremos cercados desses merdas, ouvi um deles já comunicando que havia invasores, então é questão de minutos para isso aqui ficar uma loucura.

- Teremos que agilizar essa merda então, comande o ataque contra os que estão nas barracas, atirem se for preciso, vou chamar a van e meter aqui dentro para facilitar, ela é a prova de balas não deixará nenhuma das garotas em perigo, o plano está saindo do controle, mas ainda podemos ganhar essa batalha.

- Tenho uma sensação ruim, de que isso aqui na verdade é um plano para nos distrair ou algo do tipo, eu não sei dizer. 

- Eu também, mas mantenha a mente focada em deter esses merdas enquanto esvaziamos os contêineres, irei avisar a polícia, quero evitar que sejamos vistos como quem as raptou, todo cuidado é pouco, e não iria ficar surpreso que eles planejassem nos denunciar com uma van cheia de garotas desaparecidas e nós virarmos os vilões.

- Pensou em tudo, é por isso que você mereceu ser o Prez.

- Vá, não temos tempo para adulação.

Volto para onde estava, envio informações e aviso o que estávamos fazendo para o xerife, todo cuidado é pouco. Corro até a van e os carros e para invadirem para facilitar o resgate das garotas, barulhos de gritos, tiros e sons de lutas já eram audíveis a essa altura.

Envio o novo plano para a Mirka, que responde apenas com um ok, precisamos agir agora com a maior rapidez possível, as coisas ainda estavam controladas, mas estavam começando a sair do controle e logo não seria mais possível manter a calma porque as coisas iriam ficar uma puta loucura.

Isso aqui foi tudo armado, ocorreu como o antigo Prez falou, mas alguma coisa não estava certa, as coisas não estavam se encaixando, as garotas desacordadas, seguranças desatentos, tudo muito fácil, muito na cara.

Meu celular começa a tocar, é da delegacia.

- Sim.

- Acabaram de nos ligar com uma suposta denúncia, sobre o que vocês estariam fazendo, mas já havia avisado a todos, viaturas e homens a paisana estarão indo até vocês para registrar tudo, por favor nos traga fotos ou filmagens para comprovar a ação de vocês para que sejam arquivados como prova de que vocês estavam auxiliando a justiça, porque com a denúncia precisamos fazer algum registro, espero que as coisas estejam bem por ai e nos mantenham informados sobre as garotas.

- Obrigado por nos avisar, pode deixar que irei juntar as provas, a princípio as garotas estão desacordadas, pode ser que estejam drogadas, ou apenas sob efeito de calmantes, daqui serão levadas direto para o Doctor, mas pode ficar tranquilo, iremos os manter informados.

- Depois do ataque ao clube, estou começando a acreditar que vocês estão com um alvo nas costas, então tomem cuidado, da mesma forma que armaram para denunciar e colocar vocês com o rabo preso, podem estar armando algo muito maior.

- Também estou acreditando nisso, mas agora focaremos nas garotas.

 - Espera fazerem mais alguma coisa?

- Com certeza, quero ir até a raiz desse esquema, as garotas da cidade, da região, do país, do mundo quem sabe, merecem se sentir seguras, e é para isso que temos o clube, manter a cidade e seus habitantes em segurança, e se possível estender essa proteção até onde possamos ir.

- Contem com os esforços policiais para isso, estaremos auxiliando no que pudermos ajudar.

- Peço que mantenham discrição, seus homens chegaram.

- Certo.

Assim encerro a chamada fazendo sinal para os policiais me acompanharem.

Os carros e a van do clube estavam fazendo um muro protegendo o pessoal do resgate, Mirka dava ordens e ajudava a carregar as garotas, os caras seguiam o que ela ordenava como uma verdadeira líder, os policiais registravam tudo, da mesma forma comecei a fotografar e filmar tudo que estava ocorrendo.

Eu já estava acostumado com tudo, mas estando na forma ativa, olhando de fora, estando como espectador era uma cena de guerra, homens lutando, sangrando, tiros para todos os lados, gritos de dor, de outro lado homens carregando corpos desacordados, uma cena de filme de uma batalha sangrenta de uma luta por liberdade, pensando bem guerras são lutas por liberdade, uma forma distorcida para conquistar a liberdade, mas mesmo assim um meio de conseguir o que deseja.

Mirka vem até mim, seu rosto estava levemente branco, não sabia se era por estar a luz da lua, mas estava pálida, antes de chegar até mim ela caiu. Corro até o pequeno corpo da mulher do meu amigo, e vejo que ela estava sangrando.

- Levei uma facada, o último contêiner está cheio de homens deles, não são garotas, os caras estão tentando manter a porta fechada, é uma armadilha, eles estavam esperando a gente.

Eu estava tentando conter o sangramento, procurava desesperadamente Skill entre os caras lutando.

- Vamos lá ruiva, respira, vai dar tudo certo, mas agora é hora de você ir embora, já fez teu trabalho ajudou demais, esta na hora de ir cuidar desse ferimento e descansar, a gente segue daqui, vocês já salvaram as garotas.

- Não Death, tem uma com eles no contêiner.

- Fica calma, eu assumo daqui.

Procuro novamente por Skill, o vejo, o mesmo me enxerga e olha para baixo, não precisava dizer nada, ele simplesmente sai correndo até nós, desviando e se protegendo dos demais que estavam em batalha, não precisávamos falar nada, ele apenas abaixou pegou sua mulher no colo e correu para um dos carros.

Era hora de um plano B para a fuga.

Faço sinal para que os caras do resgate conseguissem trancar, mesmo que fosse temporariamente, a porta que estavam segurando, e que partissem, os demais fiz sinal que era hora de encerrar e fugir.

Não sei quantos segundos se passaram entre eu fazer o sinal e uma luz cegante, seguida de um estrondo tomar conta do lugar, tudo ficou em câmera lenta, eu não via mais nada e muito menos escutava, tudo estava distante e tomada pela luz.

A porra de uma puta explosão logo atrás de mim, fui arremessado contra uma árvore, e lá estava eu todo arrebentado novamente, é incrível a capacidade que eu tenho de ser alvo das piores coisas nos ataques, sempre eu que fico com costelas quebradas, levo tiros perigosos, cortes preocupantes, estou prevendo ficar internado de novo, isso vai acabar me matando.

Tomo uma respiração profunda, olho ao redor, os carros e a van já haviam ido embora, pelo menos as garotas estão seguras, a poeira não deixava que eu conseguisse visualizar o restante, eu não conseguia escutar nada, outro clarão e eu sabia que havia havido mais uma explosão, sim eles usaram as garotas para nos atrair para cá e nos destruir, foi tudo um plano, uma armadilha.

Começo a tossir com a poeira que estava me cercando, a dor dilacerante pelo meu corpo estava sendo insuportável, estava prestes a ficar inconsciente, vejo um vulto, sinto que estavam me puxando para algum lugar, uma voz distante, muito distante falou algo como que não era para mim estar aqui, não compreendi, mas agora já não importava mais, acredito que tenha chegado minha hora.

A escuridão toma meu corpo, acho que agora é um adeus.

LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora