Capítulo 2

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Tomei incontáveis respirações profundas, abri a janela e deixei o vento bater em meu rosto, a sensação de liberdade se aflorou em meu peito, o silêncio da noite quebrado apenas pelos roncos dos motores das motos, e o leve deslizar dos pneus do carro, isso era tudo o que eu procurava e não sabia.

Andamos por um tempo, cortando as ruas da cidade, indo em direção a estrada estadual, a cada minuto meu pânico se misturava com a adrenalina, nunca havia ido tão longe, não tinha o porquê de sair da cidade, pegamos a estadual e andamos mais um pouco até entrar em uma estrada de terra, as árvores nativas formavam um túnel, o cheiro de mato, o barulho dos pneus na terra e pedras, tudo era assustador e incrível ao mesmo tempo, o barulho das motos cessaram, olhei para frente e estava lá, um enorme muro de concreto com um portão negro, com uma enorme caveira imponente talhada no aço.

Com a ordem do motoqueiro que estava a frente, e o breve aceno de um guarda em uma guarita, muito bem disfarçada diga-se de passagem, deu-se um clique e o enorme portão começou a mover, dando espaço para a entrada das motos e do carro.

O carro parou e logo desci dando de cara com a visão de um enorme prédio, mais como um galpão enorme, com muitas janelas, muitas delas com luzes acesas, um rock clássico tocava em volume alto, parece estar acontecendo uma festa, centenas de motos espalhadas, poucos carros alinhados, estacionados perfeitamente em uma garagem aberta em uma das laterais, gramado muito bem cuidado, com uma área que poderia acomodar muito bem um batalhão inteiro, uma oficina com algumas motos, aparentemente para serem consertadas ou algo do tipo.

- Pessoal, corram! Ajudem! Death desmaiou!

Um dos motoqueiros gritou para os outros, eu estava tão maravilhada com o que estava vivendo nestes poucos minutos que até esqueci do que estava acontecendo, corri até o lado que estavam com a porta aberta com o homem ferido, a luz do luar ele ficava ainda mais lindo do que antes.

- Cadela, saia da frente, precisamos levar ele para dentro, Demon venha, me ajude aqui!

- Cara se ele souber que você tratou ela assim, ele vai arrancar seus dentes.

Eles conversavam como se eu não estivesse ali ao lado deles, e cadela é o nariz dele, só não vou discutir agora, porque estou preocupada demais com o homem ferido a minha frente, eles o pegaram um de cada lado e o arrastaram para dentro do galpão, eu os segui igual um cachorrinho assustado seguindo seu dono.

As grandes portas do galpão se abriram, dando visão par a parte interior, logo de cara dava para um salão de festas gigante, com bar muito bem abastecido, mesas de sinuca, homens, muitos homens e suas jaquetas de couro, visivelmente alterados pela bebida, e mulheres, extremamente lindas, mas praticamente nuas, cenas de sexo explicito para qualquer um visualizar ao vivo, assustador, muito assustador.

- Menina, por favor venha conosco, Death não vai gostar nada de saber que você está em uma festa do clube sozinha, ainda mais com ele desacordado.

Falou o cara que me defendeu na parte de fora, quando o outro brutamontes chamou-me de cadela, meu sangue ferve só de recordar.

- A propósito, sou Skill, um dia você saberá o porquê desse apelido, na verdade você saberá o sentido de tudo isso, depois que o Death acordar, ele irá te explicar tudo com certeza, se quiser de um amigo por favor me procure, esses caras são uns merdas, e não se misture com as bundas doces, aquelas mulheres que você viu na festa, bom elas são as "cadelas", elas estão aqui para servir aos irmãos, para qualquer serviço, principalmente sexo, acho que já percebeu isso não é?!

Falou divagando enquanto levava-me pelos corredores do labirinto que era o galpão, eram informações demais para uma só madrugada.

- Depois te levo conhecer melhor o complexo, mas basicamente todos moram aqui, deu para perceber que o lugar é enorme, mas tem muitos que tem suas casas próprias, outros são nômades que estão por aqui só de passagem, mas com o tempo você se acostuma com toda essa movimentação. Agora silêncio, Doctor fica um pouco puto quando entram no consultório dele fazendo barulho.

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