Capítulo 61

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Eu não percebi o tempo passando, eu estava atônita com o que escutei, ninguém além do meu irmão sabia onde eu estava, então Death poderia estar a minha procura esse tempo todo, poderia estar movimentando o inferno para me encontrar, e meu irmão deixou isso acontecer, deixou ele sofrer por tudo isso.

Após o treino fui para meu quarto, sem paradas para conversa, eu estava furiosa e ansiosa ao mesmo tempo, qualquer palavra gatilho e eu iria desabar, entrei direto para o banho, coloquei um conjunto de moletom confortável, segui para o jantar, depois fui até a cozinha, preparei sanduíches, peguei frutas, as bebidas iria pegar tudo o que tinha em meu frigobar no quarto, mas peguei uma garrafa de 02 litros de água que estava na geladeira, a desculpa para quem trabalha na cozinha era que eu iria acampar, e precisava estar abastecida, ninguém estranhou, era comum soldados fazerem isso, eu mesma já havia feito algumas vezes treinamento noturno.

Voltei para meu quarto carregada, consegui desviar de todos, antes que Dimitri aparecesse repentinamente, peguei minha mochila de treinamento que era a única coisa que eu tinha ali que poderia carregar, coloquei tudo o que tinha pego dentro, peguei tudo o que tinha no frigobar e mais todas as comidas que eu mantinha no meu quarto, como bolachas e outras coisas, coloquei um pouco em uma bolsa que carregaria na mão, o restante na mochila nas costas.

Peguei as poucas roupas que eu tinha ali, coloquei tudo o que servia na mochila, deixei um casaco para amarrar na cintura e uma blusa na bolsa, ainda assim precisava de dinheiro e meus documentos, eu sabia que isso ficava na sala da Mirka, podíamos pedir à ela a qualquer momento, mas eu não teria como justificar a minha necessidade de ter meus documentos.

Coloquei meu tênis mais confortável, minhas coisas de higiene que estava no banheiro, quando chegar na América isso vai ser muito necessário.

Escondi as coisas no roupeiro, tirei o tênis por enquanto e deitei na cama, liguei a TV e fiquei ali, mergulhada em pensamentos.

Eu estava muito ansiosa, estava preocupada com tudo o que estava por vir, se realmente iria dar certo meu plano, mas a possibilidade de voltar para casa, rever quem eu amo era tão grande, que preenchia meu coração, apesar de estar magoada com meu irmão, eu estava sentindo falta dele e de Death.

Próxima das 11h p/m, sai do quarto, andei silenciosamente até a área dos escritórios, passei algumas vezes por aqui, mas nunca entrei em nenhuma delas, sabia apenas qual era da Mirka, por ter visto ela várias vezes à porta falando com várias pessoas.

Me certifiquei que não havia ninguém por ali, normalmente eles deixam todas as portas trancadas e as entradas da mansão sempre bem protegidas por guardas e aparelhos de segurança.

Havia aprendido um truque de abrir portas com um grampo de cabelo, hora de fazer valer esse aprendizado.

Entrei sorrateiramente pela sala, tudo estava perfeitamente em ordem, milimetricamente organizado, móveis em madeira rústica, um armário aberto que cobria toda uma parede, cheia de livros, um grande armário com várias portas e prateleiras ao fundo, um enorme tapete ao centro da sala com poltronas postas como para uma reunião, um grande janelão, com cortinas escuras, objetos de decoração em vários pontos, e por fim a grande mesa de madeira, e uma cadeira executiva, sem câmeras, e isso era incrível.

Andei até a cadeira e sentei-me, era com certeza a coisa mais confortável que já pus minha querida bunda na vida, bom seu eu fosse a executiva de uma empresa, onde eu guardaria documentos e dinheiro?

Em um cofre, porém aqui não há isso visivelmente.

Levanto e vasculho tudo cuidadosamente para deixar tudo em ordem como eu encontrei, para não levantar suspeitas, não encontrei nada atrás de quadros nem fundos falsos nos armários.

Faltava apenas a mesa.

Abri todas as gavetas, olhei papel por papel não achei nenhum documento e não encontrei nem uma maldita moeda, nem fundos falsos.

Estava desistindo quando sem querer bati meu joelho na parte de baixo da tampa da mesa, um som diferente de quando se bate em madeira maciça, abaixei no chão e observei que havia um relevo na madeira, poderia passar despercebido, mas para quem já estava procurando por algo, havia encontrado.

Busquei por algo que engatilhasse a abertura do fundo falso, até que encontrei uma pequena abertura, onde puxei e saiu um pequeno cadeado, usei o grampo novamente para abri-lo, esse foi mais difícil, mas consegui, e ali estava documentos e uma pequena quantia em dólares e outros maços de moedas diferente de diversos países, espero que isso seja o suficiente para a minha viagem.

Peguei meu passaporte, o dinheiro, coloquei o restante conforme estava e tranquei novamente.

Estava quase abrindo a porta quando escutei vozes, esperei até não escutar mais nada, abri uma pequena fresta para olhar para fora, nada, ótimo, hora de sair e trancar.

Fiz o mais rápido possível, andei pelos corredores até meu quarto, olho no relógio já era passado das 12:00h p/m, estava quase atrasada.

Coloquei meu tênis novamente, peguei o dinheiro e meu documento, coloquei na bolsa.

Desliguei a televisão e as luzes, como se já estivesse dormindo.

Fui até o janelão abri o mais silenciosamente que eu consegui, coloquei a mochila e a bolsa para fora da sacada.

Fechei o janelão e me despedi de tudo aquilo.

Coloquei a mochila nas costas e peguei a bolsa, segui pela última vez o caminho pelo jardim, fui até o local atrás do galpão dos contêineres, e esperei a sirene.

Pouco depois tocou, e era o meu momento.

Andei como um ninja no escuro, uma dança sensual e perigosa por entre caixas, esquivando de olhares de guardas, tudo pausado e rigidamente calculado, um passo em falso e tudo estaria perdido, mas ali estava o contêiner que eu almejava, entendia russo, mas não era fluente, entendi pouca coisa do que estava escrito, mas o que me interessava era a palavra América, e isso que importava.

Não estava trancado ainda, o que era bom, entrei, havia poucas caixas, mas vi carrinhos carregados para serem colocados dentro desse lugar, fui até o fundo, fiz um castelo de caixas onde fiquei escondida por elas, e novamente o barulho de movimentação do lado de fora já estava o normal, e como esperado carrinhos entravam e saíam e eu escutava cada vez mais caixas sendo depositadas ali, seria uma viagem bem longa e desconfortável, nada parecido com as cinco estrelas da aeronave que trouxe-me até aqui.

Fiquei horas e mais horas ali encaixotada com várias caixas, já sentia meu corpo dolorido, foi uma péssima ideia, mas agora não dava mais para voltar a trás, a porta foi trancada e algo começou fazer a mesma ficar suspensa no ar.

Estavam fazendo o embarque do envio no avião, bom agora era só esperar a decolagem e o pouso, o resto eu vejo o que faço quando chegar lá.

LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora