Capítulo 38

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Estava no escritório estudando caminhos para chegar até lá, rotas de fuga, estoque de armas e munição que o Sr. de Armas me passou conforme o levantamento que fez, avaliando como fazer o ataque de forma rápida, eficaz e segura, tanto para as garotas, como para os caras, não podemos ter baixas, homens de bom caráter e competentes não são fáceis de encontrar.

Escuto uma batida na porta e alguém adentra a sala, eu esperava sinceramente que não fosse Skill, e por sorte não era, mas não imaginava o que estava por vir.

- Prez?

- Sim Talk.

- Tenho uma notícia fresquinha, que uma das mulheres dos nômades me passou, ela tem uma irmã que está infiltrada no clube como bunda doce, na verdade ela está lá porque quer e de quebra passa algumas coisas que fica sabendo que seja interessante para nós.

- É importante para o clube?

- Acredito que sim.

- Então diga.

- O Prez dos Yonkers tem uma nova senhora, reivindicou hoje.

- E o que isso importa para nós?

- Veja você mesmo.

Ele me entrega o celular, o que eu vi fez meu sangue ferver, eu não sabia se eu sentia raiva, dor, ódio, só coração partido não podia ser, era uma sensação tão ruim que eu quase quebrei o celular de Talk, aquela foto, ele arrebentado pelo batismo, mas a abraçando como se fosse um grande troféu, o sorriso dos dois.

- Luna.

- Eu não sabia se era uma boa ideia te mostrar isso, e nem tinha bem certeza se era quem eu achava que fosse, mas achei que deveria saber.

- Fez bem Talk, obrigado, nunca deixe de mostrar algo por não saber se é importante ou não, sempre traga tudo o que receber, a não ser que seja realmente algo muito inútil mesmo, enfim tudo certo com os nômades? Já estão a caminho?

Falei já devolvendo o celular para ele, ainda tremia de raiva, mas deveria manter a cabeça no lugar, não é o momento para surtar.

- Sim, falei com todos, a maioria já está na estrada vindo para cá com família completa.

- Certo, conforme eles forem chegando avise para os prospectos ou bundas doces, para que instalem eles nos quartos que mandei limpar, alguns mais perto já mantém quartos aqui, mas os mais distantes irão precisar.

- Beleza.

Fala saindo da sala, eu queria sair correndo, ir até a cede dos Yonkers, pegar ela de volta, perguntar o porquê de tudo isso, só queria entender, queria gritar, vomitar, estava com o estômago embrulhado, enojado.

Levanto da cadeira andando de um lado para o outro, frustrado, nervoso, olho pela janela, abro as cortinas, deixo o vento entrar espalhando as folhas, encosto minha testa na parede fria e fico respirando fundo até controlar as batidas do meu coração, é só ansiedade, nada mais que isso.

Levanto a cabeça jogando meu cabelo para trás, passando a mão pela barba, deixando as mãos na cintura, olhando para o teto, conto até dez, tudo bem, passou, ela fez a escolha dela, ela está feliz, claramente pode ser visto.

Foca no ataque de hoje, você é o Prez do clube, você recebeu o colete e deve honrar ele, não vai ser uma mulher qualquer que irá te tirar do teu destino, vidas de inocentes dependem de ti, e você não pode e não vai falhar, concentra depois de tudo resolvido, você pode surtar sozinho em seu quarto sem colocar a vida de ninguém em risco.

Outra batida na porta, ouço alguém entrar.

- Inferno, não consigo um tempo sozinho para elaborar o plano de hoje?!

- Parece que já descobriu o que aconteceu.

Viro dando de cara com a ruiva, seu semblante pensativo e cansado mostra que não está sendo fácil para ninguém.

- Desculpa, achei que era algum dos caras.

- Tudo bem, já sou acostumada com homens explosivos, minha família toda é assim.

Ela diz juntando as folhas espalhadas pela sala e sorri saudosamente quando fala de sua família.

- Sim, Talk me mostrou.

- Ele mostrou para todos depois que saiu daqui, acho que queria preparar a todos para seu possível mau humor.

- É bem a cara dele isso.

- Eu quero fazer parte.

- O que?

- Quero fazer parte.

- Não aceitamos mulheres no clube.

- Não, eu quero fazer parte do plano.

- Mirka, isso é loucura.

- Loucura é você não aceitar ajuda, ainda mais de alguém que faz parte de uma das máfias mais perigosas do mundo, ainda mais considerando que o plano envolve salvar garotas que foram sequestradas e presas em contêineres, acha mesmo que elas irão se sentir seguras no meio de um bando de homens mal encarados como vocês?

- Skill não vai deixar fazer isso.

- Ele não diz o que posso ou não fazer, eu tenho mais preparo, mais treinamento que todos vocês aqui juntos, sou mais capaz do que qualquer um dentro desse clube, e você sabe disso, e eu sei que não é machista como muitos outros, as notícias correm e e fiquei sabendo sobre sua defesa em nome da advogada.

Levantei as mãos como em rendição.

- Tudo bem senhorita, então deixe te mostrar o que pensei até agora.

- É disso que eu estou falando!

- Você é louca.

- Eu sei.

Eu não duvidava da capacidade dela, só não queria a ver em perigo e muito menos machucada, eu sei o quanto ela significa para Skill, e por mais que eu o queira queimando no inferno, não seria um pau no cu dessa forma, mas eu sabia que ela tinha total razão quando se trata das garotas, e todo o treinamento e preparo dela irá ser muito válido para o ataque.

Revisamos tudo o que já havia pensado, encontramos possíveis falhas e como resolver, Mirka pediu para sua equipe conseguir imagens e um mapa de visão geral e em 3D do local onde estão os contêineres, para analisarmos mais detalhadamente cada canto, cada ponto de fraqueza.

- Essa tua equipe foi uma grande mão na roda.

- Eu falei que sou muito necessária para esse plano.

- E convencida.

Ela revirou os olhos, abrindo o notebook e acessando sites que eu nem imaginava que existiam, deep web é uma caixa de surpresas, recebeu os arquivos, abrindo todos e mostrando tudo o que conseguiu levantar sobre o lugar, era um local mais vazio do que imaginava, e era visível que aquelas caixas de metal não se encaixavam nem um pouco com o restante da área.

- Pronto para o ataque?

- Garota, não faça perguntas que sabe a resposta.

- Não seja tão ranzinza.

- E você não seja tão enxerida, e por favor vá até seu excelentíssimo e diga a ele para reunir todos na sala que teremos uma nova missa.

- Sim senhor, não vai almoçar?

- Não estou com fome.

- Ok, mas depois precisa comer pelo menos alguma coisa, não vai conseguir fazer muita coisa estando além de cansado pela noite turbulenta, mas também fraco por não ter se alimentado.

Ela sai, sem esperar mais nenhuma palavra, depois penso sobre isso, agora é hora de começar a colocar o planejado em prática.

LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora