Luna

Capítulo 5

Dylan

Acordei desnorteado, olhei ao redor vendo tudo branco e sentindo um cheiro terrível de água sanitária e outros materiais de limpeza, estava no consultório do complexo, meu corpo inteiro estava dolorido, estou em uma maca e cheio de ataduras, e esse cheiro de álcool e desinfetantes estão me deixando com dor de cabeça, essa claridade, pelo amor de Deus desliguem as luzes, fechem as cortinas, e esse bipe irritante, essas agulhas em meus braços, por que infernos eu estou aqui?

Um flash de imagens da noite, o beco, a surra, as facadas, o tiro, Luna, Luna! Meu Deus onde ela esta?

- Luna?! Luna?!

A voz rouca quase não saia, a garganta seca tornava difícil sair as palavras, eu precisava sair dali, mas como me mover com todos esses aparelhos pendurados em mim? Que droga, não posso me mexer, um braço todo enfaixado e o outro cheio de agulhas, mas que grande merda, onde está todo mundo quando eu preciso, e o Doctor, não deveria estar aqui? É o trabalho dele estar no consultório porra! Tento engolir um pouco de saliva para tentar gritar.

- Luna?!! Luna?!!

- Continue gritando, talvez a garota te escute do outro lado do complexo, considerando as paredes a prova de som dos quartos, creio que terá que empenhar-se um pouco mais para ela escutar.

Falou Doctor entrando no meu campo de visão, ele estava com o roto sereno, mas com o olhar estava repreendendo-me, certamente por causa da minha falta de cuidado e agitação, mas eu precisava cuidar de Luna, ela acha que eu conheci ela naquele beco de forma aleatória, doce ilusão, eu conheço a desde sempre, espero uma vida toda para tê-la ao meu lado, sempre estive cuidando dela de longe, e essa mania insana dela de andar sozinha pelas madrugadas, sempre deixou-me em estado de alerta, uma péssima ideia, por sorte eu estava lá, se não quem seria levado para o beco não seria eu, e com toda a certeza ela não ira sair de lá livre, pelo menos não livre com vida.

- Doctor por favor, sem discursos morais, você sabe mais do que ninguém que eu precisava estar lá, eu faço isso todos os dias e noites desde que éramos crianças, eu entreguei a ela meu coração desde que éramos jovens, não podia deixar ela correndo riscos sozinha, você sabe muito bem a família de merda que ela teve, nunca teve ninguém por ela, e durante muito tempo eu fui o único porto seguro dela, depois até a mim ela perdeu, claro eu poderia ter sido louco o bastante e decidido trazer ela comigo para o clube, mas eu e Skill, conversamos e concordamos que o melhor era deixá-la de fora disso, mas meu coração estava lá, sempre esteve, e eu preciso cuidar do meu coração.

- Vá com calma garoto, ela nem sabe que você é o mesmo garoto a quem fez juras de amor anos atrás, talvez ela nem se lembre de você.

- Ela lembra sim, ela tem que lembrar, eu a amei todos esses anos, ela tem que ter mantido esse amor vivo nela também.

- Isso é muito romântico garoto, mas você tem que pensar que talvez ela não sinta mais o mesmo, talvez ela tenha te esquecido por nunca mais ter voltado, ela não é obrigada a te amar somente porque você manteve esse amor alimentando ele todos os dias, pois você a via, mas ela não via você.

- Eu entendo, mas manterei minhas esperanças, e se houver um fio de possibilidade dela ainda lembrar de mim, e ainda ter sentimentos por mim, eu lutarei por ela, e farei reacender aquele amor, você sabe o primeiro amor a gente nunca esquece.

- Você está sendo um maricas garoto, mas tudo bem, irei fingir que isso é por conta de estar sensível por causa dos machucados.

- Pare com isso Doctor, falar de sentimentos não nos deixa menos homem.

- Mas no nosso mundo, pode ser sinal de fraqueza, lembre-se disso garoto, ela pode ser sua força, mas seu maior ponto fraco também.

- Eu sei disso Doctor, e depois desse ataque, eles também sabem.

Doctor apenas assentiu e começou a examinar-me, trocou os curativos, explicou o que ocorreu, depois saiu deixando-me sozinho, eu deveria ficar de repouso, e isso é uma grande merda.

- Olá salvador das donzelas indefesas.

- Sara não começa, por favor.

- Ela veio aqui ontem de madrugada para te ver...

- Ela veio?  Mesmo?

- Sim, já descobriu que Skill é irmão dela, desmaiou, bateu a cabeça, mas está tudo certo com ela, já teve que aturar a Rith, inclusive você deve dar um jeito naquela vadia sem noção, ela diz que vai ser sua Old Lady.

- Você sabe como resumir as coisas de forma suave hein!

- Me poupe.

- Mas conte-me o que aconteceu, detalhadamente, como ela descobriu sobre Skill? Como ela teve que lidar com Rith? Onde ela está agora? Ela dormiu no meu quarto?

- Calma badboy, então...

Pela próxima meia hora, Sara contou detalhadamente todos os ocorridos da madrugada, respondendo pacientemente todas as perguntas, pacientemente modo de dizer, que essa mulher de paciência não tem nada, totalmente o oposto de Doctor, acho que é por isso que eles se amam tanto, um completa o outro, em quanto ela é o furacão, ele é a calmaria, e isso equilibra a relação e faz dar certo, posso parecer o maior dos maricas, mas eu peço aos céus para que essa benção caia sobre mim também, todos merecem seu "final feliz".

- Vá chamar ela Sara, quero vê-la!

- Calma ai, ela nem acordou ainda, Skill disse que ela estava igual uma pedra, que depois de ter fugido para te ver ela caiu em um sono mega profundo, e sinceramente ela estava precisando desse descanso, as emoções do dia anterior deve tê-la deixado exausta não só fisicamente, mas principalmente psicologicamente, é muita coisa para ela digerir em tão mísero tempo que ela teve, afinal foram apenas algumas horas, e a vida dela mudou drasticamente, tudo virou de cabeça para baixo, então por favor, deixe-a se acostumar um pouco com essa nova rotina, essa nova vida que ela vai começar a viver, pois ela está começando do zero, antes de jogar mais essa bomba de amor eterno que você tem ai dentro.

- Você consegue ser uma grande pau na bunda quando quer, mas tenho que concordar que tem toda a razão, vou tentar me conter, até ela estar confortável em estar aqui, porém já aviso, agora que a tenho aqui, ela nunca mais irá embora.

- Como quiser.

Disse revirando os olhos.