Capítulo 33

742 81 0
                                    

Entro no carro sentando no banco, não falo nada por um momento, mas eu queria quebrar o gelo, ela estava ali fazendo seu trabalho, salvando a minha pele e o grupo, e foi mal tratada por um cada idiota.

- Então, obrigado por me tirar dessa enrascada.

- Não precisa agradecer, só estava fazendo meu trabalho.

- Megan?!

- Sim.

- Você é incrível, nunca esqueça disso, não deixe ninguém te fazer pensar que não é, você é mais forte do que tudo o que tenta te atingir, o Clube tem muito orgulho de você, e respeitamos você pelo seu trabalho e não apenas por ser filha de quem é, nunca, jamais duvide que não é suficiente, ok?

- Ok, obrigada.

Eu sabia que ela não estava demonstrando, mas ela estava sentindo, mulheres são muito sentimentais, sensitivas, elas sabem quando estão tentando as diminuir, mesmo Megan sendo essa pessoa de armadura impenetrável, no fundo ela sente.

- Por favor, passe pela boate preciso pegar minha moto.

- E você está em condições de dirigir?

- Com absoluta certeza não sei, mas acredito que sim.

- Isso além de não ser correto, é perigoso.

- Tenha certeza que tudo dará certo.

- Isso eu não duvido, porém sabe que é contra a lei, e é por segurança da sua vida e a vida dos outros.

- Megan, eu sei de tudo isso, e sei também que não irei andar mais que a velocidade permitida e juro que estarei logo atrás de ti e vou ir comer onde desejar.

- Não vou conseguir te convencer do contrário.

- Com toda a certeza não vai.

- Ok.

O resto do caminho seguiu em silêncio, paramos em frente ao clube, desci do carro indo em direção a minha moto, ela manteve o motor ligado, assim que montei na moto ela iniciou o caminho, a segui até uma lanchonete mais próxima, o caminho foi calmo, fiz exatamente o que falei, nada de acelerar, nem colocar ninguém em risco, ainda assim sei que estou completamente errado, mas minha moto já faz parte de mim, me sinto muito melhor estando em cima dela, me sinto mais seguro, apesar de ser um meio de locomoção perigosa, pois não há praticamente nenhuma proteção, me sinto muito mais vivo estando sobre ela.

A lanchonete estava vazia, afinal ainda era cedo demais para as pessoas normais estarem frequentando, sentamos em uma das mesas ao fundo, uma garçonete atrapalhada vem até nós, a pobre garota consegue derrubar os cardápios, tropeça nas demais mesas até chegar a nossa, eu queria rir, mas a chefe dela não estava com uma boa cara, levanto indo até a moça para ajudar a recolher os cardápios espalhados pelo chão.

- Me perdoe, é meu primeiro dia aqui, por favor não reclame de mim, eu vou melhorar prometo.

Ela falava rápido demais, seu nervosismo era exalado pelos poros.

- Não se preocupe, não iremos reclamar, fica tranquila, agora venha nos atender por favor, estou faminto.

Megan continuava em silêncio, pensativa, não iria a incomodar, se ela está assim é por vontade própria, e como sei que a culpa não é minha não irei insistir em a fazer falar, pois não vou chegar a lugar nenhum, volto a sentar em meu lugar na mesa em frente a ela.

A garçonete estava ainda trêmula, respirava fundo, era engraçado o jeito dela, mas eu sei o quanto pode ser assustador o primeiro dia no trabalho.

- Olá, o que o casal irá pedir?

- Não somos um casal, sou apenas a advogada dele, e eu irei querer panquecas e um café.

Com essa cortada a pobre garçonete ficou totalmente vermelha, ela parou de respirar, estava ficando roxa, eu não sei exatamente o que estava ocorrendo, mas eu estou ficando com medo pela saúde psicológica dessa moça.

- Por favor, respire, você está ficando roxa, Megan não quis ser grosseira, ela é apenas uma mulher bem séria, fica tranquila, ninguém está brigando com você,  não estamos bravos, e você não irá perder o emprego, respira fundo, vamos lá, me acompanhe na respiração.

Comecei a fazer sinais com a mão a indicando como respirar profundamente, a cor normal começou a voltar para seu rosto, as lágrimas que haviam enchido seus olhos secaram, ela deve sofrer de transtorno de ansiedade, isso é horrível quando as pessoas não sabem o que está acontecendo e julgam ao invés de ajudar.

- Isso, muito bem, então relembrando, não somos um casal, ela trabalha para a minha empresa como advogada, tivemos alguns problemas essa madrugada em um dos nossos estabelecimentos, por isso ela ficou um pouco estressada, ela irá querer então panquecas e café e eu irei querer hambúrguer, fritas e refrigerante grande, por favor.

- Certo, irei providenciar, com licença.

Assim ela saiu um pouco menos nervosa, mas ainda podia perceber o medo dela de fazer algo errado a qualquer momento.

- Não deveria ter sido tão amarga com a garota, ela não tem culpa de nada, apenas está trabalhando.

- Não fui amarga, fui normal.

- Você não é assim.

- Você não me conhece.

- Ok.

Podemos perceber que ela realmente não está a fim de interagir, todo o tempo que estamos aqui, Megan ficou olhando pela janela, tempos depois a jovem garçonete traz nossos pedidos, veio tão concentrada na bandeja que era possível que ela estivesse equilibrando tudo com a própria mente.

- Aqui está seus pedidos.

- Por favor, embrulhe para viagem, perdi a vontade de comer agora.

- Tudo bem.

Então Megan irá me deixar comer sozinho.

- Por que está fazendo isso?

- Um dia irei te explicar, mas agora preciso mesmo ir.

Ela levantou apressada pegando o pacote da mão da garota ainda no meio do caminho, deixou dinheiro sobre a mesa dizendo que o troco era todo da garçonete, consegui ouvir ela pedir desculpa para a moça e ainda sair continuando olhando na direção que ela estava olhando ainda quando estava sentada na mesa.

Tentei ver alguma coisa, mas não enxerguei nada.

Comecei a comer, já que estava aqui, o cheiro da comida estava abrindo um buraco negro no meu estômago, estava olhando para a mesa aleatoriamente enquanto mastigava, quando peguei um dos guardanapos o mesmo trazia algo escrito.

"Prez,

Tem pessoas nos vigiando, vi um dos guarda-costas do meu pai fazendo sinal do outro lado da rua, haja naturalmente, mas não vá até o clube até que a cidade acorde, quanto maior o movimento melhor, ninguém irá atacar em meio a população. Me desculpe, mas por segurança tive que agir como se estivesse brigada contigo, mostrando que não sou importante para você.

Tome cuidado.

M."

Explicado o mal humor e o motivo de ficar observando o outro lado da rua, mas agora ativou um modo de alerta, quem está me vigiando? E por que?

LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora