Capítulo 60

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Foi uma noite divertida, vários filmes aleatórios de comédia romântica, drama e suspense, uma noite de festa do pijama, como uma adolescente que eu não fui, mas Dim me proporcionou isso, um momento que sempre quis realizar, mas nunca havia tido oportunidade.

Logo cedo ele levantou e foi para seu quarto, como todos os dias nos arrumávamos, íamos tomar café e seguíamos para os treinos, mas hoje eu iria fazer diferente, eu não havia encerrado minha missão da noite anterior, precisava fazer o reconhecimento de som e verificar a hora exata, para isso, corri até a sala de café, preparei uma xícara, coloquei em um prato tudo o que eu iria comer e voltei para meu quarto, não podia ficar perdendo mais tempo, foi ótimo passar um tempo normal com um amigo, mas tenho uma missão mais importante para o momento e cada segundo era importante.

No quarto coloco as coisas na mesa no canto, pego meus papéis de anotação e os materiais de estudos de treinamento da máfia.

Amanhã será o dia do envio da carga, então tudo precisa estar dentro dos conformes, mas eu não sabia exatamente o horário de envio das cargas, então preciso cuidar o decolar de aeronaves hoje, para ter uma ideia do que precisaria levar junto, afinal vou precisar de comida e água, pelo menos para uns dois dias, pois não sei quanto tempo irei ficar dentro do contêiner, isso tem tudo para dar muito errado, mas é o único jeito para o momento.

Enquanto estava concentrada procurando o som exato da sirene um som de avião chama minha atenção, olho pelo janelão e lá estava, tomando conta dos céus o meu objeto de desejo para uma fuga perfeita.

Corro e olho as horas, 08h a/m, ótimo, perfeito, amo tanto essa coisa deles serem pontuais, espero que seja no mesmo horário amanhã, se eu tivesse planejado isso com mais antecedência poderia ter prestado mais atenção a essa parte de cargas e envios, mas vou ter que arriscar.

Volto a comer e a pesquisar o sons das sirenes, eles normalmente não tem horários comuns, como de meia em meia hora ou algo do gênero, ou horas inteiras, eram horários alternativos, e voilá 12:35 p/m.

Era esse o horário, a sirene se encaixa exatamente com o que tenho gravado na memória.

Uma batida na porta.

- Luna?

- Oi Dim.

- Posso entrar?

- Claro.

Guardo tudo o mais rápido possível, e finjo apenas estar tomando café olhando para o janelão.

- Não foi se alimentar com os demais, mas vejo que pelo menos está comendo.

- Sim, preferi comer no quarto hoje, a vista está tão linda, queria aproveitar até o horário do treinamento.

- Tem algo te incomodando, quer conversar?

- Não, está tudo bem.

- Quer que eu fale com a Mirka para te deixar falar com seu irmão pelo menos uma vez?

- Não precisa, eu vou ficar bem, é só aqueles dias típicos de súbita saudade incontrolável, mas vai passar, não se preocupe, está tudo bem.

- Você que sabe, se precisar da minha ajuda só me procurar.

- Com certeza, e obrigada pela noite, com toda a certeza ganhou um adesivo de estrelinha por ser o melhor melhor amigo de todo o mundo.

- Vou cobrar esse adesivo hein!?

- Mas você já é uma estrela iluminada, não precisa de um adesivo fictício.

Ele gargalhou, disse que me esperaria para o treino, vou sentir tanta falta desses momentos de descontração com ele, sei que fui uma idiota, uma mala sem alça, uma verdadeira pé no saco no início, poderia ter aproveitado muito mais a convivência com ele, mas nossas escolhas nos tornam quem somos, talvez eu não tivesse crescido tanto, não teria aprendido tanto, mas não me arrependo de nada do que vivi aqui, e cada momento foram ensinamentos que irei levar para a minha vida toda, como guerreira, como mulher, como amiga.

Termino meu café, recolho as coisas, tranco meu quarto e sigo até a cozinha para levar a louça para ser lavada.

Próxima a sala ouço vozes, isso era normal, mas o que aguçou minha curiosidade foi escutar meu nome.

- Mirka, ela só quer falar com o irmão, deixa ela ligar pra eles.

- Não, a gente já conversou sobre isso, eu e ele decidimos que seria melhor que ela não entrasse em contato com eles, esse era o plano.

- Mas a Luna está sofrendo.

- Todos estão, o irmão dela que recém iniciou uma vida em família com ela finalmente, está sofrendo, e o cara que ama ela, entrou em uma depressão enorme, começou a fazer um monte de merda, eu sei que todos estão sofrendo, mas sei também que se o motoqueiro lá souber onde ela está, ele vai vir para cá, e sei que o irmão dela também não iria aguentar apenas ouvi-la, e ia arrumar um jeito dela voltar, mas não é o melhor.

- Não é o melhor para quem?

- Para todos os envolvidos, ela é uma fraqueza deles, e eles precisam ser fortes, ela sempre seria alvo e sempre seria distração.

- Ou ela poderia ser a força que eles precisam, as coisas sempre tem dois lados.

- Não para mim.

- Você é herdeira da máfia, você funciona assim, você tem uma legião de soldados fazendo tudo por ti, fica fácil falar essas coisas, mas nem todos são como você.

Ouço passos e me apresso para ir até a cozinha e fingir que não aconteceu nada.

Então só meu irmão sabe onde estou, mas eles iam contar para o Death, meu irmão me garantiu que precisava que eu saísse de lá, mas que depois ele contaria, para que não ficasse preocupado comigo, mas então eu fiquei aqui sofrendo de graça, porque causei mais estrago na vida deles do que se tivesse ficado lá.

Engulo o choro, faço minha melhor cara de paisagem e sigo para os galpões de treinamento.

- Passei no seu quarto para te acompanhar até aqui, mas não estava.

- Devemos ter nos desencontrado então, eu fui até a cozinha levar minha louça e vim direto para cá.

- Deve ter sido isso mesmo.

Entramos e iniciamos nosso exaustivo dia de treinamento, o dia passou como um borrão, nada fazia sentido, e agora mais que nunca estava ansiosa para ir embora, eu preciso muito voltar para casa.

LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora