Família

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Sentou-se novamente na cama se sentindo tonta. Não conseguia conectar os pensamentos, estava completamente perdida. Apesar de todas as mentiras que haviam lhe contado, tinha certeza de que o que acabara de ouvir era verdade. Se levado em conta em relação aos últimos
Experimentos, fazia muito sentido. Ela, e provavelmente os outros Clareanos, bem como todos do Grupo B, eram Imunes ao Fulgor. Por isso haviam sido escolhidos para os Experimentos. Tudo o que acontecia a eles – todas as peças que haviam lhes pregado, as mentiras, os monstros colocados no caminho – tinha sido parte de um plano bem elaborado. E, de algum modo, aquilo conduzia o CRUEL a uma cura.

Mas ela ter o sangue totalmente limpo era algo impressionante. Uma memória apareceu para Lea. O sonho que tivera ainda na Clareira. Uma mulher falando que ela tinha algo que nenhum outro tinha.

— Posso ver que acredita em mim — disse o Homem-Rato por fim, rompendo o longo silêncio. — Quando descobrimos que havia pessoas Imunes, com o vírus enraizado dentro delas, mas sem exibir os sintomas, procuramos os melhores e os mais brilhantes desse grupo. Foi assim que o CRUEL nasceu. É claro que alguns do seu grupo experimental não são
Imunes; foram escolhidos como indivíduos-controle. Quando se realiza um Experimento, é necessário um grupo-controle, Lea. Eles são como uma liga que mantém os dados no contexto.

Essa última parte fez o coração de Lea se oprimir.

— Quem não é... — A pergunta não saiu. Estava apavorado demais para ouvir a resposta.

— Quem não é Imune? — As sobrancelhas do Homem-Rato se arquearam. — Bem, acho que eles vão descobrir antes de você, não concorda comigo? Mas façamos uma coisa de cada vez, você precisa fazer exames. - Com isso, pegou a pasta e se virou na direção da porta. Estava prestes a transpô-la, quando a mente de Lea entrou em foco.

— Espere! — gritou.

O visitante se virou para trás para encará-la.

— O que foi?

— Quando falou sobre o Refúgio Seguro, por que mentiu a respeito de existir uma cura para o Fulgor?

O Homens-Rato deu de ombros.

— Não acho que tenha sido uma mentira. Ao completar os Experimentos e chegar ao Refúgio Seguro, vocês de fato nos ajudaram a coletar mais dados. E, por causa deles, haverá uma cura. Para todos.

— Por que está me contando tudo isso? Por que agora? E por que me
mantiveram aqui durante semanas? — Lea já estava andando pelo quarto, olhando para o teto, para as paredes, para o chão, como se procurasse uma resposta por ali, mas logo voltou a sentar. — Por que mentiram para Teresa que eu precisava de cuidados especiais e Thomas já estava possuído pelo Fulgor?

— Variáveis — respondeu o Homem-Rato. — Tudo o que fizemos com vocês dois foi cuidadosamente calculado pelos Psis e pelos médicos. Provocamos essas situações para estimular respostas na Zona de Conflito Letal, onde o Fulgor causa danos. Comparamos você que não tem nada com Thomas que tem mas não há efeito.  Desejamos entender por quê, o vírus não fica em você. E tudo isso está relacionado aos padrões da Zona de Conflito Letal, Lea. Mapeamos suas reações cognitivas e fisiológicas para criar um Esboço para a cura potencial. Tudo o que fazemos é visando à cura.

— Como assim o vírus não "fica"?

Lea ainda estava processando tudo o que tinha escutado. Parecia absurdo.

— Como você bem sabe, você foi um erro no Grupo A. E mesmo que tivesse o cérebro limpo, o CRUEL quis descartá-la.

Falou como se Lea fosse apenas um objeto.

Error 3 [Maze Runner: A Cura Mortal]Onde histórias criam vida. Descubra agora