Grande Show

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Os dois desejaram não terem hesitado.

Deveriam ter corrido quando
tiveram chance. Uma massa de corpos se apinhava à frente, bloqueando a
porta. Brenda não teria conseguido voltar, mesmo que quisesse. Thomas e Lea não conseguiram se mover e assistiam em um silêncio estupefatos os dois homens que lutavam no chão, trocando socos, agarrando-se, e tentando ver quem levava a melhor.

Embora fosse possível serem feridos pela multidão em fuga, não havia
muito com que se preocupar: eles eram Imunes. O resto das pessoas na
cafeteria, no entanto, enlouquecera ao saber que o vírus se encontrava tão
próximo. O que era compreensível; provavelmente, mais de uma delas o
havia contraído ali. Mas, enquanto pudesse ficar fora do caminho daquela
agitação, tanto mais seguro para ele.
Alguém bateu à janela, e Lea se virou, avistando Brenda, Minho e Jorge na calçada. Brenda fazia gestos frenéticos para que saísse, Thomas queria ver o desfecho da briga, Lea começou a temer ficar ali dentro, talvez a curiosidade não valesse a pena.

O Camisa Vermelha enfim imobilizara o homem no chão.

— Está acabado! Já estão a caminho! — gritou ele, de novo naquela voz metálica e sinistra.

— Thomas, vem! — Lea puxou seu braço.

O homem infectado parou de lutar, irrompendo em soluços. Só
então Thomas percebeu que todos haviam ido embora e a cafeteria estava
vazia, exceto pelos dois homens e por ele e Lea. Um silêncio mortal envolvia o
lugar.

O Camisa Vermelha o encarou:

— Por que ainda estão aqui, garotos? Por acaso querem morrer? Está querendo perder o bebê, garota? — O guarda prosseguiu, sem que algum deles  pudesse responder: — Se vão ficar por
aí, façam algo útil. Encontrem meu revólver. — E voltou a atenção para o
homem que havia dominado.

Lea não se moveu, temendo que acontecesse alguma coisa, seu olhos se encontraram com o de Minho ele parecia extremamente irritado, mas não com ela. Thomas foi procurar o revólver sob o balcão, sua cabeça parecia que não estava funcionando direito, era isso que Lea pensava.

— Eu... sou Imune — falou. Ajoelhou-se e estendeu o braço, esticando-se até os dedos tatearem o metal frio. Pegou o revólver e se dirigiu ao Camisa Vermelha.

— Thomas! — Lea o repreendeu, mas não falou mais nada para não tornar tudo pior. Ele falava demais.

O homem não agradeceu. Pegou o revólver e tornou a se abaixar,
apontando a arma para o rosto do homem infectado.

— Isso é ruim, muito ruim. Está acontecendo com cada vez mais frequência. Dá para saber quando alguém está sob o efeito da Bênção.

— Então era mesmo a Bênção — Lea murmurou.

— Você sabia? — perguntou o Camisa Vermelha.

— Bem, ele parecia estranho desde que cheguei aqui. — percebeu que havia falado alto demais.

— E não disse nada? — A pele em torno da máscara do guarda ficou quase da cor de sua camisa. — O que há de errado com vocês?

— Eu... sinto muito. Na verdade, não sabia o que estava acontecendo.

O homem infectado havia se encolhido no chão, como uma bola, e agora soluçava. O Camisa Vermelha se afastou dele e encarou Lea com frieza:

— Você não sabia? Que tipo de... De onde você é?

Lea franziu o cenho irritada.

— Quem é você pra estar falando comigo dessa forma? Pergunta direito sem ser ignorante! — o repreendeu e ele fez uma cara de surpresa que depois se transformou em uma carranca.

Error 3 [Maze Runner: A Cura Mortal]Onde histórias criam vida. Descubra agora