Vida Miserável

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Janson puxou uma faca comprida e fina, ergueu-a e a inspecionou, estreitando os olhos.

— Deixe-me lhe dizer uma coisa, garota. Jamais me considerei um homem violento, mas você e seus amigos certamente me levaram ao limite. Minha paciência está reduzida a quase zero, porém vou me conter. Ao contrário de vocês, não penso só em mim. Estou trabalhando para salvar a humanidade, e vou concluir esse projeto.

Lea se obrigou a relaxar. Lutar não ia adiantar nada; tinha de economizar energia para quando a oportunidade certa se apresentasse. Era evidente que o Homem-Rato havia perdido sua chance e, a julgar por aquela faca, estava determinado a levar Lea de volta à sala de cirurgia a qualquer custo.

— Boa garota. — Ratter sussurrou.

— Isso. Não precisa lutar desse jeito. Deveria estar orgulhoso. Você e seu cérebro salvarão o mundo, Lea. — Janson falou.

— Vou soltá-la agora, meu amor — Ratter deu um beijo em seu pescoço. — Mas olhe para o lado, e A. D. Janson vai lhe dar uma bela espetada com essa faca. Entendeu? Queremos você viva,
mas não significa que não possa ter alguns ferimentos de guerra pelo
caminho.

Lea acenou com a cabeça, concordando, da maneira mais calma possível, e Ratter saiu de cima dela e sentou no chão.

— Garota inteligente.

Foi a deixa para Lea começar a agir. A garota balançou as pernas com força para a direita, ganhando impulso, e chutou o rosto de Ratter. A cabeça do homem pendeu para trás, e o corpo se estatelou no chão. Janson se apressou para deter Lea, mas ela se esquivou, passando por baixo dele, e partiu de novo para cima de Ratter, dessa vez chutando a mão que segurava a faca que o garoto havia pego do Homem-Rato. Esta voou para fora de seu alcance, dando um salto no chão e aterrissando ao bater na lateral do prédio.

Lea relanceou o olhar para a faca, e Jason aproveitou a distração para se lançar sobre ela, que foi cair, de costas, sobre Ratter. O garoto se contorceu sob eles enquanto lutavam, e Lea sentiu o desespero tomar conta de seu ser, a adrenalina explodindo por todo o corpo. Gritou, empurrou, chutou, abriu caminho à força entre os dois homens. Usando mãos e pés, entre socos e desvios de corpo, sem ao menos esperar, algo bateu na cabeça de Janson, Minho havia acordado e agora estava lutando contra ele. Lea aproveitou e se virou para Ratter e conseguiu se soltar, partindo em direção ao prédio para pegar a faca.
Aterrissou perto dela, agarrou-a e girou o corpo, aguardando um ataque imediato. Ratter bufava, o rosto vermelho de raiva, como naquele dia.

O ódio que Lea guardou todo esse tempo estava se apossando dela, lembrou-se de todas as palavras repulsivas e nojentas que ele falara para ela, lembrou-se dos toques, lembrou-se medo que causou nela, dos traumas, dos receios, insegurança.

Ratter fez ela se odiar, mesmo ela não tendo nenhuma culpa.

Ratter fez ela quase matar seu filho por causa do medo.

Agora ele ia pagar por tudo.

Ignorando todas as dores de seu corpo, ela não esperou ele atacar, ergueu a faca no alto da cabeça e correu. Ratter não estava preparado para a súbita explosão e não se protegeu quando a faca entrou em seu ombro esquerdo. Ele urrou de dor e deu alguns passos para trás. Lea o chutou no estômago e o garoto se curvou para frente, o joelho de Lea acertou seu rosto. Agora a garota estava tentando pegar a faca do ombro dele para tentar acertá-lo em um lugar fatal.

— Você é fraca, Lea. Admita. — Ratter reverteu as posições, ele estava em cima dela apertando seu rosto e tentando se desvencilhar das mãos dela que buscavam um meio de se proteger. Estava tão preocupado em manter suas mãos afastadas da faca em seu ombro que acabou abrindo as pernas para ter um apoio. Lea não poupou forças e desferiu um chute em suas partes íntimas, ele caiu para o lado e Lea conseguiu pegar a faca, mas não a retirou. Fez com que ela se mexesse dentro de sua carne. O sangue já envolvia o braço do menino.

Error 3 [Maze Runner: A Cura Mortal]Onde histórias criam vida. Descubra agora