Drogado

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Dirigiram-se a uma cafeteria próxima, recomendada por Hans e pela esposa. O balcão estava bem cheio.
Lea nunca estivera em um lugar daquele tipo. E teve curiosidade de como todos se portavam. Os clientes alinhavam-se diante do balcão, pegando café e bolinhos, e depois se dirigiam a uma mesa ou saíam para comer na rua. Observou como um mulher idosa levantava e descia, com gestos nervosos, a máscara cirúrgica para tomar sua bebida quente. Um daqueles guardas de
camisa vermelha estava de pé ao lado da porta, testando aleatoriamente, de vez em quando, pessoas contra o Fulgor com seu dispositivo manual; a máscara de metal protetora cobria-lhe a boca e o nariz.

Lea sentou-se com Minho, Thomas e Brenda a uma mesa nos fundos, enquanto Jorge pegava comida e bebidas. Os olhos dela não conseguiam desviar de um homem, de uns trinta e cinco ou quarenta anos, sentado em um banco próximo em frente a uma grande janela que dava para a rua. Ele mal havia tocado no café desde que Lea e os amigos tinham chegado ali, e a fumaça não subia mais da xícara. O homem acabara de se curvar para a frente e colocar os cotovelos nos joelhos, as mãos frouxamente entrelaçadas, olhando para um ponto distante no outro lado da cafeteria.

Havia algo perturbador na expressão de seu rosto. Vazio. Os olhos quase flutuavam nas órbitas, e, no entanto, havia neles um indício de
prazer. Quando Lea o apontou para Brenda, ela lhe sussurrou que o cara provavelmente era usuário da Bênção e seria preso se fosse pego - informação que causou certo nervosismo a Lea. Esperava que o homem fosse embora logo.

Jorge retornou com sanduíches e xícaras de café fumegantes, e os cinco comeram e beberam em silêncio. O grupo todo compreendia a urgência da situação, mas Lea se sentiu agradecida por poder descansar e recuperar parte das forças.
Terminaram de comer e já se preparavam para sair, mas Brenda permanecia na cadeira.

— Importam-se de esperar lá fora por alguns minutos? — perguntou.

A expressão deixava claro que se referia a Jorge e Minho.

— Como assim? — perguntou Minho em tom exasperado. — Mais segredos?

— Não. Não é nada disso. Juro. Só preciso de um momento. Quero contar uma coisa aos dois.

Lea estava surpresa, mas também curiosa. Tornou a sentar.

— Vá — pediu ela, dirigindo-se a Minho.
— Você sabe que não vou esconder nada de você. Ela também sabe disso.

Seu namorado resmungou, mas seguiu Jorge porta a fora, e os dois ficaram de pé na calçada, perto da janela mais próxima. Minho lançou um sorriso irônico para Lea e acenou, o sarcasmo deixando evidente que não estava exatamente feliz com a situação. Lea lhe devolveu o aceno revirando os olhos, concentrando-se depois em Brenda Thomas sentou-se ao lado dela e esperou Brenda falar.

— O que tem pra falar? — Lea perguntou cansada de esperar.

— Sei que precisamos nos apressar, por isso serei bem rápida. Não tivemos tempo para ficar sozinhos, e só quero ter certeza de que sabe que o que aconteceu no Deserto não foi uma representação. Estava ali a trabalho, para ajudar na conclusão das coisas, mas me aproximei de você de verdade, e esse contato me modificou. Há algumas coisas que merece saber. Sobre mim, sobre a chanceler Paige e...

Thomas ergueu a mão para interrompê-la:

— Por favor, pare.

— Concordo com Thomas. — Lea suspirou entendendo.

— O quê? Por quê?

— Não quero saber de mais nada. Nada mesmo. Tudo o que me importa é o que faremos daqui em diante, não as coisas do meu passado, do seu passado ou do CRUEL. Não fale nada. E vamos nos apressar. — Lea falou.

— Mas...

— Não, Brenda. Por favor. Estamos aqui, temos um objetivo, e isso é tudo em que precisamos nos concentrar. Chega de conversa. — Thomas insistiu, ambos achavam desnecessário ela querer se justificar.

— Bem, então só vou dizer que sei que está fazendo a coisa certa. E vou continuar ajudando da melhor maneira que puder.

Era hora de deixar as coisas fluírem,
mesmo que a garota estivesse evidentemente ansiosa por lhes contar algo. Enquanto refletia a respeito, os olhos vagaram pelo lugar e depararam mais uma vez com o estranho homem no balcão. Ele puxou do bolso algo que
Lea não conseguiu ver e que agora pressionava contra a parte interna
do cotovelo direito. Fechou os olhos e piscou bem devagar, parecendo um
pouco confuso ao abri-los de novo. A cabeça lentamente pendeu para trás,
até se apoiar na janela.

O guarda de camisa vermelha que testava as pessoas contra o Fulgor entrou no café, e Lea se inclinou para obter melhor visão da cena. O Camisa Vermelha dirigiu-se ao banco onde o homem drogado repousava em sua tranquilidade inabalável. Uma mulher baixinha se aproximou do guarda e lhe sussurrou algo no ouvido, parecendo bastante inquieta. Lea deu uma cotovelada no amigo chamando sua atenção.

— Está vendo isso? — sussurrou.

— Sim. — sussurrou de volta sem tirar os olhos da cena.

— Gente? — Brenda chamou.

Thomas levou o indicador aos lábios, depois acenou com a cabeça na
direção do confronto prestes a acontecer. Ela se virou na cadeira para observar do que se tratava.

O Camisa Vermelha chutou o pé do homem que estava no banco, que se encolheu e olhou para cima. Os homens passaram a discutir, mas Lea não conseguiu ouvir o que diziam em meio ao burburinho da café teria lotada. O homem, que poucos segundos atrás parecia completamente relaxado, agora exibia uma expressão apavorada.

Brenda se voltou para eles:

— Precisamos sair daqui. Agora.

—  Por quê? — A tensão era quase palpável no ar, mas os dois estavam
curiosos para ver o desenrolar dos fatos.

Brenda já estava de pé.

— Apenas me escutem e saiam!

Virou-se e se dirigiu com rapidez para a saída, os dois amigos resolveram
segui-la. Mal haviam levantado da cadeira quando o Camisa Vermelha puxou um revólver e o apontou para o homem que estava no banco, depois se
inclinou para a frente, aproximando a arma do rosto dele. Mas o homem
deu um golpe na arma e se precipitou para a frente, enfrentando o guarda.
Lea e Thomas acompanharam a cena com o olhar, paralisados pela surpresa, enquanto o revólver era arremessado para longe, desaparecendo sob o balcão. Os dois homens colidiram com uma das mesas e caíram no chão. O Camisa Vermelha começou a gritar, a voz quase robótica soando através da máscara de metal protetora, que lhe cobria a boca e o nariz.

— Pegamos um infectado! Atenção: evacuem o local!

O lugar virou um pandemônio, com gritos invadindo o ar, enquanto
todos se dirigiam para a única saída.

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Oii
Tudo bem?

O que acham que vai acontecer?

Pergunta que não é aleatória:

Quando vocês acham que o bebê vai nascer?

E como vocês acham que vai ser?

Não me deixem no vácuo.

Não se esqueça de votar❤️

Error 3 [Maze Runner: A Cura Mortal]Onde histórias criam vida. Descubra agora