Alavanca

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— Preste atenção! —  Gritou Teresa. Agarrou-a pelos ombros e a virou
para encará-la. — Na extremidade final dos Verdugos —  apontou para o
compartimento mais próximo —, que os Criadores chamavam de tambor, no
interior da parte gosmenta, há um circuito, parecido com uma manivela. É
preciso enfiar o braço através do revestimento viscoso e puxar a manivela para fora. Se conseguir fazer isso, vão parar de funcionar na hora.

Lea concordou com a cabeça

— Certo. Continue seguindo com os outros!

As tampas dos compartimentos não paravam de abrir, e Lea se apressou em direção ao mais próximo. A tampa estava quase toda aberta quando a alcançou, e se esticou para ver lá dentro. O corpo enorme de lesma do Verdugo tremia e se contorcia, sugando a umidade e o
combustível dos tubos conectados às laterais.

Lea se aproximou da extremidade final do Verdugo. Enfiou a mão através do revestimento gosmento, tentando encontrar o que Teresa havia descrito. Gemeu devido ao esforço e empurrou mais a mão, até encontrar uma alavanca rígida, puxando-a com toda a força. Toda a coisa pareceu derreter, e o Verdugo murchou em uma massa gelatinosa no fundo do compartimento.

Jogou a alavanca no chão e correu para o compartimento seguinte, onde a tampa já quase alcançava o chão. Demorou apenas alguns segundos para se posicionar na lateral, enterrar a mão na carne gosmenta e alcançar a alavanca.

Enquanto se dirigia ao compartimento seguinte, Lea arriscou um olhar rápido para Teresa. Ela ainda ajudava as pessoas a se levantarem depois de escorregarem pela rampa, orientando-as a passar pelo conjunto de portas. Elas desciam depressa, uma praticamente aterrissando em cima da outra. Sonya estava ali, viu Thomas, Caçarola, Jorge e Gally. Minho apareceu quase voando em seu campo de visão, e uma sensação de alívio tomou seu corpo. Alcançou o próximo compartimento, cuja tampa se abrira por completo, os tubos que
conectavam o Verdugo ao contêiner se desligando um a um. Repetiu a
operação.

Lea se dirigiu ao quarto compartimento aos tropeços, mas o Verdugo já se movia, a extremidade inicial se erguendo acima do compartimento aberto, os apêndices irrompendo da pele para ajudá-lo a se
movimentar. Lea se apressou e se postou na lateral do compartimento.

Enfiou a mão dentro do revestimento gosmento e puxou a alavanca. Mas um
par de lâminas semelhante a uma tesoura voou em direção à sua cabeça.
Abaixou-se enquanto arrancava a peça do corpo da criatura, a massa de gosma, inerte, espalhando-se dentro do
compartimento.

Lea tinha consciência de que era tarde demais para deter o último Verdugo antes que deixasse o compartimento. Virou-se para avaliar a situação, a tempo de vê-lo sair do caixão branco. O Verdugo já examinava a área com um dispositivo de observação que se projetava na parte de cima de seu corpo. Então, como os vira fazer tantas vezes, a criatura se enrolou, virando uma bola, os ferrões se projetando. Girou para a frente com um
grande zumbido metálico. Pedaços de concreto voavam no ar, os ferrões
do Verdugo se arrastando no chão, e Lea assistiu, impotente, enquanto ele se chocava com um pequeno grupo de pessoas que descia a rampa. As lâminas se estenderam e fatiaram várias pessoas antes que ao menos soubessem o que havia acontecido.

Lea gritava e afirmava o quanto odiava o CRUEL. Depois de tudo ainda os fazia sofrer.

Ela olhou ao redor, em busca de qualquer coisa que pudesse usar como arma. Um pedaço de cano que tinha quase o tamanho de seu braço havia se desprendido de algo no teto. Correu e o pegou. Ao se virar na direção do Verdugo, viu que Minho já tinha se aproximado da criatura desferindo-lhe chutes com uma ferocidade assustadora.

Lea gritou, avisando as pessoas que se desviassem do Verdugo. A criatura girou na direção dela como se houvesse escutado a ordem, e se ergueu sobre a extremidade bulbosa. Dois apêndices emergiram das laterais, e Lea ficou imóvel, em estado de alerta. Um novo braço de metal zuniu com uma serra giratória em movimento, o outro com uma garra de aparência assustadora, terminando em quatro pontas com lâminas.

Error 3 [Maze Runner: A Cura Mortal]Onde histórias criam vida. Descubra agora