Combinado

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As duas mulheres ergueram ainda mais as armas, apontando para os três garotos.

— Não nos façam usar isto aqui — avisou uma delas. — A margem de  erro para vocês é zero. Um movimento em falso, e puxamos o gatilho.

Lea cerrou os dentes e se colocou na frente dos meninos, os guardas deram um passo a frente indo para cada um dos Clareanos. Uma das mulheres pegou o braço de Lea e praticamente a arrastou corredor a fora.

— Não vão me colocar em um dormitório longe deles não é? — perguntou com medo de ficar sozinha de novo. Com certeza esse havia virado mais um trauma na vida da garota. A mulher ignorou.

Ela olhou para trás e viu um guarda arrastando Minho pelo chão para acompanhá-lo, e Newt estava atrás dele, resistindo como podia, Thomas também estava sendo arrastado mas sua expressão era séria e não de desespero.

Os jovens foram arrastados, corredor após corredor. Os únicos sons vinham de Minho – grunhidos, gritos e palavrões.

Lea tentou detê-lo, dizendo que só pioraria as coisas e provavelmente acabaria levando um tiro, mais Minho a ignorou, resistindo com unhas e dentes até que o grupo por fim parou diante de uma porta.

A mulher que ia na frente usou um cartão-chave para destrancar a porta. Empurrou-a, abrindo-a e revelando um pequeno cômodo com dois beliches e uma minúscula cozinha com uma mesa e cadeiras no canto mais distante.

— Chegamos — disse ela. — Há comida aí. Devem se alegrar por não os deixarmos alguns dias sem comer depois da maneira como agiram. Os testes começarão amanhã. Portanto, é melhor que durmam um pouco esta noite.

Lea foi praticamente empurrada assim como os amigos para dentro do cômodo.
Os guardas saíram e o barulho da porta se fechando ecoou pelo ar.

De repente, a sensação horrível de estar cativa, que Lea havia suportado na prisão de paredes brancas, voltou, inundando-a. Dirigiu-se à porta, girou a maçaneta e forçou-a com o máximo de firmeza possível. Bateu nela com os dois punhos cerrados, gritando o mais alto que podia, clamando que alguém os deixasse sair.

— Calma... — disse Minho se aproximando. — Não vai aparecer ninguém pra salvar a gente. Acho que perdemos a chance. — puxou delicadamente a namorada até uma das beliches fazendo-a sentar na cama de baixo, tentando acalmá-la e se virou para Thomas, um tanto irritado. — Estaremos velhos ou mortos antes que o momento mágico chegue, Thomas. Não pense que farão um grande anúncio: "Agora seria um momento excelente para escaparem, porque estaremos ocupados pelos próximos dez minutos". Deixamos passar a oportunidade.

— É... Você sabe me acalmar direitinho. — Lea soltou o ar pela boca.

— Desculpem. Não parecia ser o momento certo. E, quando me vi com todas aquelas armas diante de mim, achei que seria inútil desperdiçar esforços tentando qualquer coisa. — Thomas falou.

— Pois é — foi tudo o que Newt falou. — Pelo menos, você e Brenda tiveram um belo reencontro.

Lea havia percebido o ciúmes disfarçado
na voz, já estava exausta de ver os dois flertando um com o outro e não acontecer nada entre eles.

— Ela me disse algo. — Lea começou. — Brenda me avisou para não confiar neles. Para confiar apenas nela e na chanceler Paige.

— Bem, qual é a dela, afinal? — perguntou Newt. — Ela trabalha para o CRUEL? Era apenas uma maldita atriz lá no Deserto?

— Ela não parece ser melhor que o resto deles — acrescentou Minho.

Lea – apesar de tudo – não concordava com isso, Brenda podia ser diferente.

— Não acho que seja assim... — falou um pouco cabisbaixa.

— Também não. Olhem para mim, também cheguei a trabalhar pra eles, mas vocês confiaram em mim, certo? Isso não quer dizer nada. Talvez Brenda não
tivesse escolha; talvez tenha se transformado. Sei lá.

Minho desviou o olhar para cima, em um gesto reflexivo, mas não respondeu nada. Newt apenas sentou no chão e cruzou os braços, fazendo um bico de garotinho pequeno e mimado.

Lea arquejou e elevou-se saindo da cama, conduziu-se à pequena geladeira e a abriu – o estômago roncava de fome.
Encontrou alguns tipos de queijo e uvas, e os dividiu entre os três; depois
praticamente enfiou sua porção garganta abaixo, antes de tomar um copo cheio de suco. Os outros três também engoliram a parte deles, todos sem dizer uma palavra.

Uma mulher apareceu logo depois, levando pratos com pedaços de
carne de boi e várias lentilhas e comeram aquilo também. Havia comido mais que os outros, depois de tanto comer a mesma refeição durante um mês, se servir com algo que não fosse fatias grossas de presunto, purê de batatas, cenoura crua, amêndoas, uma fatia de pão e água.

Deitou-se em uma das partes de baixo das beliches e olhou angustiada para os amigos, eles precisavam fugir, mas não tinham conseguido.

Minho foi o primeiro a falar desde que a comida havia chegado:

— Talvez devêssemos ceder a esses caras de mértila. Quem sabe assim não
acabamos um dia sentados por aí, gordos e felizes?

Lea sabia que Minho não acreditava em nada daquilo.

— É, quem sabe... — Thomas respondeu. — Talvez você consiga um trabalho aqui  se estabeleça, case com Lea e cuide do seu filho aqui? Bem a tempo de o mundo terminar nas mãos de um mar de lunáticos.

Minho se calou.

— Eu jamais vou deixar meu filho na mão deles. — Lea falou olhando para um ponto fixo na parede, com a raiva expressa em seu rosto.

— Não tem graça nenhuma — Newt respondeu a fala de Thomas com  irritação. — Mesmo que encontrem a cura, você viu como é lá no Deserto. Vai demorar um tempão até que o mundo consiga voltar ao normal. E, mesmo que
consiga, jamais veremos isso acontecer.

Limpou a garganta e prosseguiu:

— Depois de tudo o que fizeram conosco, não acredito em mais nada. — Não conseguia se conformar com a notícia de que Newt não era Imune. Logo Newt, seu melhor amigo, alguém que faria qualquer coisa pelos outros. Haviam lhe dado uma sentença de morte – possuía uma doença incurável –, apenas para observar qual seria sua reação.

— Aquele tal de Janson se considera um sabe-tudo — continuou Thomas. — Ele acha que as coisas sempre acontecem em prol de algum bem maior. Ou se deixa a humanidade entornar o caldo, ou se fazem coisas terríveis para salvá-la. Mesmo os poucos que são Imunes provavelmente não vão durar muito tempo em um mundo onde noventa e nove por cento das pessoas vão se transformar em monstros
enlouquecidos.

— O que quer dizer com isso? — perguntou Minho com um resmungo.

— Quero dizer que, antes de apagarem minha memória, eu acreditava em todo esse lixo. Agora não acredito mais. — A única coisa que o aterrorizava era que, com o retorno das lembranças, ele pudesse mudar de opinião.

Lea viu o semblante do amigo se encher de medo, ele havia se arrependido de ter participado dos Experimentos, mesmo não sendo o mesmo de antes.

— Não vamos deixar isso acontecer. —Lea garantiu fazendo carinho em sua própria barriga.

— Bem, então não vamos mais desperdiçar nenhuma chance, Lea — propôs Newt.

— Amanhã — acrescentou Minho indo até Lea e se deitando ao seu lado. — De um jeito ou de outro.

— Combinado. De um jeito ou de outro.
Newt bocejou, fazendo os outros três bocejarem também.

— Melhor parar de conversar para dormirmos um pouco. — Lea falou se encolhendo ao lado de Minho. — Boa noite, meninos.

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Oii
Tudo bem?

Resolvi postar dois capítulos no mesmo dia porque sim. Não corrigi, então se tiver algum erro me avisem que eu corrijo.

Gente, estou sem acreditar que finalmente Lázaro foi pego... E ainda morto... Caramba.

Não se esqueça de votar❤️

Error 3 [Maze Runner: A Cura Mortal]Onde histórias criam vida. Descubra agora