Um Passarinho

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A menina se atirou nos braços do amigo, que imediatamente a envolveu em um abraço apertado mas ao sentir o volume da barriga da menina a soltou.

— Lea, você...? — franziu as sobrancelhas e ela sorriu.

— Sim. — nem precisou falar mais nada.

— Hum. Parabéns. — coçou a cabeça e se afastou da porta ficando de lado e apontou para dentro. — Entrem.

Era um lugar escuro e sem mobília, embora limpo, e cheirava a bacon. Uma manta amarela havia sido pendurada sobre a grande janela, dando ao lugar um brilho sombrio.

— Sentem-se — convidou Gally.

Tudo em que Lea pôde pensar foi descobrir como o Braço Direito soubera que estava em Denver e o que queriam com ele, mas o instinto o aconselhou a jogar segundo as regras deles, antes de poder obter respostas. Sentaram-se no chão, ela e os amigos enfileirados, com Gally encarando-os como se fosse um juiz. O rosto do garoto era aterrorizador
sob o efeito da luz mortiça, o olho direito inchado e vermelho de sangue dando o arremate final.

— Você conhece Minho e Thomas
— Lea apresentou, um tanto constrangida.  Minho, Thomas e Gally trocaram um breve aceno de cabeça. — Estes são Brenda e Jorge. Eles são do CRUEL, mas...

— Sei quem eles são — interrompeu Gally. Não parecia louco, só um
pouco esquisito. — Esses mértilas do CRUEL restituíram minha memória.
Sem perguntar se eu queria, devo acrescentar. — O olhar se concentrou em Minho: — Ei, vocês foram realmente legais comigo nas últimas vezes que tivemos contato.  Obrigado mesmo. — O sarcasmo era quase palpável.

Ele falava sobre o dia que ele surtou no Conclave e Minho atirou ele no chão e o ameaçou, com Thomas estava falando sobre a surra que ele levou por causa de Chuck.

— Aquele foi um dia ruim. — respondeu Minho, a expressão indecifrável impossibilitando saber se falava sério ou mesmo se se desculpava.

— Bem... — disse Gally. — O que passou, passou, certo? — O riso abafado deixou claro que desejava dizer qualquer coisa, menos isso. Minho podia não ter arrependimentos, mas Thomas, sim.

— Lamento pelo que fiz, Gally. — Encarou profundamente o garoto ao
proferir essas palavras. Queria que Gally acreditasse nele; que compreendesse que agora o CRUEL era um inimigo comum.

— Você lamenta? Fui eu que matei Chuck. Ele está morto. Por minha causa.

Ouvi-lo dizer isso causava  apenas tristeza.

— Não foi culpa sua — Lea acrescentou em tom consolador.

— Aquilo foi um monte de plong. — As palavras de Gally saíram ásperas. — Se tivesse um pingo de vergonha na cara, poderia tê-los impedido de me controlar. Mas deixei que fizessem isso comigo porque achava que ia matar Thomas, não Chuck. Nem em um milhão de anos me permitiria assassinar aquele pobre garoto.

— Muito generoso de sua parte — comentou Minho.

— Então você queria que eu morresse? — perguntou Thomas, surpreso diante da honestidade do garoto.

Gally respondeu, zombeteiro:

— Não se lamente tanto comigo. Odiei você mais do que já odiei qualquer pessoa na minha vida. Mas o que aconteceu no passado não importa mais. É preciso falar sobre o futuro. Sobre o fim do mundo.

— Isso. Por favor comece. — Lea pediu.

— Espere um segundo aí, muchacho — interrompeu Jorge. — Antes de qualquer coisa, você vai nos contar tudinho o que aconteceu com você desde que foi expulso do CRUEL até terminar sentado bem aí onde está.

Error 3 [Maze Runner: A Cura Mortal]Onde histórias criam vida. Descubra agora