capítulo dezenove

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ARTHUR MAZZA - AEROPORTO.

— Cadê elas? — meu irmão resmungou, afrochando a gravata.

— Talvez elas pegaram trânsito — dei de ombros.

Me sentei em cima da mala puxando o boné ainda mais pra baixo e ajeitando os óculos escuros. Já fazia uma hora que estavamos esperando Meggie e Milene para embacarmos e irmos para o Brasil. De início, cada um iria por conta própria e nos encontraríamos no hotel ou algo assim mas meu irmão deu a ideia de todos irmos no meu jatinho. Tenho certeza que ele já se arrependeu dessa ideia.

Peguei meu celular verificando se não havia nenhuma notícia das duas mas, como em todas as vezes nenhum sinal de vida. Estávamos na parte dos fundos do aeroporto, onde as únicas pessoas que estavam ali eram profissionais, nada de fãs.

A porta de vidro foi aberta com um pouco de brutalidade e duas mulheres que eu conhecia bem entraram. Franzi o cenho vendo Meggie com os seus saltos na mão e Milene com a calça com manchas pretas.

Me levantei me aproximando das duas.

— O que aconteceu? — Meg me olhou soltando o ar pela boca.

— Falta de organização, Meggie dirigindo, pneu furado, não tinha reserva, celular sem bateria e uma baita caminhada — Mili explicou em fôlego — Estou morta!

Enzo riu e o acompanhei, paramos com o olhar mortal das duas.

Fingi uma tosse desviando o olhar por alguns segundos. Ofereci ajuda com as malas enquanto Enzo ia chamar o piloto e as duas iam se limpar, trocar de roupa. Peguei as malas e levei até o avião que estava do nosso lado, colocando-as no devido lugar. Demorei bons minutos e quando voltei encontrei apenas a modelo parada perto da porta.

— Devo perguntar detalhes sobre o desastre do carro? — ela riu colocando o cabelo para trás da orelha.

— Não, por favor — levantei minhas mãos, como rendição.

Observei Enzo caminhar até nós mas foi impedido quando o corpo de Milene se esbarrou nele; rápido meu irmão segurou-a antes dela chegar no chão. Franzi o cenho vendo a troca de olhares e logo depois as mãos de Mili ajeitarem a gravata se afastando em seguida.

— Nossa! Que clima — falei, baixo apenas para Meg ouvir.

— Acho melhor nós entrarmos, não acha? — concordei e nós dois fomos para o avião rindo.

Apresentei Meggie para diretora de imagem e seu marido que também trabalhava nessa área que tinham acabado de entrar no avião também.

Nós dois nos sentamos juntos — com Meg na janela —, com o claro objetivo de deixar os empresários juntos. Não demorou para que os dois entrasse e eu não sabia distinguir qual estava mais vermelho, eu nunca tinha visto Enzo cotar por causa de um esbarrão daquele.

Ambos nos encarou por alguns segundos provavelmente nos chingando internamente antes de se sentarem lado a lado.

— Talvez essa viagem renda algumas histórias — a modelo comentou, se ajeitando tentando ficar mais confortável.

— É, talvez.

O piloto entrou e logo estávamos sobrevoando as cidades indo para nosso destino. Eu e Meggie desenvolvemos alguns assuntos aleatórios, nada com muita importância mas me impressionei como a conversa fluiu normalmente, como se fossemos amigos. Era bom conversar com ela mas a melhor parte era vê-la ficar vermelha depois de gargalhar, apesar da risada não ser uma das coisas mais belas de se ouvir.

Resolvemos enfim, ver um filme. Confesso que não era a melhor arte cinematográfica por isso não estranhei quando Meggie adormeceu.
Sua cabeça pousou no meu ombro e por alguns instantes pensei em tira-la dali mas algo me fez a manter daquele jeito e além disso, me fez puxar o cobertor que estava cobrindo apenas suas pernas e parte de seus braços movendo-o até seus ombros.

Talvez ela sinta frio.

Estranhando aquela sensação, voltei a atenção para a tela a minha frente mas acabei dormindo também. O filme era realmente horrível.

Acordei primeiro que Meg, notando que ainda estávamos na mesma posição. Com cuidado, endireitei a modelo em sua poltrona e tomei um copo de água na tentativa de tirar a cara de sono e molhar a boca.

Não demorou para o piloto avisar que iríamos pousar e que devíamos apertar os cintos. Meggie acordou com o aviso, me encarou com os olhos inchados passando as mãos no cabelo parecendo meio fora de órbita.

Ofereci água e ela bebeu olhando pela janela.

— Nossa! Nem percebi o tempo passar — ri.

— Lógico, babou no meu ombro o tempo inteiro — ela olhou para mim abrindo a boca diversas vezes como se buscasse resposta — Estou brincando! Também dormi a viagem inteira.

— Sem graça.

Sorri e me inclinei tentando ver meu irmão. Os dois estavam cada um olhando para um lado e de braços cruzados em frente ao corpo. Acho que perdi alguns coisa.

Voltei ao lugar apenas esperando o avião pousar.

Dei a mão a Meggie ajudando-a descer as escadas do avião, parecia que ela ainda estava dormindo. Cumprimentei algumas pessoas e me despedi da diretora que queria ir ver como estava o studio antes de ir para o hotel.

James, que tinha ficado aqui desde festival — um mini férias que dei a ele — me esperava na entrada do aeroporto, o que significava que teríamos que andar até lá.
Segundo ele, havia apenas alguns grupos de fãs que tinham descoberto o horário que iria chegar.

Entramos no aeroporto e dei um corridinha até Meggie que estava um pouco a frente, ficando do seu lado e deixando os empresários mais atrás.

— Posso? — perguntei, estendendo a mão.

— Acha uma boa? — assenti e ela quase timidamente colocou sua mão sobre a minha.

Entrelacei nossos dedos voltando a caminhar normalmente.

— Quanta gente! — ela disse olhando o pelo vidro a quantidade de gente.

Acenei com a outra mão para os fãs que balançavam ursinhos, flores e celular gravando-nos. Meggie virou o rosto na direção contrária, ficando assim olhando para mim.

Quase por extinto levei minha mão até seu rosto macio e liso, tirando uma mecha de cabelo que estava no seu rosto. Quase hipnotizado.

— Você é um ótimo ator — olhei nos seus olhos de verão, saindo do transe e sorri.

— Eu tento.


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