capítulo vinte dois

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MEGGIE SLOW

Me sentia uma boba por ter me aberto daquela forma, eu mal o conhecia mas meu interior de alguma sabia que eu podia confiar nele. Apenas me senti segura para tirar o nó da minha garganta.

Otto foi meu primeiro empresário, eu achei um máximo quando ele entrou em contato com minha família dizendo que viu potencial em mim e que me faria uma grande modelo. De fato, foi ele que fez com que eu assinasse meus primeiros contratos com grandes agências mas para isso ele me ameaçava.

Eu era uma criança que não aguentava ver meus pais passando fome que aceitou ficar calada e não contar sobre o que eu passava quando ficava sozinha com ele. Se eu pudesse voltar no passado...

Eu fiz terapia anos depois, teve uma época que eu não conseguia nem tirar fotos por causa dele; do medo de tudo voltar a acontecer. Não é algo que me assombra mais nas madrugadas, eu superei eu juro. Mas, as vezes, as memórias voltam com tudo como hoje e parece que eu voltei no tempo.

E sobre o beijo.. bem, eu queria mesmo. E como eu disse, quero. Mesmo que pareça errado.

O contrato que assinei com Arthur, deixa claro que não nos devemos nos envolver. Sempre que há sentimentos em algo profissional da errado, e é nisso que tinha que focar.

Mas foi impossível lembrar disso quando senti os dedos de dele tocar meu braço. Soltei a porta e voltei meu corpo em sua direção.

Quase instantaneamente borboletas tomaram conta do meu estômago. Mas que merda é essa?

— Tudo bem? — assenti, vendo ele dar mais um passo em minha direção, ficando cada vez mais próximo de mim  — Ainda quer me beijar, Meggie?

Entre abri os lábios sentindo meu rosto sendo acolhido por suas mãos. Ele, devagar me guiou até minhas costas encostarem na porta de metal.

Eu queria e pela primeira vez na vida eu ia me deixar levar sem pensar nas consequências. Como reposta, coloquei as mãos na cintura dele fazendo-o sorrir e aproximar.

E ele fez. Colou nossos lábios devagar, um contato quase ingênuo que se tornou algo mais a medida que os segundos iam se passando.

Suas mãos ainda permaneciam no meu rosto, transmitindo uma estranha sensação de segurança.

E sobre a luz da lua eu soube que muita coisa ia mudar dali para frente.

Se eu dormir aquela noite? Claramente não.

Soube que foi um erro aquele acontecimento assim que me deitei na cama e meu primeiro pensamento foi Arthur e nosso contrato. Era meio óbvio que eu tinha acabado de dar uma brecha para aquilo (beijo) voltar a acontecer mais vezes, o problema, era que concordamos — e assinamos — que relações não aconteceriam, fora de câmeras. Havíamos acabado de praticamente cometer um crime!

E se bem conheço Enzo Mazza, que preza muito os contratos que faz com certeza daria um jeito de cancelar o meu com Arthur causo soubesse do que acontecera no terraço.

E eu não queria perder aquele contrato. Não podia. Ainda mais, quando na manhã seguinte recebi uma mensagem da fatura da farmácia.

Fiquei tão preocupada que ao menos percebi quando o cantor veio na minha direção, no elevador me cumprimentar e eu não dei moral. Só me dei conta quando ele saiu, tentei o alcançar mas já era tarde, o mesmo já estava dentro do carro com nossos empresários.

Chegando no studio, fomos apressados a trocar de roupa e nos preparar para as gravações que o único contato que tivemos foi em frente as câmeras, onde não podíamos ter qualquer tipo de conversa. Foram horas de trabalho e quando enfim tivemos um tempo de descanso, Enzo e Milene sempre estavam por perto. Eu queria muito conta a minha amiga tudo o que aconteceu naquela madrugada mas, eu sabia que ela era como o irmão Mazza mais velho. Além, de ser contra a toda aquela história de relacionamento falso.

Quando estávamos indo embora, os dois finalmente nos deixaram a sós; Enzo fora encontrar com alguns amigos que tinha aqui e Milene ficara no estacionamento para atender uma ligação.

— Então... O que está acontecendo? — olhei para Arthur, soltando o ar.

— Nada, eu só estava pensando na madrugada — um sorriso convencido surgiu em seus lábios, revirei os olhos.

— Se quer saber, também pensei muito sobre ela — devagar, ele deu passos em minha direção e eu sabia o que se passava na sua cabeça.

Estendi a mão, fazendo-o parar.

— Não desviamos ter feito aquilo — seu rosto murchou.

— O que? Por que?

— Foi errado e você sabe disso — o cantor levantou uma sobrancelha, como se estivesse ouvindo a coisa mais boba do mundo.

— Não foi errado, Meggie. E se bem me lembro, você queria e falou com todas as letras.

— Eu sei, me lembro de tudo — a porta do elevador se abriu e nós dois saímos indo para corredor — Mas acho melhor fingirmos que nada disso aconteceu.

— Eu não vou esquecer que nos beijamos e tenho certeza que você também não vai — meus ombros caíram, por que tinha que ser tão insistente?

— Eu vou sim, Artur. E por favor, não toque mais no assunto.

— Está bem, então. Se você resolve seus problemas assim.

Me aproximei dele, quando alguns hóspedes passaram perto.

— Você assim como eu, sabe que não podemos nos envolver. Nem que seja um beijo, o contrato vai pro ralo — aquilo pareceu afetar tanto é que deu as costas e saiu de perto indo para seu quarto.

Eu ia atrás dele se não fosse por meu celular tocando, era Milene avisando que havia conseguindo uma propaganda para eu fazer e que era para encontra-la no elevador e ir encontrar os donos da marca de maquiagem.

Suspirando voltei ao elevador.

Tudo Pela Fama. {completa}Onde histórias criam vida. Descubra agora