capítulo dezoito

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MEGGIE SLOW

Seattle - EUA

- Veja só se não é a filha ingrata que eu tenho - revirei os olhos para meu pai - Já te disse para não virar os olhos para mim!

- Tão bom te ver, senhor Slow - me aproximei dele ganhando um beijo na testa.

- Como foi de viajem? - minha mãe perguntou, quando abracei-a também.

- Cansativa, como sempre - suspirei e olhei para Grayson - Como o senhor está?

Ele fez careta e bateu a mão no ar como se aquilo não fosse nada. Levantei uma sobrancelha cruzando os braços em frente ao peito.

- Não foi nada, um susto, coisa de gente velha - me deu um soquinho no ombro fazendo-me ir para trás - Mas e você? Disse que não tinha nada com o cantor.

- Depois falamos disso, quero saber sobre sua saúde.

Nós três fomos para dentro de casa nos sentando no sofá, meu gato veio para meu colo e logo já se encontrava ronronando enquanto dormia recebendo meu carinho.

Gray se pagava de furão, Miranda falava que eu o havia puxado. Eu sabia que ele não estava bem, até seu andado estava mais lento que o normal e apesar de estar se esforçando muito para fingir que tudo não passou de um mal-estar passageiro ele não era tão bom ator para disfarçar a fraqueza que o impedia de ficar em pé por muito tempo.

O teimoso se recusou a fazer os devidos exames, por isso, cancelei algumas coisas da minha agenda para levá-lo no hospital por conta própria.

- Estou bem, minha filha - garantiu, mais uma vez - Já basta sua mãe me ficar perguntando isso de hora em hora, quero saber das fofocas.

Olhei para minha mãe que respirou fundo olhando para o marido.

- Está bem - ele riu, convencido - O que querem saber?

Odiava mentir, a cada palavra dita eu me sentia a pior filha do mundo no entanto eu sabia que se eu não bancasse a filha apaixonada eles não iriam acreditar. Inventei que eu e Arthur tínhamos começado a conversar desde o desfile da La Belle e na festa de comemoração ele havia proposto a participação do clipe; o nosso encontro no Brasil foi pura conhecidencia e as fotos para a agência Areia&Mar foi algo inesperado.

Meu coração se despedaçou quando meu pai disse que queria o conhecer, e dar a benção.

Porém, por sorte o senhor Gray que estava bastante animado com a ideia do meu namoro aceitou ir ao hospital na manhã seguinte. Fizemos tudo o que podíamos, todos os exames necessários e reforçamos principalmente os exames cardiovasculares.

Estávamos na sala de espera, um dia depois esperando o médico nos chamar quando recebi uma mensagem de Milene avisando Arthur e Enzo estavam na cidade com o contrato que nós dois resolvemos fazer. Apenas por precaução. Avisei-os que marcaria um local para nos encontrarmos para assinarmos e logo o médico nos recebeu.

- Boa tarde! Sentem-se por favor - fizemos o que o doutor pediu.

- Pode falar pras duas que eu estou saudável como um cavalo? - o doutor ficou sério e aquilo fez com que meu pai também ficasse.

- Grayson, detectamos uma doença chamada Aterosclerose coronariana - ele se inclinou, pegando uma espécie de molde de coração apontando para um lugar específico - Em outras palavras, as artérias do seu coração está com gordura, dificultando a passagem de sangue.

Vi quando Gray buscou a mão da minha mãe e logo depois a minha. Respirei fundo, tentando não demostrar o quanto aquela notícia havia me afetado.

- Eu vou morrer?

- Pai! - ele não me olhou.

- Vamos começar com o tratamento via oral e irei te pedir mais alguns exames para obter mais respostas e saber qual medida tomar - explicou - Não se preocupem.

Depois de mil recomendações e apresentação de vários tratamentos e até cirurgia nós nós despedimos e fomos em silêncio para o carro. Meu pai prometeu se cuidar e isso era o bastante para mim.

Minha mãe seguiu com meu pai até a cozinha depois de ficarmos um tempo na sala conversando sobre os hábitos que teríamos que adquirir, principalmente Grayson que amava comer um frango frito quase todos os dias. Meu maior medo é perde-lo, apesar de saber que algo que não posso simplesmente fazer não acontecer eu não estou preparada para o pior.

Me levantei devagar, quase parando quando a tocaram a campanhia e tive vontade de não ter levantado quando abri a porta e dei de cara com os irmãos Mazza.

- O que estão fazendo aqui? - Enzo suspirou, já Arthur apenas me olhou por cima dos cílios levantando uma sobrancelha.

- Precisamos que assine, temos que sair da cidade em menos de duas horas - olhei para a pasta na mão de Enzo.

- Não podiam ter avisado? Falei que marcaria um lugar que não fosse minha casa.

- Desculpe, estamos realmente atrasados - suspirando, dei espaço para eles entrarem - Não precisa, é só assinar.

Olhei para Arthur que sorriu para mim encostando o ombro na batente da porta.

Peguei o contrato tirando-o da pasta e o apoiei na parede pegando a caneta da mão de Enzo assinando-o em seguida. Fiquei com uma cópia e eles com a outra. Já estava esperando Enzo guardar a cópia deles quando a voz de meu pai ecoou atrás de mim:

- Meggie, melhor esconder seu gato. O danado acabou com o sapato da sua mãe, a mulher está uma fera - olhei para Arthur que arregalou os olhos - Quem está aí?

Gray se aproximou de mim vendo os irmãos.

- Ah! - ele mudou a postura, erguendo o queixo parecendo mais "assustador" - Então... Você?

Arthur deu um passo em direção a meu pai, estendendo a mão que foi aceita em um cumprimento.

- Prazer, Sr. Slow - Enzo segurou o riso, colocando a mão na boca.

- O cantorzinho - Grayson me olhou - Ele é mais bonito pessoalmente. Impressionante.

- Pai! - sussurrei.

- O que é? Só elogiei o rapaz - se voltou para o homem a sua frente - Não quero ser grosso mas, o que faz aqui?

Olhei para Enzo que tinha voltado a ficar sério, talvez, estivesse torcendo pra que o irmão criasse uma desculpa bem convicente. Eu também esperava isso.

- Eu... - coçou a garganta, forçando uma tosse.

- Só veio me entregar uns documento que faltava para a gravação do clipe, pai. Estava de passagem pela cidade e resolveu vir pessoalmente e já está de partida.

- É, isso. Não queria incomodar -me olhou e eu pedi mentalmente para ele não dizer nada que fizesse meu pai acreditar ainda mais em nosso "relacionamento" - Admito que também queria ver sua filha.

Tive vontade de desmentir, falar ao meu pai que era tudo engano e que Arthur estava mentindo, uma brincadeira de mal gosto quando Grayson levantou as sobrancelhas surpreso.

- Hum - estalou a língua - Quer entrar?

- Infelizmente vamos ter que recusar - Enzo interviu - Temos um voo, não podemos nos atrasar.

- Fica para próxima.

Arthur se despediu de meu pai e se aproximou de mim, parando bem próximo do meu rosto. Meu corpo ficou rígido e forcei um sorriso.

- Até daqui uns dias - disse, antes de encostar os lábios na minha testa.

Fechei a porta atrás de mim, me escorando nela em seguida. Olhei para meu pai que deu um sorrisinho colocando as mãos atrás do corpo.

- Nem começa - ele passou a mãos nos lábios como se estivesse fechando um zíper.

- Os filhos crescem tão rápido - ele riu e saiu de lá, provavelmente indo contar para minha mãe.

Apenas cinco meses...

Tudo Pela Fama. {completa}Onde histórias criam vida. Descubra agora