Tudo Pela Fama. {completa}

capítulo trinta e oito

ARTHUR MAZZA

— Mas que merda, Arthur! O que custava não se envolver? — resmungou — O que te garante que ela não quer só aproveitar?

Eu juro, que não soubesse o motivo de tanta desconfiança de Enzo eu não estaria tão calmo. Meu irmão, é cinco anos mais velho que eu. Já foi casado. Ou melhor, morou junto com a mulher já que não teve nenhum papel assinado comprovando a união dos dois.

Teve algo em seu passado, que lhe deixou cicatrizes — literalmente — e tirou toda confiança em outras pessoas, não só mulheres. Por isso, sua obsessão por contratos, tudo o que está escrito, provando é mais seguro para ele. E se algo der errado, Enzo vai recorrer ao documento. Como se fosse seu escudo.

Ele não era tão frio assim. Meu irmão foi totalmente quebrado, o que resultou em alguém que gosta de estar sempre no controle de tudo. Um verdadeiro babaca. Precisava de alguém que pudesse reconstruir o coração dele, alguém que provasse a ele que o amor existia e que não precisava de contratos.

— Meggie não é como ela — avisei, me sentando na minha cama tirando os sapatos.

— Não sabemos — acusou, tirando a gravata e o paletó — Se for, você vai sofrer muito. Não quero isso para você.

— Eu sei me cuidar, Enzo. E vai ter que se acostumar com essa ideia já que vai assumir a empresa do papai.

Ele se levantou, passando a mão pelos cabelos pretos provavelmente perto de ter uma crise controladora. Sorrindo, de virou para mim apontando o dedo.

— Podemos fazer um contrato só para garantir — me levantei correndo da cama ficando frente a frente com ele.

— Não, não, não. Sem contrato. Quero um relacionamento com ela, um normal — falei, baixo — Bem, normal na medida do possível já que somos famosos.

Ele riu e esse era um bom sinal. Três batidas na porta nos fizeram dar um pulo, olhamos sorrindo e fomos até a mesma juntos. Abrimos e vimos Meggie e Milene.

— Achamos melhor vermos de estava tudo bem — contou, Mili — Não ouvimos nenhum gritinho.

— Você sabia? — meu irmão perguntou a ela, que assentiu de imediato — E concordou desde o início?

— Na verdade não,  porque eu descobri sozinha e preferi que tivessem me contato — olhou para a amiga que mordeu o lábio — Mas eu consegui enxergar o lado deles e eu não mando em nenhum para impedi-los.

Enzo piscou um par de vezes, olhou para Meggie e saiu indo para seu quarto. Milene fez careta, segundo ela, ele era um grosso, um ogro e eu concordava as vezes mas sabia que era tudo questão de tempo até ele se acostumar com a ideia de ter outra pessoa na minha vida e na vida dele também.

Nós três pedimos lanche e ficamos conversando até tarde, Enzo havia saído, provavelmente estaria na praia andando próximo ao mar como sempre fazia quando vinha ao Brasil ou estava em alguma balada onde a música alta impedia que seus pensamentos o artomentassem.

Já era tarde quando Mili disse que iria dormir, nos despedimos dela e finalmente pude ficar a sós com a modelo. Ela, por sua vez me puxou pela mão nos levando a um lugar que eu conhecia bem: o terraço.

Olhei para o céu escuro antes de voltar os olhos para Meggie que mordeu os lábios nervosa. Meu coração se adiantou e ficou ansioso antes mesmo dela falar.

— Sei que pedi uns dias mas, acho que algumas horas foram o suficiente — se aproximou — Como que faz isso?

— É só falar — peguei sua mão, dando um beijo nos nós de seus dedos.

— Certo — sorri — Pedi alguns dias porque eu tenho medo e eu acho isso completamente normal. Nunca me declarei antes, nunca tive oportunidade já que o único cara que eu gostei foi de um príncipe que li em um livro em uma viagem longa para o desfile. Ele não existe.

Ela fez uma careta decepcionada mas em seguida sorriu, colocando os bravos em meus ombros.

— Mas você existe e é por isso que agora vou dizer que estou apaixonada. Na verdade, acho que estou desde o momento que me beijou ou talvez um pouco antes — deu de ombros e eu me apressei em beija-la.

Pode ser coisa da minha cabeça mas beijo quando sabemos que o sentimento é recíproco é bem melhor.  Me afastei de seus lábios apenas para beijar outras partes de seu rosto fazendo-a rir, gargalhar. E ali, outra vez a lua presenciou uma de nossas fases. Iluminando-nos. E esperava que registrasse outras.

— Vamos contar aos fãs que era tudo mentira?

Nos guiei até a borda do terraço onde nos sentamos.

—  Acho que nunca foi mentira — ela levantou uma sobrancelha — Ok! Talvez no início sim. Acho que todo casal tem seu segredo e esse pode ser o nosso.

Ela riu mas concordou, deitando a cabeça sobre meu ombro. Olhei para cima, para o céu. Sorri quando a primeira gota de chuva caiu em meu rosto, seguidas por outras. Meggie se levantou e me estendeu a mão para mim que a peguei. Segurando cintura e ela apoiando as mãos no meu peito dançamos ao som da chuva. 

Nos dias seguintes voltamos todos para os Estados Unidos indo para minha casa onde Meggie foi finalmente apresentada fazendo meu pai quase pular de alegria e olha que ele era um cara que não gostava de demostrar seus sentimentos. Minha mãe... Bem, ela praticamente adotou a modelo como filha e sobrou até paga Milene que também havia acompanhado.

Enzo ficou no seu canto, ele já havia admitido que estava feliz por mim mas como meu pai não era muito de abraços e comemorações.

Meggie passou alguns dias comigo e depois nós dois fomos para Sattle. Sua mãe estava melhor, voltara a cozinhar e eu não podia desejar sogra melhor apesar de saber que Grayson também seria um ótimo sogro, dessa vez de verdade.

Na última vez que vim, não deu muito tempo para conhecer o outro integrante da família: Cadu. Mas dessa vez eu passei a maior parte do tempo com ele no colo, presenciando a primeira crise de ciúme de Meggie. Não ciúme de mim. E sim, do gato.

— Loucura, não é? — perguntei.

Estávamos deitados em sua cama, prontos para dormir.

— O que? — resmungou contra meu peito.

— Estarmos felizes assim, parece que não mereço. O universo está sendo bom demais — ela levantou o corpo, se apoiando em seus cotovelos.

— Todos nós merecemos sermos felizes — disse, colocando a mão no meu rosto — E posso afirmar que ainda não chegamos no ápice da felicidade.

Ela me beijou, docemente antes de voltar a posição que estava antes dormindo em minutos. Sorri, sabendo que ela estava certa.