Capítulo trinta e seis

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MEGGIE SLOW

Quando vi todos lá, eu achei que Otto me soltaria. Me deixaria livre e se renderia. Mas ao contrário, também tirou uma arma de sua cintura se levantando comigo colocando o revólver na minha cabeça.

Tremi de medo e resolvi ficar quieta. Ele já tentou me matar antes quando me defendi e agora com uma arma na minha cabeça eu não duvidava nada que ele consegueria tirar minha vida dessa vez.

Arthur avançou mas os seguranças o seguraram pelos braços, mantendo-o parado. Ele gritou meu nome, fazendo força fazendo-me lançar um olhar quase que uma despedida. Também olhei para Mili, estática, assutada e diria que até em outro mundo. Já Bonnie, mexia no celular discretamente e eu torci para que ela estivesse ligando para a polícia. Ela piscou para mim e saiu de fininho, sorri sabendo que ela tinha feito o certo.

Voltei meu olhar para o cantor, de certa forma ele me acalmava mesmo naquele momento.

— Vou fazer uma proposta — sugeriu, Otto me apertando — Eu vou descer com Meggie pela escada de incêndio e vocês não vão me seguir. Se vocês sequer se moverem ela morre na mesma hora. Tenho um revólver e não tenho medo de usa-la.

— Não! Deixa ela — Arthur gritou.

Vi a mão de James tremer. Otto estendeu a arma para todos e se preparou para apertar o gatilho.

— James abaixa a arma — pedi, fazendo-o me olhar — Por favor.

— Mas, menina — sorri, em meio as lágrimas e ele abaixou meio duvidoso.

— Ótimo — o homem que prendia deu um passo para o lado mas a luz vermelha junto com o som alto o fez parar onde estava voltando com a arma para minha cabeça — Quem chamou a merda da polícia? Por que acabou de assinar a pena de morte da modelo.

Foi apenas um tiro.

Pensei que a morte fosse dolorosa, horrível. Mas não, você não sente nada. Vi meio turvo todos a minha volta gritarem. Milene tampou os olhos e Arthur caiu de joelhos no chão. Talvez a dor viesse depois...

O frio da arma não estava mais na minha testa. Minha roupa estava cheia de sangue, sentia o líquido descer por meu rosto.

Até que voltei para a realidade quando o corpo de Otto caiu nos meus pés. O tiro não foi em mim..

Olhei para o lado vendo três modelos, apenas uma com a arma na mão. As outras duas com rostos de vingança, supôs que seriam as outras crianças que ele molestava. Não tive tempo de pensar, James me puxou de perto do homem e apontou para o cantor que ainda não tinha percebido que eu ainda estava viva. De joelhos no chão e cabeça para baixo ele chorava, fazendo seus ombros tremerem.

Me coloquei de joelho na sua frente e levantei seu rosto fazendo-o me olhar. Seus olhos vagaram por alguns instantes tentando entender o que acontecera e quando absorveu o máximo de informação necessária se lançou sobre mim, não se importando com o sangue.

— Você está aqui, ainda está aqui — sussurrou, bem baixinho me puxando ainda mais para si.

— Ainda estou aqui — sussurrei de volta.

— Pensei que te perderia, não sabe o medo que senti.

Olhei por cima do ombro, James estava segurando Otto. Ele não estava morto. Mas ferido. O olhar de ódio que lançava para mim e para as outras três me fez desviar o olho para Mili e a chamar com a mão. Logo ela se juntou no abraço.

— Acho melhor vocês irem embora — a mulher que atitou disse — Não dou dois minutos para a imprensa chegar. Vamos depor para a polícia e contar tudo. Quando estiver melhor, te aconselho a fazer o mesmo.

— Obrigada — ela sorriu, se afastando.

Arthur, Mili e James me levaram para o hotel. Minha amiga ainda sentia culpada, por não saber quem era o dono da marca por isso o segurança a levou para tomar um ar e se acalmar.
O cantor me levou até meu quarto, o cheiro do sangue começava a me enjoar, a roupa parecia me incomodar ainda mais agora que eu sabia que as mãos de Otto tinham percorrido ali.

Me abaixei jogando a sandália longe antes de entrar no banheiro e tirar todo aquela sujeira do meu corpo. Sai de lá apenas quando o cantor me chamou, preocupado. Vestindo um roupão, caminhei até ele.

— Está bem? Vamos a polícia?

— Sim, para as duas coisas. Mas prefiro ir amanhã.

— Tudo bem, acho que você precisa descansar. Comer também. Quem sabe um filme para relaxar? — sorri colocando a mão em seu rosto.

— Estou bem, juro. Claro que reencontra Otto não foi a melhor experiência que já tive mas eu sabia que um dia eu ia encontra-lo, ele sempre cumpriu com a promessas — suspirei — Espero que agora ele nunca mais volte.

— Ele não vai. Vai ser preso e ser levado para o país de nascença onde vai ser julgado por todos os crimes que já cometeu — Arthur me abraçou, deslizando a mão por minhas costas.

Suspirei, encostando minha cabeça em seu peito. Estava exausta.

— Vai ficar aqui comigo? — perguntei, sentindo a adrenalina sair do meu corpo aos poucos.

— Sempre que pedir, eu vou ficar.

— Sempre é tempo demais para menos de um mês — o cantor respirou fundo.

Ergui meu olhar para ele, apoiando meu queixo em seu peito coberto camisa social azul claro que vestia.

— Menos de um mês — repetiu, baixo — Não quero que seja isso.

Era isso que estar apaixonada? Sentir o coração querer pular para fora a cada palavra dita. Eu até poderia dizer o que estava sentindo mas talvez eu só estivesse confusa com todo o que aconteceu hoje.

Foi coisa demais para raciocinar e me declarar para alguém pela primeira vez não me parecia uma boa ideia.

Por isso, resolvemos ir dormir. Amanhã queria estar com as energias renovadas para ver Otto ser preso.

Tudo Pela Fama. {completa}Onde histórias criam vida. Descubra agora