capítulo trinta e sete

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ARTHUR MAZZA 

Era simplesmente maravilhoso acordar com um leve passar de mão nas minhas costas, ainda mais sendo de Meggie. Virei meu rosto, vendo-a ainda de olhos fechados mas movendo as mãos como pluma por cima de minha camisa.

Em um movimento rápido puxei-a para mim fazendo seu corpo colar no meu e um sorriso surgir em seu rosto.

— Bom dia — falou, com a voz rouca.

— Bom dia.

Rápido de mais, ela se levantou da cama indo para o banheiro e voltando minutos depois de cabelos em rabo de cavalo,  o rosto sem marcas do travesseiro e cheirando a sabonete. Encostei minhas costas na cabeceira, vendo-a perambular pelo quarto jogando as peças de roupas em seu ombro. Provavelmente indecisa em qual vestiria.

Ontem, eu achei que tinha a pedido mesmo ela não sendo nada minha. Até ontem eu tinha decido partir no fim do contrato mas depois do acontecido eu percebi que eu não a quero somente por cinco meses. Quero-a por mais cinco meses, cinco anos, cinco décadas. Quero-a para sempre.

Só não sabia se ela aceitaria.

Quase em um olhar de reprovação, Meggie me fez levantar da cama e ir me aprontar. Iriamos a delegacia e a modelo parecia radiante em pensar já oportunidade de ver o monstro de sua vida ser preso.

Antes de entrar no banho verifiquei o celular e a notícia que eu temia estava estampada na tela do aparelho. Enzo estava sabendo do acontecido no desfile. Pelo visto fotos foram publicadas, mesmo a gente tendo cuidado de sair antes da multidão ir para onde estávamos. Quatro mensagens:

- Mas que merda está fazendo no Brasil? O show não foi cancelado?

- Não acredito que se envolveu em outra polêmica! Confesso que estou com medo até de olhar. Polícia? Me diz que não ficou bêbedo e tentou roubar um banco...

- Maninho! O que aconteceu? Quem é Otto? E por que estava ameaçando Meggie? Está tudo bem com ela e Milene?

- Estou indo para o Brasil.

Respirei fundo e contei tudo pela metade, seria melhor quando estivesse pessoalmente.

Tomei um banho rápido e coloquei uma roupa mais simples que o habitual. Quando sai banheiro encontrei Meggie em frente ao espelho, se maquiando. Ela se virou para mim, sorrindo desanimada.

— O que aconteceu? — perguntei, indo até ela que pegou o celular me mostrando as fotos da confusão de ontem a noite.

— Você sabe que essas fotos podem acabar com sua carreira dependendo do boato que sair, não sabe? — assenti, calmo — Mas que merda, fica bravo! É seu direito. Por causa de mim, sua vida ela pode desmoronar.

— Eu não vou ficar bravo por isso, Meggie.

— Sua carreira está na mãos da criatividade e maldade das pessoas. Tem noção disso? Surta, quebra um jarro de vidro na parede, esperneia. Demostra alguma coisa pra minha culpa ter sentindo.

— A única coisa que posso demonstrar agora, Meggie — andei, fazendo ela fazer o mesmo até bater as costas na porta de vidro da sacada — É que a única coisa que estou sentindo é medo.

— Medo de perder sua fama, é compreensível — ri, colocando minha mão em seu rosto.

— Não, bobinha — beijei a ponta de seu nariz, encostando minha testa na sua — Medo de te perder.

Seus olhos se encontraram com os meus e era impressionante como as borboletas sempre se agitavam quando ela me olhava daquele jeito.

— Medo? De me perder? — balancei a cabeça, concordando.

— Não é possível que não notou, Meggie.

A modelo apertou minha camisa, descansando a mão em meu quadril.

— Não é possível que não percebeu que eu sou louco por você. Que não não percebeu que estou apaixonado. Você me fez apaixonar de novo.

Ela não me respondeu e por cinco segundos eu achei que era melhor eu ter ficado calado, que eu tinha fingir que o sentimento que teimava em queimar em meu peito, que eu descesse ir embora quando o mês que faltava acabasse.

Mas esses pensamentos foram embora quando senti o gosto do gloss de morango em meus lábios. Apertei-a contra mim quando ela inverteu as posições, me pressionando na parede.

— Seu irmão vai ficar um fera quando souber que você quebrou duas cláusulas do contrato — eu ri, mas uma parte ficou decepcionada por ela não falar que também estava apaixonada.

— É, ele vai — suspirei, pesadamente.

Ela me olhou, com aqueles olhos azuis lindos levando uma mão até meu rosto. Inclinei-me, aproveitando o contato.

— Relaxa, cantor. Eu vou dar conta de te falar também — meu coração saltou — Só preciso de um tempo. Me dê alguns dias para dar conta de absorver tudo. Nunca ninguém se declarou para mim e eu também não.

Dessa vez, fui eu que a beijei. Lento, apreciando o momento porque mesmo que ela não tivesse falado as palavras que eu quisesse ouvir já era o suficiente e eu entendia que o coração dela talvez estivesse confuso por causa da morte se seu pai e o quase sequestro de Otto.

— Eu espero o tempo que for preciso.

Foram horas de depoimento, entrei como testemunha assim como Milene. E ainda o exame de corpo de delito que Meggie teve que fazer. As outras modelos também foram, todas  abusadas durante a infância e adolescência por ele. Elas suspeitam que ainda possa haver mais jovens que sofreram na mão daquele homem.

Ele iria passar uns dias na cadeia do Brasil mas pelos boatos que eu já tinha ouvido, talvez ele não sobreviva até ser deportado.

No momento, eu estava na sala de recepção esperando Meggie voltar dos outros exames quando Enzo apareceu no meu campo de visão, no mesmo momento em que a modelo também saiu do consultório.

Ela não tinha o visto então, me abraçou quando chegou perto de mim. A envolvi nos meus braços mesmo quando meu irmão franziu o cenho se aproximando.

— Oi! Meggie, como está? — a garota se afastou de leve de mim, o que me fez sorrir internamente.

— Estou bem, obrigada.

Pela porta principal, Milene entrou segurando uma bandeja de cafés. Vi quando ela parou no meio do caminho arregalando os olhos, vendo eu e Meggie abraçados na frente de Enzo.

— E você Arthur? Está bem?

— Bem melhor agora que Meggie está fora de perigo — assentiu, enfiando as mãos no bolso do terno.

— Acho que devíamos conversar sobre como vamos proceder com o contrato depois de uma notícia dessa, não acham? Talvez reler algumas cláusulas.

Milene se aproximou ficando ao lado do empresário que a olhou rapidamente.

— Sobre isso, Enzo... — Meggie começou — O prazo é

Antes que ela terminasse, ele se pôs a falar:

— Claro, temos que dar mais alguns meses porque se terminarem daqui um mês as pessoas vão perceber — se virou para Mili — Não concorda? O que acha mais uns cinco meses?

Olhando em volta, a baixinha ofereceu um café a ele antes de falar:

— Melhor irmos ao hotel.


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