capítulo trinta e um

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ARTHUR MAZZA

Meggie adormeceu em meu peito, agarrada em mim como se eu fosse protege-la. E eu ia. Não importa se a merda do contrato não me permitia ter esse tipo de laço com ela.

Quando eu tive certeza que ela entrou em um sono profundo, tirei suas mãos de mim deitando-a confortável sobre os travesseiros. Dei a volta tirando os tênis e pegando uma coberta que estava na ponta da cama cobrindo-a. Antes de sair, também fechei as janelas.

Me encostei na parede do corredor respirando fundo no mínimo umas cinco vezes, tentando me manter calmo. As coisas que ela me contou, a dor em sua voz me fazia querer abraça-la e mante-la para sempre na segurança de meus braços. E aí mesmo tempo eu tinha vontade de encontrar o ser que não merece ser chamado de humano e descontar toda minha raiva em seu rosto e depois contempla-lo atrás das grades.

Ela era apenas uma criança... Merda! Uma criança! Não merecia ter passado por aquilo. Ela não merecia.

— Ei! O que está fazendo aí? — olhei para frente vendo meu irmão andar até mim sem seis sapatos.

— Estava com Meggie e você? — apontei para os pés descalços.

— Milene vomitou em mim, fala sério! — balancei a cabeça, sorrindo — Veio mais cedo com a modelo por que?

Caminhei até o quarto ao seu lado.

— Ela passou mal, muita emoção numa noite só — dei de ombros.

— Certeza? — me virei para ele, desanimado — Está passando muito tempo com ela.

— Porque você e Mili mandaram a gente criar conteúdo. São horas juntos, criamos uma amizade — adentrei no quarto jogando meu blazer longe.

— Espero que não esteja tentando quebrar o contrato.

— E se eu estiver? Vai me processar? Me impedir? — me aproximei — A vida é minha, já te obedeço demais e você não vai mandar nas minhas relações.

Enzo trincou as mandíbulas.

— Ela só quer sua fama — fechei as mãos em punho.

— Fica tranquilo, maninho. Não quero nada com Meggie.

Entrei no banheiro batendo a porta. Joguei minhas roupas longe entrando debaixo da água quente enquanto minha cabeça girava tentando processar todas aquelas sensações que eu estava vivendo ultimamente. Tentando processar o fato de eu estar me apaixonando outra vez...

Quando sai do banheiro encontrei o quarto vazio, me deitei na cama e não demorou para eu cair no sono.

Ainda tentava raciocinar o que estava acontecendo. Tentando entender o por quê eu tinha que me despedir sendo que a uma semana estávamos no meu quarto, rindo.

Meu pai passou as mãos nas minhas costas quando a enfermeira me chamou. Levantei sem olhar para trás, não queria ver o olhar de pena dos meus familiares.

Ela estava deitava na cama do hospital, o rosto pálido e tão fraca que demorou perceber minha presença. E quando a notou, um sorriso surgiu em seus lábios.

— Oi — falei, me aproximando e sentando-me ao seu lado.

— Oi — engoli seco, tentando não chorar — Desculpa por não te contar, não queria que sofresse comigo.

— Não vou brigar com você — ri, e falhei quando uma lágrima desceu.

Anne a limpou, com as pontas dos dedos. Segurei sua mão ainda no meu rosto aproveitando o contato.

— Eu te amo — declarei, fazendo ela fechar os olhos — Sempre vou.

— Arthur...

— Não precisa falar nada, eu sei que somos amigos e que você.. — parei de falar, sentindo um soco de realidade.

— Morrer? — a idiota riu — Eu vou conhecer o universo, pense assim. Meu sonho vai se realizar e finalmente vou ter uma estrela só para mim.

Um soluço saiu da minha garganta, era bem mais difícil lidar com a morte sabendo que ela estava por vir e saber quem ela ia levar.

— Posso te pedir uma coisa?

— Claro, faço qualquer coisa — disse, enquanto também limpava seu rosto.

— Promete?

— Eu prometo.

—Arthur, me prometa que você vai achar alguém que te ame de verdade, alguém que vai estar com você em todos os momentos de sua vida, alguém que cumprir as promessas feitas no altar no dia do seu casamento — balancei a cabeça, negando enquanto as lágrimas escorriam por meu rosto — Alguém que mesmo depois de anos você ainda sinta aquele frio na barriga, alguém que como a lua prometeu brilhar até que luz do sol se apagasse; te ame até uma batida do seu coração.

— Anne, por favor — supliquei, entrelaçando nossos dedos.

— Lembra que você me chamava de estrela quando éramos crianças? Sempre foi um romântico nato — sorri — Eu sei que você sente bem mais do que amigo sentiria por mim. Mas tenta entender que estrelas são paixões e eu fui uma de suas... A lua vai ser seu grande amor e eu vou estar lá em cima vendo quando achar sua musa.

— O que você está me pedindo, é impossível. Não vou te esquecer.

— Ah mas não vai mesmo, se me esquecer eu volto e puxo seu pé! — ela riu me cutucando — Eu te amo e só quero te ver feliz.

Assenti e ela me pediu um abraço. Inclinei-me com cuidado abraçando-a, ficamos em silêncio. Silêncio que se tornou um apito continuo e depois pisadas de médicos que vinham para desconecta-la das máquinas. Silêncio que se tornou meu choro e minha dor.

Sai correndo do hospital, para o jardim. Fechei os olhos mas abri quando senti a mão no meu ombro.

Não estava mais no jardim, estava no terraço do hotel. Olhei para o lado vendo Anne sorrir para mim. Ela brilhava como uma... estrela.

— Finalmente — sussurrou — Finalmente encontrou sua lua.

— Que? Do que está falando?

— Não se faça de bobo, Art — me cutucou com o ombro — Você soube que ela era desde as primeiras borboletas.

— Sabe que eu não posso né? — ela fez uma careta.

— Sei, você tinha que dar um jeito de fazer tudo dar errado — resmungou — Mas, não tem como fugir do amor. Não importa o que faça.

Anne se levantou e pulou do terraço, gritei e ela riu aparecendo na minha frente rindo ou melhor gargalhando enquanto flutuava ou voava, não faço ideia.

— Eu já morri, não tem como fazer isso de novo — revirei os olhos — Obrigada por cumprir sua promessa, pensei que nunca fosse — gritou enquanto subia e subia pra cima, observei-a até a perder de vista.

Naquela manhã eu acordei assutado. Fazia meses que eu não sonhava com Anne e geralmente eram sonhos que me faziam gritar durante a madrugada e esse me fez pensar em alguém logo que abri os olhos

Tudo Pela Fama. {completa}Onde histórias criam vida. Descubra agora