capítulo trinta e quatro

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ARTHUR MAZZA

— Cadê ela? — Milene apontou para o corredor.

— Último quarto.

Assenti e corri até lá. Mili me ligou a horas atrás, quando Grayson entrou na cirurgia e me explicou toda a situação já que Meggie apenas disse que precisava vir embora me deixando sozinho e preocupado no Brasil. Tentei mandar mensagem, ligar mas nada deu certo. Até Enzo ficara preocupado, o que é raro.

Com a ligação da empresária e como me lembrou que eu podia acalma-la já que no dia da balada eu fiz isso, peguei meu avião e vim direto para sua cidade.

E no meio da caminho eu tive certeza que eu estava totalmente rendido pela dona dos olhos de verão.

Bati na porta, umas cinco vezes mas nenhuma foi respondida por isso em uma atitude que eu considerava errado mas totalmente por impulso eu abri a porta, o quarto estava vazio e não me importei em observa-lo apenas avancei até a porta do que eu achava ser o banheiro.

— Ei, Meggie? — chamei, ouvi seu fungado — Posso entrar? Responda se eu não poder, por favor.

Não teve resposta.

— Estou entrando — abri a porta encontrando-a.

Sentada no chão, Meggie estava encolhida e com o rosto escondido. Agachei-me na frente dela fazendo-a me olhar, com os olhos vermelhos e tristes. Limpou o rosto rápido e forçando um sorriso disse:

— Arthur? O que faz aqui? — fiquei sério até ela baixar a cabeça novamente, espremendo os lábios — Ele se foi.

Envolvi seu corpo no meu, me sentando no chão frio do banheiro. Foram longos minutos de silêncio, além do choro da garota que não me surpreenderia se ela tivesse segurado as lágrimas o dia todo.

— O que está fazendo aqui? — perguntou, recuperando o fôlego.

— Vim te ver e nem vem me falar que não precisava — ela sorriu, docemente — Está com fome?

— Não — suspirou — Obrigada, por ter vindo.

— Vamos sair do banheiro? —ela concordou e nós dois caminhamos até a cama nos deitando —  Sabe que pode contar comigo para o que for, não sabe?

— Até depois do contrato? —suspirei pesadamente, passando a mão por seu rosto.

— Até depois do contrato.

— Meu pai gostava de você, mesmo sem te conhecer — comentou — E ainda sabia que era tudo mentira entre nós.

— E o que ele achou disso?

— Bem, disse que em toda mentira a uma fundo de verdade — senti meu coração pular para fora durante alguns segundos.

— Você concorda? — Deu de ombros, se aproximando.

Meggie, se acomodou em meu peito, escutando meu coração que provavelmente estava batendo mais forte que o normal.

Passei minha mão por seu cabelo, tirando de seu rosto, molhado por lágrimas comprovando a dor da perda.
Seus ombros começaram a subir para cima e para baixo mais devagar e seus dedos brincavam na minha camisa.

— Você pode cantar? — sua voz, baixinha chegou aos meus ouvidos. E sem pensar duas vezes, comecei a cantar a primeira música que veio em minha mente:

Deixa - Lagum e Anna G. Saiu quase como um resmungo, um leve cantarolar. Bem aos poucos minha voz se tornando um som bem baixo no quarto, quase inaudível. Sentindo apenas meu peito vibrar, sussurrando cantei o refrão:

— Não tem nada de errado, pode confiar mim.
Então, deixa eu tentar cuidar de você
Que eu deixo
Pra amanhã o que eu tenho pra fazer...

Ela não entendia o que saia da minha boca, mas tudo o que eu queria era que ela soubesse que eu estaria disposto a cuidar dela. Ficar ao seu lado em todos os momentos. E que estaria disposto a cantar só para ela quantas vezes quisesse.

Queria que ela soubesse que eu estava completamente apaixonado.

Quando eu pensei que tinha pegado no sono me preparei para levantar mas sua mão agarrou a minha, impedindo-me.

— Arthur, pode dormir aqui?

E eu poderia recusar?

Tirei meus tênis e voltei a deitar na posição que estávamos. Ela de agarrou em mim e em silêncio eu fiz uma promessa, que se ela sentisse da mesma forma que eu, nunca a deixaria dormir sozinha novamente.

Naquela manhã, sai do quarto apenas quando Meggie estava acordada. Me arrumei e a esperei na sala junto com Milene.

— Acho que ela vai querer suspender o contrato— sussurrou.

— Ela tem total direito de querer isso, está bem escrito naquelas linhas que se um de nós dois não quiser mais seguir com isso pode sair fora — falei, baixo.

— E você não quer isso.

— É, eu não quero — passei a mão no cabelo.

— Vocês dois foram loucos de quebrar uma regra que Enzo fez — olhei para ela, surpreso— Não quero estar perto quando ele descobrir. Vi vocês dois diversas vezes saindo um do quarto do outro, ainda bem que seu irmão é sonso.

— Não vai descobrir, eu e Meggie fizemos um trato. Iriamos ficar juntos durante esses meses escondido de vocês no entanto, não poderíamos nos envolver no quesito sentimental — ela abriu a boca.

— Aí meu Deus! Você está apaixonado — me levantei quando a porta de Meggie se abriu no fundo do corredor — Relaxa, cantor! Você consegue fazer ela se apaixonar por você se já não estiver.

Sorri sem jeito e fui até ela, abraçando-a de lado e fomos para o carro onde sua mãe nos esperava. O velório foi coisa rápida, não tinha quase ninguém e pelo o que soube a família não tinha muitos familiares por perto, no máximo alguns amigos da vizinhança.

Deixei Meggie sozinha com a mãe sabia que as dias precisavam ficar juntas por mais difícil que fosse. Eu não sabia a dor de perder um pai, mas poderia imaginar que não fosse nenhum um um pouco fácil.

Eu, não tinha nenhum contato com Grayson, conversei pouco com ele nas vezes que ligava para mim no meio tarde para apenas saber como estava a viagem e sempre dizia que eu ganhava pontos por responder a coisa certa. Mas me emocionei ao ouvir tantas palavras de carinho direcionadas a ele como homenagens.

O enterro foi ainda mais doloroso, ainda mais para Sr. Slow que me abraçou forte já que a filha estava abraçada ao seu padrinho, único tio que eles tinham contato.

— Obrigada por vir, Arthur — agradeceu, depois de um tempo — Bom saber que minha filha tem pessoas boas ao lado dela.

— Pode contar comigo, para o que for — garanti, olhando os coveiros jogarem a primeira pá de terra depois das flores jogadas por todos os presentes.


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