Dezoito.

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Graziela narrando.

Minha vida tava fluindo, vocês acreditam? Eu e WP estávamos tentando ficar juntos. VT meio que já sabe, mas fica se fazendo de mula.
Eu estava fazendo curso de alongamento de unha, não tinha nada pra fazer, vamos estudar, não e ? Atrás do progressão, não quero viver sempre dependendo da vida bandida dos meninos.
Já se passaram 4 dias desde que VT descobriu que Inaê demonstrou que pouco se importa com ele, versão do próprio. Depois disso, ta sendo só ladeira abaixo.
Como uma pessoa que nem teve nada sério com a outro, não teve relação sexual, está sofrendo desse tanto? Isso é, não digo sofrer, porque é uma palavra muito forte.
Ultimamente, ele chega em casa drogado, ruinzao, vez ou outra chega com umas piranha que eu vou te falar, vou dá um chega pra lá nele. Dentro da nossa casa, eu não aceito essa putaria, tá é tirando já.
Meu celular começou a vibrar, várias mensagens.

~ Começo de conversa.

Inaê rapariga 🦋: Oieeeee, está com raiva de mim?
Inaê rapariga 🦋: me desculpe, sei que esses dias não venho agindo como uma amiga de verdade 🥲
Inaê rapariga 🦋: fiquei muito assustada com o que rolou. Estarei chegando hoje a noite. Eu amo você, e sua amizade, não quero perder por bobeira minha. 🥺
Inaê rapariga 🦋: podemos marcar de tomar umas no asfalto? 🥳
Visualizei. Pensei muito no que fazer. Apesar de tudo, sinto falta dessa maluca.
Grazi TremBala 💣: eaiiiii maluca. Bora sim, fica tranquila, chegar na favela me avisa, que eu passo na tua casa e a gente parte pro asfalto. Amo tuu, doida. ♥️

~ Fim de conversa.

Ainda bem que eu já tinha arrumado meu cabelo, marcava exatamente 17:30, os galos já se preparava pra cantar e ir dormir.
Fui até a cozinha e peguei um energético, colocando meu celular e o mesmo em cima do balcão.
Me apoiei nele, e vi a porta da sala se abrindo.
VT e duas rapariga... Respirei fundo. Ergui a sobrancelha.
Grazi: Tu tá ligado que tá virando bagunça né? - ele me encarou.
VT: sobe as duas.- disse autoritário. Cruzei os braços.
As duas me olharam e eu dei dedo, palhaçada. Logo elas subiram rapidin.
VT: tá me tirando é? - falou sério. - dentro da minha casa?
Grazi: você mora sozinho nessa porra aqui? - falei, me estressando.
VT: não tá gostando, vaza. - encarei o mesmo sem acreditar.
Grazi: pode crê, nao preciso de um otario igual você na minha vida. - o mesmo me olhou, parecia ter visto o diabo.
Quando percebi o mesmo segurava meu braço com força.
VT: me respeita caralho. eu falto morrer pra te dá conforto e você tá nessa. - cravei a unha no antebraço do mesmo.
Grazi: EU NAO TO NEM AÍ. - gritei. - EU TO CANSADA DESSAS TUAS ATITUDES DE MOLEQUE. TODO DIA UMA GRACINHA NOVA. UMA IDIOTICE NOVA. TA FICANDO PIOR QUE O PAPAI. - os olhos do mesmo escureceu, e eu só senti a ardencia no meu rosto. Arregalei os olhos, e me soltei dele. Colocando minha mão em cima do local atingido.
VT: Não me compare a ele. - falou, frio.
Grazi: você é um fracasso. - sussurrei.
Peguei meu celular e sai dali, estava desorientada real.
Nunca imaginei essa cena, tínhamos discussões, mas não a ponto dele levantar a mão pra mim.
Caminhei as ruas da favela, sem rumo. Meu rosto encharcado de lágrimas, uma dor enorme no peito.

[...]

Tive poucos momentos com meu pai. Pouquíssimos, VT não era muito fã dele por ele bater na mamãe, mas eu gostava dele. Ele sempre dizia pra eu não deixar um homem fazer o que quiser de mim.
Fui pro pico da favela, local de difícil acesso. Ali você podia ver a favela toda, até certos locais do asfalto.
Fiquei ali um bom tempo refletindo, meu celular não parava de tocar, e meu coração em pedaços. Victor me decepcionou 100%...
Quando dei por mim, já era noite. O tempo se fechava, ameaçava chover a qualquer hora. Respirei fundo. Hora de encarar a realidade.
Comecei a descer o morro, e logo senti os pingos. Acelerei o passo e em questão de minutos a chova engrossou.
Vi um carro se aproximando, ergui a sobrancelha e continuei meu caminho.
WP: caralho, te procurei em todos os lugares. - parou bruscamente.
Olhei pra ele e forcei um sorriso. Entrei no carro e ele me olhou.
WP: o que tá pegando? - neguei. - são quase 23 horas, inaê tá doida atrás de você, e o mano todo preocupado.
Grazi: teu mano deveria ter falado. - falei irônica. - na hora de meter a mão na minha cara ele é bom, e depois quer pagar de bom samaritano? Aqui não. - falei seria.
WP me puxou lentamente pela nuca, me beijando com carinho. Ele era a minha melhor pessoa, não tem como.

Entre nós: Amor e crime.$2 Onde histórias criam vida. Descubra agora