Quarenta.

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Inaê narrando.

Revirei os olhos, tinha horas que Grazi era boba demais.
Estávamos em uma sorveteria aqui da barra mesmo. Um luxo total. Ainda bem que fui esperta e guardei umas economias.
Inaê: eu vou embora. - Grazi me olhava atenta. - e você vai me ajudar nisso.
Grazi: e eu fico aqui pra ver a fera querer me matar? - me olhou em dúvida. - Inaê, você tá esperando um filho dele, querendo ou não. Ele vai surtar legal.
Inaê: que surte, eu não vou ficar aqui pra ver o que esse povo todo é capaz. Você tem noção de quantas mensagens me ameaçando eu recebo todos os dias? Eu vou ficar aqui esperando alguém me matar e matar meu filho? - falei seria.
Grazi: e pra onde você quer ir? - mudou de assunto.
Inaê: fora do país. Sei que VT não pode ir atrás de mim. Quando a criança estiver maior, eu volto. Mas se eu tiver uma vida melhor do que aqui, eu nem apareço.
Grazi: e a gente? - falou, nervosa. - porra Inaê. Porra.
Tô vendo que nessa, eu vou ter que me virar sozinha. Encarei ela, ficando calada. Esperando a mesma se acalmar e voltar ao assunto.
Grazi: eu não vou poder. - sussurrou. - é errado, mas é meu irmão. É meu sobrinho. - concordei.
Inaê: tudo bem. É sua família. - forcei um sorriso.
Eu não ia dá murro em ponta de faca, ainda bem que nem falei qual seria meu destino.

[..]

Eu iria completar 5 meses, isso era bom, porque se tivesse nascido, ia ser uma burocracia pra poder sair do país com a criança.
Renata; tem certeza? - disse me entregando o passaporte. - amiga, ele vai enlouquecer.
Inaê: mas você é a última pessoa em que eles vão pensar em ir atrás de notícias. - disse olhando meus documentos.
Renata: será que é errado eu ajudar uma cidadã de bem a fugir do seu namorido meliante? - rimos, e eu neguei.
Inaê: pra lei não, mas pra eles.. aí é que pega! - ela arregalou os olhos. - mas tem tempo que não falo de você, não vão lembrar de ti. - dei de ombros, indo arrumar minhas malas.
O bom da Grazi, foi que ela trouxe minhas coisas tudinho, enquanto VT ficava na gandaia. E quando ele perguntava, ela dizia que eu ia lá na maciota e pegava.
Renata: não vai se arrepender? - me olhou, enquanto eu arrumava tudo.
Inaê: arrependo de ter me envolvido nisso tudo. - suspirei.
A passagem era pra madrugada, Renata iria me levar. No relógio marcava 23:40, meu celular não dava um descanso.
Atendi quando Grazi ligou.

Começo de ligação.
Grazi; e aí, desistiu dessa loucura? - ouvi a voz do VT no fundo.
Inaê: sim amiga, tomei os remédios que o médico receitou e da muito sono. Tô indo dormir tá? Amanhã a gente se ver. Beijos, te amo. - meu coração tava pequenininho.
Grazi: tá bom amiga, amo vocês.
Fim de ligação.

Renata me olhava curiosa, segurando o riso.
Inaê: para com isso. - taquei o travesseiro nela.
Renata: você vai cursar o que mesmo? Ah é, teatro né? - a mesma caiu na risada. Eu neguei, rindo.
Terminei de arrumar as malas era 01:20, o vôo saia 03:20, colocamos tudo dentro do carro e fomos em direção ao aeroporto.

[..]

Renata: eu vou sentir muita falta sua. - fez bico. - pelo amor de Deus, não esquece de mim.
Inaê: amiga, eu nunca vou esquecer de ti. Olha o que você tá fazendo por mim, e por ele. - apontei pra barriga. - nós te amamos. - abracei a mesma.
Chamaram meu vôo novamente, me separei da mesma e fui em direção ao vagão.
Meu coração palpitava, e eu nem sabia que tinha toda essa coração. Vamos lá, vida nova a vista.
Entreguei meus documentos e fui entrando na porta, olhei pra trás e dei meu último tchauzinho pra Renata e pro Brasil.

Entre nós: Amor e crime.$2 Onde histórias criam vida. Descubra agora