Cinquenta e um.

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Inaê.

Isso era um teste de sobrevivência, e só ganhava quem fosse o melhor. VT era uma pedra no meu caminho, maldita hora em que eu fui pisar meus pés aqui.
Suspirei. Meu coração e minha mente estavam a mil.
Desci pra casa de minha mãe. Ela estava com Aurora, mas ninguém sabia. Abri o portão e já fui entrando.
Aurora dava gritinhos finos, seguidos de gargalhadas. Procurei a mesma e não achei. Logo senti um cheiro gostoso vindo da cozinha, fui até lá e vi minha mãe.
Inaê: Aurora tá brincando com quem? - ergui a sobrancelha. A mesma se assustou e me olhou.
Conceição: menina, que susto. - sorriu fraco. - Ela está lá em cima. - deu de ombros. - vai lá.
Apenas concordei, indo até o local que vinha as gargalhadas escandalosas.
Parei na porta assim que vi aqueles cabelos cacheados fazendo cosquinhas em Aurora. Não vi o tempo passar, nem sei quantos minutos fiquei ali.
Aurora: mamãe.. - veio correndo em minha direção. - a senhola conhece a tia glazi? - apontou pra ela que estava ali em minha frente.
Quanto tempo.
Respirei fundo e concordei.
Aurora: ela gostou de mim. - sorriu. - eu gostei do cabelo dela. - sorri de lado.
Inaê: o cabelo dela é bonito né, amor? - falei só pra ela ouvir, e a mesma concordou. - vai lá na vovó, daqui a pouco eu tô indo.
Ela foi correndo, e gritando pela avó.
Olhei para Grazi que já estava sentada na minha antiga cama. Ela me olhava esperando uma explicação, apenas neguei.
A mesma se levantou e me abraçou. E eu? Retribui.
Grazi: porra Inaê. - deu um tapa na minha cabeça. - você é maluca.
Inaê: fiz isso por ela. - a mesma concordou. - e agora seu irmão não deixa mais eu ir embora. - bufei.
Grazi: nem eu deixo. Você viu aquilo? Essa menina é um ouro na nossa vida. - eu sorri. - ela sabe dele? - neguei.
Grazi concordou.
Inaê: não fala pra ele que ela tá aqui. - a mesma me olhou em dúvida. - ele não quis um encontro. - ela riu fraco.
Grazi: tá bom.

_

Inaê: você sabe que eu não queria vim né? - falei, me sentindo deslocada naquele baile funk. Meu tempo havia passado. E eu só queria tá com a minha neném.
Grazi: aquieta o faixo. - fez careta.
Hoje era show do Ret, amo muito, de coração.
O baile tava lotado, cheio de burgueses ssfados e o pessoal da favela.
WP: olha ela. - chegou me abraçando. - que saudades cara.
Inaê: eu também irmão. - retribui o abraço.
Fomos no bar e pegamos um combo de uísque e fomos pro camarote.
Ele já estava ali. Com uma blusa gola polo branca, e uma bermuda de lavagem escura. E um Nike preto. Cheio de colares e um relógio, tudo de ouro.
Respirei fundo e fingi que nem tinha visto o mesmo. Era muita emoção para apenas um dia.
23:40 Ret entrou no palco. Cantou várias músicas.
Inaê: Ela é caçadora de emoção, no modo animal é um vulcão.. já vejo esse caso no meu quarto, teu cabelo enrolado na minha mão.. - cantarolei.
Grazi: Sangue à flor da pele, suada.. Nosso corpo virando um só, O mundo deu um nó, Deus existe e a prova é que eu 'to - continuou.
Todos: Dentro de você... Mais forte que um caça, Mais rápido que um jato, Voando muito alto. - olhei pro lado e VT me olhava.
Meu corpo começou a ficar eletrizado. Essa música era ótima, na voz do Ret então, era um hino para os meus ouvidos.
VT não disfarçava por nada, parecia um leão esperando um pedaço de carne. Ele era maravilhoso, todo lindo, que saudades da época em que éramos um só.
Minha garganta fechou e uma vontade de chorar tomou conto de mim.
VT: Fui deixando acontecer, Sempre me amei primeiro
Não queria me envolver
Uh uh yeah, Acho que foi o seu jeito
Foi assim que me entreguei, Acordei no seu travesseiro... - cantarolou no meu ouvido, causando arrepios por todo o meu corpo.
Minha respiração começou a cortar, e ali, eu sabia que ainda era vulnerável perto daquele homem.

Entre nós: Amor e crime.$2 Onde histórias criam vida. Descubra agora