Vinte e três.

2.1K 101 1
                                    

Grazi narrando.

Encarei o garoto que tanto olhava Inaê, e não era possível. Era o China. O rival do meu irmão. Agora o circo pega fogo.
China era melhor amigo do VT, mas logo tudo mudou quando VT tomou posse da favela, e tinha Bruna do lado.
Ele era um bobo apaixonado pela mulher do amigo. Foi aí que começou as rivalidades.
Bruna sempre gostou de ostentar, e vivia colocando coisa na cabeça do meu irmão e do China.
Inaê: quem é? - me olhou, curiosa.
Grazi: mas se ele tá aqui, e a Bruna também, tem algo que não tá batendo. - falei, sentindo meu coração palpitar.
Inaê: não tô entendendo mais nada. - falou, preocupada.
Grazi: a gente tem que sair daqui. - puxei inaê.
A mesma me seguia sem entender nada. E eu não sabia o que fazer. Meu coração começou a apertar.
Logo estávamos fora da boate. E vi uns homens seguindo a gente. Puxei Inaê, e saimos dali a milhão, até o nosso carro.
Adentramos e logo vi os mesmos homens procurando a gente.
Grazi: xiu. - fiz gesto pra Inaê, para que ela ficasse calada.
Ainda bem que o carro era todo filmado, então ninguém poderia ver se a gente estava ali.

[...]

Depois de uns 30 minutos, desistiram de procurar a gente. Liguei o carro e saimos dali o mais rápido possível.
O relógio marcava 04:50 da manhã. Já tinha pequenos movimentos na avenida.
Logo chegamos na favela, gaguin tava na contenção.
Gaguin: Rapaz, quero nem ver o que o chefe vai fazer com vocês. - falou, rindo.
Inaê: teu chefe tem é que criar vergonha na cara dele. - falou, arrastado.
Grazi: vou nem colar lá hoje - dei risada. - falou gaguin, bom final de plantão ae.
Eu e inaê fomos pra casa dela mesmo, hoje eu dormiria lá. Mais tarde resolveria o caso com a fera, vulgo meu irmão.

Inaê narrando

Acordei numa ressaca braba. Marcava 15:20 da tarde. Já dava pra ouvir crianças gritando, e o som estralando.
Grazi estava deitada no colchão no chão, morta não, além.
Respirei fundo e peguei meu celular. Tinha várias ligações, mensagens e a porra toda. É hoje que eu vejo o cão possuído.
Logo escutei alguém batendo na porta, e a mesma se abrindo.
Conceição: Boa tarde, filha. - sorriu. - O VT tá lá no portão querendo falar com você. - senti um frio passar pela espinha.
Inaê: e a senhora falou que eu tava aqui? - arregalei os olhos.
Conceição: Gaguin já tinha falado que vocês chegaram 04 e pouco. - concordei.
Inaê: fala que eu já vou. - falei, tentando manter a calma.
Ela concordou, e saiu fechando a porta.
Eu tinha que inventar algo. Ou contar a verdade. A gente não tinha nada. E do jeito que tá, eu não quero mais.
Levantei, escovei os dentes, calcei minha havaianas e fui lá no portão. Preparada para a luta.
O mesmo estava conversando com os moradores. Quem via assim, nem pensava que aquilo era o cão purinho.
Inaê: O que você quer? - falei, chamando a atenção do mesmo. Ele me olhou, sério. Neguei.
VT: Bom dia, ou boa tarde? - falou, debochado.
Inaê: Ah, sem dúvidas bom dia. - devolvi o deboche. - Ainda não almocei.
VT: brinca muito. - falou, me encarando. - Tu não me escuta mesmo né ? Falei que não queria você na pista, e muito menos nessas porra de boate.
Inaê: não vem pesar minha mente. - cruzei os braços. - eu faço da minha vida, o que eu bem entender.
VT: Mas a partir do momento que você ficou comigo, eu mando e desmando.
Inaê: nem no seu sonho. - dei uma piscadela. - vai encher o saco da suas piranha e vê se me erra. Eu não quero mais nada contigo. Nasci pra ser amada, e não pra ser mais uma na tua vida. - ele me olhou, curioso.
VT: que porra é que tu tá falando? - começou a ficar nervoso.
Inaê: tu acha que eu não sei, Vitor ? Você fala que fica só comigo, mas depois tá lá comendo outras. Aqui não, filhão. - ele fez careta. - E se você não entendeu, eu repito de novo... Não quero mais nada contigo, não me procura e se me ver na rua, finge que não me conhece.
Nem esperei ele responder e já saí correndo pra dentro de casa. Eu estava em dúvida, meu coração não estava feliz por aquela escolha maluca, mas era o correto a se fazer, não estava ali pra fazer papel de trouxa.

Entre nós: Amor e crime.$2 Onde histórias criam vida. Descubra agora