Cinquenta.

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VT narrando.

Dois dias se passaram e Inaê não deu sinal de vida. Achei que seria mais fácil lidar com ela, mas tava pior do que quando nos conhecemos.
Tava no quartinho terminando de tomar tudo, e da fim no meu turno. Hoje era dia de lazer. Um bom uísque pra relaxar. Eu precisava descansar, tava num perrengue que só.
Grazi: e aí. - ela só falava o básico comigo. As coisas mudaram radicalmente. - WP pediu pra falar que o moleque foi embora. Inaê tá virada numa onça. - concordei. - eu espero do fundo do meu coração que você saiba o que está fazendo. Inaê virou uma pessoa pública. Se alguém ficar sabendo que vocês tiveram um envolvimento e Aurora é filha de traficante, a carreira dela vai por água a baixo e você nunca mais vai ver a menina. - a mesma nem esperou eu responder e saiu dali.
A encrenca sabia usar as palavras, mexia com minha mente legal. Será que tem alguém aí que fica do meu lado? Posso ter errado a três anos atrás, mas eu mudei caralho.

_

Baltazar: fala tu meu chefe. - falou pelo radin. - tem uma morena querendo subir pô, querendo falar contigo.
VT: de qualé? - falei sério. - quem é a alma?
Inaê: fala pra esse escroto andar logo, eu tenho uma filha pra cuidar. - falou ignorante.
VT: traz ela aí, Baltazar. - ele riu. - essa fera eu consigo amansar.
Inaê: vá te lascar. - respondeu bruta.
Terminei de passar aquele Malbec, coloquei meu colar, pulseira e relógio. Calcei meu tênis brabo e desci.
Gago: Tá porra, esse brabo é gostoso. - os moleque riram.
Xispa: eu dava toda hora. - WP negou rindo.
Flavin: tá maluco, esses moleque é viado demais. - gago mandou dedo pro mesmo.
Nuno: hoje é dia que eu quero chegar na casa da coroa engatinhando. - os moleque gritaram.
Xispa: cuidado com Pierre - ele riu. - enquanto cê acha que tá engatinhando, tá levando por trás. - dei gargalhada.
Nuno: tá me tirando, maluco? - falou rindo.
Logo todos ficaram calados. Olhei pra porta e lá tava ela. Toda cheia de marra, cheia de si, com ódio que deixava o clima tenso.
Dei um sorriso irônico e a mesma bufou.
Gago: gente, o que eu perdi? - tentou aliviar a tensão.
Inaê: perdeu nada, gago. - falou sério. - Oi pra vocês.
Os meninos responderam e eu continuei calado, no meu canto.
Inaê: podemos conversar? - se aproximou. - não vou demorar.

[...]

Inaê: você pode me explicar que merda você tem na cabeça de mandar o Adrian embora? - tentou manter a calma, mas dava pra ver que ela tava surtando.
VT: falei pra você que os jogos haviam começado. - falei olhando pela sacada, bolando meu Beck. - propus um acordo, tu não quis.
Escutei a mesma respirar fundo. O perfume dela exalava por todo o escritório. Me causando um certo desconforto e desejo pela mesma.
Inaê: só um encontro. - sussurrou. - eu não posso ficar no Brasil, vou ter que voltar na próxima semana. Você conhece ela e eu vou embora. - encarei ela, não acreditando naquilo. Neguei. - o que? Não é isso que você queria?
VT: larga de pensar só em você. O egoísmo tá fazendo parte da tua vida. - ela me olhou. - eu quero ter um tempo com minha filha, quero fazer parte da vida dela, do crescimento. - ela negou. - você não vai embora daqui de novo, você não vai levar ela. - falei estressado.
Inaê: você não pode me proibir disso. - ergui uma sobrancelha e ela se levantou. - não dá pra entrar em consenso com você.
Neguei. Ela tava errada e ainda queria ser a dona da razão.
Eu tava me segurando muito pra não falar poucas e boas pra ela, mas é passado.
VT: olha os bagulho que tu joga na mesa... - encarei ela - tá comendo bosta é? Ficou a gravidez toda sei lá onde e mais três anos escondendo a menina e agora me vem com essa de que é só uma porra de encontro e depois vai vazar... Tu fez essa menina com o dedo é? - falei me exaltando. - você não tem esse direito. Você sabe que quando tu tava grávida eu fazia de tudo, eu já era maluco pela criança e na primeira oportunidade, tu tirou ela de mim. - a mesma ficou calada. - eu não vou deixar você tirar de novo.
A mesma só me encarou e saiu dali nas pressas.
Meu sangue pulsava de ódio, que garota infantil.
Peguei a primeira coisa que vi na frente e taquei na parede, que inferno.

Entre nós: Amor e crime.$2 Onde histórias criam vida. Descubra agora