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Zoey observou uma estrela cair sobre seu dedo indicador enquanto a nota ressoava pelo cômodo. Ela soltou uma risadinha quando a estrela tocou sua unha tão miúda, mas não a sentiu – ela queria tanto saber se eram tão macias quanto pareciam, como uma bolinha de algodão brilhante.

Ela suspirou. A música ainda reverberava pelo seu corpo como um segundo ou vários corações, como se cada nota fosse tão viva quanto ela. Olhou para a partitura apoiada acima das teclas e Zoey balançou os pés pequeninos, virando as páginas, os fracos raios de sol que adentravam da janela redonda lá no alto da parede iluminando a salinha.

Alguém fungou. Zoey piscou e olhou para o lado, e viu olhos redondos a fitando. Suas orelhas pinicaram e ela se encolheu quando um menino saiu de trás do piano, apertando a barra da blusa, como se estivesse tentando se esconder dentro do pano, as bochechas redondas coradas, o nariz arrebitado. Ela engoliu em seco, olhando para os lados, para a porta aberta. Zoey nunca tinha visto aquele menino antes.

— Quem... – a voz dela saiu rouca, as bochechas esquentando. – Quem é você?

O menino olhou dela para o piano, do piano para ela.

— Noah.

Zoey torceu os dedos dos pés dentro dos sapatos velhos.

— Você é novo aqui no orfanato?

Noah balançou a cabeça, bagunçando os cabelos escuros ondulados.

— A música... – ele apontou para o piano, a voz tremula e fina como de uma menina. – É bonita.

Zoey sentiu o peito inflar, uma sensação engraçada ali. Era a mesma sensação de quando as crianças do orfanato diziam, quando as irmãs que cuidavam deles batiam palmas com um sorriso.

— Toca. – Noah deu um passo para mais perto. – Toca de novo.

Zoey o encarou. As irmãs sempre pediam para que ela não tocasse aquela música depois que aquela menina fora embora, para que Zoey não ficasse triste – era impossível. Precisava tocar a música como se aquilo fosse um tipo de sorvete que pudesse sempre provar, porque ter sorvete ali era só a cada dois meses.

Só que o piano estava ali, não estava? Ela não precisava tocar a cada dois meses. Podia tocar sempre que quisesse.

Zoey franziu os lábios, batendo no estofado velho do banco para que Noah sentasse também. O menino pareceu hesitar por um segundo e então subiu no banco, batendo a testa no processo e Zoey riu sem querer. Ele fez um biquinho, passando a mão onde ficara rosado e deu um peteleco no braço dela.

— Qual é o seu nome? – Noah perguntou antes que ela tocasse nas teclas.

— Zoey. Meu nome é Zoey.

Their war, our curse - FBTG Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora