Ela tentou não revirar os olhos. Apenas soltou um suspiro exasperado, caminhando em direção aos dois seres rancorosos na calçada da Ordem.
Kira olhou para o relógio no pulso, a brisa gelada de final de tarde esvoaçando seus cabelos, e agradeceu por estar com o uniforme de combate para aquecer a pele. Aquelas meninas aparentemente não tinham senso de compromisso, e ela estava sem paciência para poder retrucar com elas.
A garota mais baixa de cabelos claros encontrou com seu olhar, um sopro de acidez que logo substitui-se por gentileza. Se Kira não soubesse a aversão que toda aquela turminha tinha por ela e por toda a Ordem, julgaria aquilo como falsa simpatia.
— Distância do prédio, preferência pela sombra do que pelo calor do sol – Kira sorriu para a menina; Lisa, ela se lembrava, e voltou para a outra, Brooke. – Não sabia que vampiros sequer existiam.
— Preferimos não se misturar com a índole de vocês. – Brooke cruzou os braços, erguendo o queixo. Era impressionante o contraste de roupas entre ela e a mais baixa. – Precisamos de um acesso a um mapa.
— Ah? – Kira sorriu com ligeiro deboche. – Espero que não estejam desperdiçando o meu tempo.
Brooke emitiu um tch, enquanto Lisa observava o prédio da Ordem.
— Você deve saber sobre a história do bueiro – a garota com olhos afiados prosseguiu, a irritação relevando-se em seu sotaque forte romeno. – Voltamos lá para ir mais além e fomos atacados por matéria-escura. Rainhart especula que há um alquimista morando por lá, e queremos o mapa do subterrâneo daquela floresta. É a floresta de Courcelette. Fica em Shannon.
Kira franziu as sobrancelhas; o nome lhe era familiar.
— Certo – Kira se virou – Não posso deixa-las nesse vento gelado, e entregar um mapa de arquivo confidencial a crianças não é muito seguro do lado de fora. O pai de vocês deve saber muito bem disso.
Ela não esperou a reposta de nenhuma das duas e seguiu para de volta do prédio, ouvindo os passos das meninas atrás de si. Atacados por um monstro de matéria-escura em um bueiro. O nome da floresta era como um eco de dor, mas Kira não sabia exatamente em qual lugar a memória residia em sua mente. Além disso, aquelas meninas eram perspicazes – procura-la para verificar um mapa de uma floresta da cidade. Bom, era esperado que tudo o que houvesse de estranho rondando Quebec tivesse ligação com a Ordem. E para recorrerem diretamente a Kira deveria ser pela ausência de Lucca para poder fazê-lo.
Kira e as meninas atravessaram as portas do prédio, o barulho de passos para lá e para cá, de telefonemas chegando e do falatório contido de visitantes e Caçadores que perambulavam pela recepção. Ela as guiou até sua sala, observando o incomodo visível na curvatura da boca pintada de batom vermelho-escuro de Brooke. Lisa parecia apenas apreciar as prateleiras.
— Fiquem à vontade. Há café e chá na mesa, caso sintam fome.
Kira fechou a porta, respirando fundo. Ficar de olho em crianças era trabalhoso demais.
Ela abandonou o corredor de sua sala dobrando uma esquina, entrando em uma encruzilhada para seguir um outro corredor dentre a teia de aranha de mais corredores, cumprimentando alguns colegas de trabalho no caminho. Era reconfortante a sensação de saber que Vincent não estava no prédio para se deparar com ele e correr o risco de receber uma torrente de perguntas e flertes, embora este último parecesse mais reprimido desde a noite em que dormiu na casa do homem. Não que ela estivesse sentido falta das investidas dele, porém, Vincent parecia abatido demais com a ideia de que Lucca ia para sua casa só para tentar acalmar as próprias sensações para poder flertar com ela. Que tipo de hyung ele era pensando desta forma?
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Their war, our curse - FBTG Livro 3
FantasíaUma estrela cadente - um prelúdio do fim ou do começo? ★ CONFIRA A SINOPSE COMPLETA ★