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— Então é ny truy kuresh – Zoey levantou três dedos, abrindo um olho para Yiriz do outro lado da mesa. – Né?

— Você acabou de falar "os peixes peidam" – Yiriz cobriu a boca com uma mão, uma risada sendo sufocada, e caiu para trás no chão.

Zoey fechou a cara, jogando um lápis nele, a gargalhada agora ecoando pela sala. Havia pedido para que ele a ensinasse o alfabeto e a pronúncia enquanto esperavam por Mana e Lucca, mas as palavras se enroscavam em sua língua como se tentasse enrolar chiclete nela. Era mais complicado do que aprender fórmulas físicas.

A porta se abriu, Lucca e Mana trazendo consigo um aroma intenso de lavanda.

— Seu irmão pediu para que andássemos logo – disse Lucca com um sorriso, fechando a porta atrás de si.

Yiriz se recompôs, levantando-se do chão, secando as lágrimas.

— O que descobriram? Como aquelas criaturas sabem do meu idioma?

— Segundo o que Serah disse – Mana sentou em uma cadeira. – Ela foi abençoada com a linguagem das coisas inteligíveis a nós. Às pessoas desta camada.

Zoey franziu a testa, olhando para Yiriz.

— Ela poderia ser uma...

— Talvez não seja uma estrela, mas não podemos descartar Cassandra e Arhuem, que também vieram de outro lugar. – Lucca suspirou, tirando algo de dentro do bolso do moletom, colocando um papel em cima da mesa ao lado de Sextante. – Essas são as runas do que os céus diziam na localização do Sextante. Ela precisava de uma data, então demos a ela o dia em que o cristal caiu na cidade.

O coração de Zoey acelerou quando Yiriz pegou o papel, os olhos correndo pelas runas.

Brilhante, queima ao toque. Direciona, mas ainda lhe falta algo que lhe dá a vida. Espera, observando o que há lá embaixo, enquanto suas irmãs tão longínquas no mar escuro de outras galáxias, o dia em que guiará aquele que também lhe espera.

— Que poético – brincou Mana com um balançar para lá e para cá da cabeça.

Zoey encarou Yiriz que fungou, como se tivesse lido uma carta. Parecia como uma, de Sextante para ele – ou de Sextante para ela. O dia em que irá aquele que também lhe espera. Todas as estrelas estavam esperando pelo nascimento dela, lá no alto dos céus, onde não conseguiam enxergar o que havia além – como Yiriz havia dito uma vez.

Zoey se levantou, inclinando-se para Sextante, os dedos nas esferas menores. Yiriz colocou o papel de volta à mesa, e ela movimentou as estrelas do círculo das runas, o ruído metálico ressonando. Repetiu os mesmos movimentos no círculo de localização de Sextante e se afastou, as estrelas brilhando e brilhando e...

As esferas esmaeceram outra vez.

— Tenta seu aniversário – sugeriu Lucca ao seu lado.

Zoey moveu as estrelas, conferindo as runas com mais cuidado – e nada. Ela sentiu os galhos sob a pele murcharem.

— Eu fiquei pensando... – Mana levantou-se da cadeira, perambulando pela sala, dedos no queixo. – Se o cristal e toda a história da geração passada de amaldiçoados estão interligados, deveríamos então tentar com as datas de morte deles.

Zoey fez uma careta de horror.

— Vamos levar séculos para achar isso.

— Morrighan está fora por eliminação, já que você tinha apenas ela. – O rapaz apontou para Zoey. – Precisamos de cada árvore genealógica para procurar os óbitos. Eu tinha sugerido isso antes, e parece muito relevante agora.

Their war, our curse - FBTG Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora