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Nimue relinchava, resmungando como se contra sua vontade ter que carregar a carroça com o monstro-lagarto morto.

— Você será recompensada. Não seja turra. – Morrighan afagou a crina da égua com um sorriso e deu uma olhada na carroça que estalava velha, o ruído metálico da única roda de madeira tilintando contra o chão de pedra da ponte.

A guerreira havia muito voltado do castelo, deixando uma nota para Mary antes de sair de seus aposentos, seguindo de volta para Ratagan e cavalgando para longe de casa antes que fizessem perguntas demais. Era um tanto quanto perigoso dormir no quarto de Mary, mesmo que suas damas fizessem um excelente trabalho em manter segredo sobre... o que estava além do véu da amizade entre a guerreira e a rainha. Era mais perigoso para Mary – rainha da Escócia com o peso do conselho da rainha da Inglaterra nas costas, uma fortaleza para destruir e um levante para controlar.

Morrighan secou a testa. Chuviscava, as gotículas afiadas, o céu mais cinzento do que o dia anterior, a bruma pairando acima da terra como uma nuvem pesada. No caminho para Kyle of Lochalsh, a guerreira havia se deparado com um monstro-lagarto, o corpo comprido como uma cobra, a pele lisa preta, dez olhos que brilhavam em rubro no topo da cabeça e dentes irregulares ladeados por projetos de braços com pequenas mãos fantasmagóricas. Era pesado – teria carne pútrida e sangue preto em abundancia para aquele rosto.

Morrighan olhou para o horizonte, onde o céu e lago se admiravam, porém nunca se tocavam. Ela estava ligeiramente ansiosa para rever Akasha, e não demoraria que o navio atracasse no porto de Ardfern. Gostava de ouvir as lendas de batalhas contra armaduras possuídas por Onis que a companheira contava.

Uma faísca aqueceu o peito sob o tartan pesado de Morrighan. Talvez – talvez – todas as quatro pudessem destruir aquela coroa de espinhos.

Morrighan piscou quando Nimue parou. Já haviam atravessado a ponte, e agora estavam encostadas num canto da estrada, onde além dos arbustos a fortaleza morava. A guerreira deu tapinhas nas costas da égua, desprendendo a carroça dela e puxou a alça, levando consigo o monstro-lagarto que começava a exalar o cheiro pútrido de peixe podre.

Corvos bicavam as raízes e alguns acabavam empalados pelos espinhos, sendo engolidos pela fortaleza como se tivessem pescado a ave. Morrighan assoviou, um sonido agudo e alto, afugentando os corvos, seus olhos encarando-os como se para avisa-los em não ataca-la de volta.

Como se a coroa de espinhos a tivesse identificado, emitiu um ruído, emergindo-se então, o rosto melancólico faminto.

— Trouxe o que queria. – Ela empurrou a carroça para perto das raízes, os espinhos estremecendo como se excitados. Estes fincaram-se no corpo do monstro-lagarto, ingerindo-o como um estomago. – Conte-me quem veio aqui.

Os lábios esculpidos do rosto tremularam.

— Aquela mulher está fadada ao declinio à escuridão... − A voz rouca e sisuda falou. − ... fadada como você.

Their war, our curse - FBTG Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora