22 - 𝘼 𝙍𝙚𝙖𝙡𝙡𝙮 𝙃𝙖𝙩𝙚 𝙈𝙮 𝙇𝙞𝙛𝙚

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— Pai? — Me assustei ao vê-lo.

— Onde você estava? — Ele disse com uma voz calma, mas mesmo assim dava para ver que ele estava puto da vida, em nenhum momento ele tirou o jornal do seu rosto.

— E-eu... — Droga, não conseguia dizer nada.

— Fala, Martina. — Ele gritou, atirando o jornal longe e vindo em minha direção. Jade Riu. — você não vai me dizer onde você estava? — Ele perguntou me olhando com certa fúria, chegava a ser doloroso.

— Eu estava... — Pensei. — Na casa da Mechi. — Menti legal, ou será que eu deveria dizer que estava me envolvendo com um gangster inconsequente e eu estava na casa dele? Não, esquece.

— Ah, na casa da Mechi? — Ele disse ainda desconfiado.

— Óbvio que ela está mentindo, amor. — Jade se pronunciou.

— Cala a boca, Vadia. Volta para a sua esquina. — Gritei.

— Olha o respeito, Martina. — Meu pai me repreendeu. — As vezes eu acho que eu fiz algo errado em relação à sua criação. — Ele disse respirando fundo e aquilo me doeu. — Mas enfim, ligue para Mechi, quero ver se é verdade. — Droga, fudeu a porra toda. Mechi não estava falando comigo, não sei se ela iria me acoberta, não sei nem se ela iria me atender.

Peguei meu celular com as mãos super trêmulas, eu estava mais do que fodida, Jorge nem precisaria se dar o trabalho de me matar, meu pai já faria isso. Ele não tirava os olhos de mim em nenhum momento, apenas esperando eu fazer tal ligação. Liguei, chamou. Mas só chamava mesmo, ela não me atendia.

— Atendeu? — Ele perguntou.

— Você ouviu algum "alô"? — O cortei
Liguei novamente, e ela não me atendia, liguei mais uma vez e nada. Amém, senhor.

— Pai, ela deve estar dormindo. Dê um tempo, por favor. — Senti um alívio me percorrer.

— Ligue de novo. — Jade disse, incrível como ela só queria ferrar com a minha vida.

— Não se meta, mas que droga mesmo. — Disse irritada com tudo.

— Ok, Martina... — Meu pai falou. — Eu vou dormir, estou super cansado, mas amanhã é outro dia. — Aquilo soou como uma ameaça.

Fui para o meu quarto e deitei em minha cama, perdida em pensamentos bons e ruins, eu estava exausta, então adormeci.

[...]

Mais um dia que eu não estava nem um pouco a fim de enfrentar. Levantei-me quase caindo de tanto sono, e o pior era que aquela escola era turno integral, eu não merecia tudo isso. Fiz minha higiene, vesti-me, peguei minhas coisas as quais eu lembrei que eu havia deixado em algum lugar da sala no terrível dia anterior. Peguei uma maçã de leve na cozinha, pois eu não havia tempo e nem pique para um café da manhã reforçado. Logo lembrei-me que meu carro não estava na garagem, estava com Jorge. Merda, será que meu pai havia visto? Claro que havia, até porque ele sempre saía antes de mim, seria mais outra coisa da qual ele me cobraria a noite. Eu desejava não voltar

Mas agora a questão era: como eu iria para a porcaria da escola? Eu só me fodo nessa vida, era impressionante isso, eu poderia ser mais uma adolescente normal, mas não, parecia que isso não era possível. Depois que eu conheci Jorge tudo virou do avesso, tudo mesmo.

A escola era longe, realmente longe, só de carro dava uns 30 minutos, imagina se eu pegasse um ônibus, chegaria lá em minha formatura. Comecei a caminhar pela rua, pensando numa possibilidade de ir para aquela joça, óbvio que eu ia ter que ir até o apartamento de Jorge e talvez pegar uma carona com ele, era o jeito.

𝗣𝗼𝘀𝘀𝗲𝘀𝘀𝗶𝘃𝗲 - ʲᵒʳᵗⁱⁿⁱOnde histórias criam vida. Descubra agora