23 - 𝙃𝙚𝙡𝙥 𝙈𝙚, 𝙋𝙡𝙚𝙖𝙨𝙚

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Peguei uma mala, porque dessa vez a coisa era séria, coloquei o máximo de coisas possíveis, roupas, sapatos, acessórios, um pouco de dinheiro guardado de minha mesada, tudo o que eu consegui eu enfiei naquela mala, fazendo-a ficar um pouco pesada, deixei naquele quarto só o que era menos importante, na verdade, tudo ali era importante para mim. Aquele quarto era uma parte minha, meu lugar favorito, meu refúgio, mas sei que se eu ficasse naquela casa eu teria um destino horrível: Minha tia na Espanha. Ela era legal e tal, mas já deveria ter uns cem anos, ou duzentos, não lembro. Sem contar que ela morava em uma casa com mais ou menos quinze pessoas, imagina eu em uma casa com esse tanto de gente. Essa vida não era para mim. Joguei a mala pesada pela janela, e ela caiu no jardim fazendo um barulho nada favorecedor, fiz um esforço para pular me agarrando na grade, fui de encontro ao gramado o que me doeu, dei um gemido de dor e levantei-me rapidamente, pegando minha mala com certo esforço. Eu não queria pegar meu carro, além de ter esquecido as chaves na sala, eu também não queria nada que tivesse vindo do meu pai, além do dinheiro de minha mesada e... minhas roupas.

Saí pelo portão de casa tentando fazer o mínimo barulho possível, andei um pouco até me afastar da frente de minha casa, eu não conseguia conter as lágrimas, elas escorriam automaticamente. Eu não tinha para onde ir, pensei em ir para a casa de Mechi, pois sabia que por mais que ela estivesse com raiva de mim ela não me deixaria na mão em uma situação delicada dessas, mas mesmo assim, haveria sua mãe super moralista que logo me denuciaria ao meu pai e "Olá titia idosa na Espanha" Confesso que eu nem sabia o nome dessa tal tia minha, acho que eu só tinha a visto uma vez quando eu tinha mais ou menos três anos.

Então a pior pessoa de todas veio em minha cabeça "Jorge"

Droga, não, não, essa era a pior hipótese de todas, mas eu estava desesperada e não sabia o que fazer, sentei-me no meio fio da calçada, as lágrimas escorrendo, o frio desagradável me atingindo e a escuridão me assustando. Peguei meu celular e eu nem sabia se eu tinha seu número em minha agenda, fui em minhas mensagens e com toda a sorte achei uma mensagem de Jorge que dizia "Minha, somente minha" Revirei os olhos ao ver aquela mensagem que eu havia recebido já fazia um tempinho. Pressionei o dedo onde estava escrito "ligar" Começou a chamar e eu desliguei, sem coragem alguma. Fiquei mais um tempo ali, tomando coragem e liguei novamente. No quinto toque ele atendeu.

— Martina?

— Alô, Jorge. — Falei com a voz trêmula — Me ajuda.

— Martina, o que aconteceu? — Ele disse com certa preocupação. — Onde você está? Quem sequestrou você?

— Ninguém, Jorge. Vem me buscar por favor. Vou te esperar em frente a terceira casa depois da minha. — Falei caindo em lágrimas.

— Estou indo. — Ele disse com aquela rouquidão enlouquecedora em sua voz e desligou.

P. O. V. Jorge Blanco

— Vai te foder, Xabiani. Tá na mão que os lakers vão ganhar. — Eu dizia para o idiota do Xabiani enquanto estávamos assistindo ao jogo: Bostons x Lakers

— Também aposto nos Lakers. — Diego disse enfiando uma mão cheia de bolinhas de queijo em sua boca.

— Tá louco, vocês são uns cuzão. — Xabiani disse e eu peguei minha arma fingindo que ia atirar.

— Fala quem é cuzão, Xabiani? — Diego riu.

— O Ruggero, claro. — Xabiani, cagão.

— Ah, para. Vão assistir um jogo de hóquei que vocês ganham mais. — Ruggero disse emburrado.

E então, me vi pensando em Martina novamente, não que isso acontecesse frequentemente, mas isso acontece frequentemente. Eu já estava me estressando, não gosto de ficar com uma garota só em minha mente, isso é problemas na certa, principalmente Martina, que garota mais insuportável, eu não sei porque eu insistia em ter posse sobre ela. Aquela filha da mãe, era chata pra caralho, sem condições. Eu tinha que parar com essas viadagens, tenho diversas garotas aos meus pés e fico em volta de Martina, aquilo não combinava comigo, eu sempre procurava ir para as minhas boates para me divertir, ficar bêbado e chapado, comer cinco minas de uma vez, mas logo Martina apareceu, tirando toda essa minha vontade.

𝗣𝗼𝘀𝘀𝗲𝘀𝘀𝗶𝘃𝗲 - ʲᵒʳᵗⁱⁿⁱOnde histórias criam vida. Descubra agora