26- 𝙄 𝙒𝙞𝙡𝙡 𝙠𝙞𝙡𝙡 𝙐

458 45 8
                                    

Bati a porta do banheiro com toda a força do mundo e a tranquei, me apoiei na pia e fechei os olhos com força, eu estava morrendo de raiva, abri meus olhos me deparando com a minha imagem no espelho que ali havia, eles estavam vermelhos, sinal de lágrimas de pura raiva vindo. E então desabei, comecei a chorar baixinho. Não queria que o causador de tudo isso ouvisse.

Meu subconsciente sussurrava-me que eu não deveria chorar por Jorge, ele era um idiota, eu já deveria esta acostumada a ser tratada assim, por ele, como um nada. Nenhuma garota gosta de se sentir apenas mais uma, nenhuma garota gosta de se sentir uma vadia.

Enxuguei minhas lágrimas com força, machucando um pouco meu rosto, eu estava com muita raiva, eu poderia matar Jorge com sua própria arma, eu odiava o que aquele babaca fazia comigo, simplesmente odiava. E ele ainda deixava bem claro que eu era somente dele, mas não como alguém que ele goste e sim, como uma marionete, com a qual ele podia fazer tudo o que quisesse, uma marionete idiota. E o pior... Sabe o pior? Eu era totalmente apaixonada por ele, eu não entendia o porquê. Como eu podia me apaixonar logo por ele? A verdade era, que eu podia ver algo a mais em Jorge, algo a mais em seus olhos, podia sentir que ele era mais do que isso, mais do que esse idiota que ele aparentava ser. Ou eu apenas estivesse errada, pelo visto, eu estava.

Eu cai na dele, eu deixei me envolver por ele, eu deixei ele me seduzir, ele não era o total culpado, ou era, por não deixar eu me afastar dele, por não deixar eu tomar meu rumo, por simplesmente querer que eu fosse sua. Ok, eu também me culpo, pois apesar de tudo, ele nunca escondeu esse jeito ordinário dele, e mesmo assim, eu deixei me levar. Eu me apaixonei.

Já estava naquele banheiro tentando conter minha raiva havia mais ou menos trinta minutos, estava sentada no chão, envolvendo meus braços em meu joelho e com minha cabeça baixa, até que ouvi fortes batidas na porta.

— Abre essa porra, Martina. — Jorge ordenava tentando manter a calma.

— Isso não é uma porra, é uma porta, você é uma porra. — Gritei.

— Sem gracinhas e abre isto de uma vez, garota. — Ele dizia autoritário do lado de fora.

— Por que?

— Porque eu quero.

— Querer não é poder, me deixe. — Falei.

— Eu vou arrombar essa porta, igualzinho eu fiz com você. — Ele era ridículo.

— Olha o respeito, seu idiota. E faz o que quiser, o apartamento é seu, o prejuizo também.

— Abre, Martina. Eu quero falar com você. — Ele estava quase derrotado.

— Que droga, Jorge. Me deixa, vai lá foder suas vadias. Me larga de mão, poxa. Depois ainda vem dizer que eu fico no seu pé. — Eu estava gritando dentro daquele banheiro. — E aliás, me esquece, eu não sou sua. Não quero essa vidinha, minha vida já é ruim o suficiente. Obrigada. — Falei e logo as batidas na porta cessaram, o silêncio pairou, respirei fundo a fim de afastar as lágrimas, mas elas vieram mais uma vez e dessa vez, o motivo era minha droga de vida.

Eu já estava há uma hora e meia dentro daquele banheiro, até que eu cansei, já estava um pouco mais aliviada, mas ainda bem magoada em relação a Jorge, porém eu não podia me afastar, evitá-lo ou algo do tipo, eu estava em seu território por completo agora.

Destranquei a porta do banheiro com cuidado, respirei fundo mais uma vez, olhei-me rapidamente no espelho para ver meu estado e abri.

A casa estava silênciosa, como se não houvesse ninguém e acho que realmente não tinha. Talvez tivesse havido outro imprevisto ou coisa para resolver, o que me deixou mais aliviada ainda.

𝗣𝗼𝘀𝘀𝗲𝘀𝘀𝗶𝘃𝗲 - ʲᵒʳᵗⁱⁿⁱOnde histórias criam vida. Descubra agora