39 - 𝘼𝙣𝙜𝙚𝙡

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Entrei em meu carro ligeiramente e arranquei, eu nem poderia ir para outro lugar, por causa de meu castigo, porém Jorge me deixou intrigada, espero que não seja mais uma de suas brincadeirinhas.

Eu dirigia tão rápido quanto Jorge em uma fuga, essa convivência com ele não prestou em nada, assim que dobrei a avenida quase bati em um carro, sorte que foi quase, pois eu freei.

Em seguida eu já estava estacionando na frente do condomínio de Jorge e entrando.

— Boa tarde, senhorita. — O porteiro disse.

— Boa tarde. — Falei entrando e indo em direção ao elevador e quando dei-me conta já estava entrando no apartamento dele.

— O que aconteceu, porra? — Perguntei — Eu nem poderia estar aqui. — Me calei ao ver Jorge sentado no sofá com cara de pavor, ele me olhou com uma expressão perdida, o que havia acontecido? — Jorge? O que aconteceu? — Perguntei mais mansa. Ele molhou os lábios involuntariamente e continuou quieto, comecei a achar que era mais uma de suas brincadeiras. — Fala, droga. — Exigi impaciente. — Uma criança? Que história é essa, Blanco? — Pus as mãos na cintura.

— Venha aqui. — Ele disse levantando-se do sofá e indo em direção ao quarto, o segui por aquele corredor longo até o mesmo.

Quando entramos no quarto vi um pequeno volume de baixo das cobertas que estavam na cama e olhei sem entender, Jorge chegou mais perto e tirou as cobertas com cuidado de cima, levei as mãos a boca incrédula ao ver aquilo.

— O que é isso, Jorge? — Perguntei. — Quem é essa criança? — Cheguei mais perto da pequena menininha que dormia feito um anjo, como se estivesse em sua própria casa e fiquei a observando, ela era linda, muito linda. Jorge estava parado me observando quase mordendo os dedos de tão nervoso, me deu até vontade de rir, mas meus olhos voltaram para a garotinha, deveria ter um ano e meio de idade, mais ou menos, disso não passava, eu tinha certeza.

— O que é isso, Martina? Me responde. Um ET? — Jorge disse e eu revirei os olhos.

— Sim e veio te abduzir, mas antes parou para dar uma cochilada porque você sabe, a viajem foi longa, não é sempre que se vai para outro planeta. — Ironizei. — Da onde ela veio? — Perguntei.

— Não sei, caralho. Apertaram a campainha e quando eu abri a porcaria da porta, tinha essa coisinha de outro mundo parada na frente. Sozinha. Ela não estava chorando nem nada, so havia ela e uma pequena mala. Eu não sei quem ela é, Martina. Fechei a porta para ver se ela ia embora e ai sim ela começou a chorar, fui obrigado a pegá-la. Não sei o que fazer, porra.

— Calma, Jorge... Não acredito que você já tirou a vida de pessoas, está sempre metido em merdas, tem uma gangue e fica assim por causa de uma garotinha.

— Sim, Martina. Uma garotinha que eu não sei de onde saiu.

— Já sei. — Falei. — O porteiro. — Jorge me olhou e nós deixamos a pequena menina em seu sono e saímos correndo.

— Hey, Peterson. — Chamei o porteiro e Jorge vinha logo atrás de mim. — Por acaso você não viu ninguém entrar aqui com uma garotinha? — Perguntei como quem não queria nada.

— Hm... Sim. A senhora Clark do segundo andar com sua filhinha. — Ele disse foleando um jornal.

— Você sempre fica lendo jornal? Ou essas revistas? — Falei apontando para as revistas que estavam em cima do balcão da portaria.

— Sim. — Ele disse simples.

— Ele não prestou a atenção. — Falei para Jorge. — Tem como a gente ter acesso às câmeras do décimo andar? — Perguntei.

— Não... — Ele ia dizer algo a mais, porém Jorge o cortou.

— Tem sim. — Jorge disse curto e grosso, logo batendo com raiva no balcão, assustando o cara.

— Ok, o-ok. — O porteiro disse com os olhos arregalados. — Venham aqui. — Ele nos chamou para trás daquele balcão, onde havia três telas planas mostrando as imagens de toda a parte interna do condomínio e da frente

— Décimo andar, isso? — O Porteiro pediu confirmação.

— Sim, anda logo com isso. — Jorge respondeu rude.

— Seja menos grosso. — O repreendi.

— Você sabe muito bem o que é grosso. — Jorge disse e o porteiro nos olhou com uma cara estranha, belisquei Jorge e o mesmo me fuzilou com os olhos depois de gritar um "ai"

O porteiro logo localizou o vídeo de segurança do décimo andar, eu e Jorge ficamos olhando por um tempo, o vídeo estava desde o início do dia, demoraria muito para chegar ao ponto que queríamos.

— Que horas eram quando ela largou a garota aqui? — Perguntei a Jorge.

— Foi uns trinta minutos depois que eu cheguei, deveriam ser umas 7:00 pm. — Jorge disse sério.

— É... Peterson... Tem como colocar o vídeo para a gente ver a partir das 6:30 pm... — Pedi.

— Eu disse 7:00 pm. — Ouvi a voz de Jorge.

— É, mas eu não confio em você. — Falei e voltei minha atenção para o porteiro. — Tem como?

— Tem sim. — O cara disse. — Só um minutinho... Hm... Pronto. — Ele saiu e deixou eu e Jorge vendo o vídeo.

Apareceu Jorge chegando ao apartamento, o mesmo olhou e sorriu.

— Até em um vídeo de segurança eu sou lindo. — Ele disse e eu o olhei revirando os olhos. Logo o corredor ficou parado, sem movimento algum, em seguida chegou um vizinho e entrou em seu apartamento, isso já era 6:37 PM. — Olha isso, Martina. — Jorge disse chegando mais perto da tela. Droga, o que era aquilo? Um homem ou uma mulher? Não dava para ver, usava uma capa preta, óculos escuros e capuz. Despediu-se da menina lhe dando um beijo, apertou a campanhia do apartamento de Jorge e saiu correndo, mas antes olhou para trás novamente, mandando um beijo no ar para a pequena. A garotinha ficou ali, inocente, sem fazer nada, confesso que aquilo me doeu o coração, Jorge assistia sem expressão alguma.

— Pode tirar. — Gritei para o porteiro que veio e tirou o vídeo, sem perguntar nada.

— E agora, Martina? — Jorge tinha a voz cansada. Chegou perto de mim e aconchegou sua cabeça em meu pescoço, o abracei. Amava quando ele estava nessa forma. Tirando essa máscara de durão. Eu pensei em empurra-lo, pois eu estava muito magoada com suas atitudes ultimamente, sem contar o fato de ele ter rasgado minhas roupas, ele só sabia fazer eu me sentir um lixo.

— Calma... — Tentei o acalmar, pois vi que ele realmente estava perdido e eu nunca havia visto Jorge assim antes, tentei tontear a grossa camada de raiva e magoa que tinha em volta de mim por causa de Blanco, pois vi que ele realmente precisava de mim. — Não deixaram um bilhete, nem nada?

— Não vi. — Ele disse afastando-se de mim e passando as mãos nervosamente pelos cabelos os bagunçando, perdi a concentração o encarando, mas logo voltei ao normal.

— Você nunca vê nada, impressionante. — Falei. — Vamos de uma vez. — Falei pegando sua mão e o puxando de volta para o elevador.

— Depois que o cara é rude você reclama. — Ele disse bravo quando estávamos dentro do elevador. Eu tentava não olha-lo

Voltamos para o apartamento e fui correndo para o quarto ver se a menininha estava bem, ela continuava dormindo.

— A tal mala, Jorge. Onde está?

—Aqui. — Ele me entregou. Vasculhei por tudo a fim de achar alguma justificativa ou coisa do tipo, tirei todas as roupinhas dela bagunçando tudo, até que então, encontrei algo ultil, um bilhete para ser mais específica, peguei o papel e Jorge logo o arrancou de minha mão bruscamente e começou a ler.

Ele lia tudo apreensivo, nunca havia visto esse Jorge.

— PUTA QUE PARIU. — Ele gritou e mesmo assim a garotinha não acordou. — Não pode ser... Isso não é verdade porra.

Tirei o bilhete de sua mão e comecei a ler...

𝗣𝗼𝘀𝘀𝗲𝘀𝘀𝗶𝘃𝗲 - ʲᵒʳᵗⁱⁿⁱOnde histórias criam vida. Descubra agora