Confiança

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Graham Carter

Abro meus olhos e me viro naquela cama de solteiro de dormitório, gemo sentindo a ressaca bater forte e olho para o lado.

A ruiva ainda está dormindo e parece que não vai acordar por muito tempo, então essa é a hora de ir embora dali.

Pego minha cueca e minhas calças, estico meu corpo enquanto levanto e pego minha camisa, não consigo achar meu casaco...

Coloco os sapatos e abro a porta do quarto dela, dou de cara com uma garota loira, sorrio quando percebo que é a mesma garota patinadora.

Passo os olhos por ela, está com um shortinho de pijama da cor rosa claro com bolinhas brancas e uma blusa de mangas, mas consigo ver sua nuca cheia de hematomas.

Ela vira normalmente e arregala os olhos quando me vê, a garota me reconhece e é aí que eu sorrio mais.

-Oi, linda.- fecho a porta atrás de mim.

-Linda?- ela ri.- Você é tão abusado.

-Eu gosto de dizer confiante.- começo a ir na direção dela.

-Abusado.- ela repete.

-Tem café para mim?- apoio meus braços na bancada.

-Você deveria ir embora.- ela começa a ir até o próprio quarto.- Vou ligar para a segurança do campus.

-Não faz isso, linda.- sorrio.- Que tal eu dar umas aulas para você?

-Aulas?- ela para na porta do quarto.- Eu acho que consigo muito bem...

-Até você se sentir confiante para dar aquele salto, não vai conseguir nada.- observo seus olhos azuis-esverdeados.

-Ah, e você está se oferecendo para me dar aulas de como ser confiante?- ela ri.- Hilário.

-Posso não ser patinador, mas eu sei sobre confiança, ainda mais em um jogo.- me aproximo.- Você está esperando cair quando pula.

-Vá embora.- ela fica séria.

-Se tiver alguém pra segurar você antes de cair...- continuo.- Vai começar a ganhar mais confiança.

-Seu casaco está em cima da poltrona.- ela entra no quarto.- Cinco minutos ou ligo para a segurança.

Ela fecha a porta do quarto, mordo o lábio e pego meu casaco enquanto saio do dormitório delas.

Já peguei muitas meninas exatamente dando aulas para ensinar a patinar ou usando da minha posição de jogador de hóquei.

As garotas adoram um atleta, ainda mais um de um jogo tão violento e que aguenta tanta coisa, elas literalmente se jogam.

Mas essa...não sei, não quero desistir dela ainda, acho que se eu ajudar ela de verdade pode acontecer algo entre nós.

Estou confiante, então lembro o número do quarto e o prédio do dormitório, Blue House, essa menina não faz ideia do que estar por vir.

Pego meu celular e começo a chamar um Uber, achei melhor não ir de carro e estava certo, então vou ter que chamar um carro.

Passo a mão pelo cabelo e sorrio para algumas meninas que estão passando na calçada agora, estou quase convidando elas para uma festa particular quando lembro que tenho grupo de estudos hoje.

Savannah Willians

Cheguei mais cedo na arena e aproveito que não tem quase ninguém na pista, pessoas falando e rindo me deixam nervosa.

-Ok, vou conseguir.- respiro fundo.

Começo a rodar com calma e me preparo para pular, me proíbo de hesitar antes de pular com um pé, mas já sei que vai dar errado.

Caio no gelo e me apoio pelas mãos, o gelo fere minha pele e eu pisco algumas vezes sentindo meu ombro latejar.

-Você vai acabar quebrando algo.- ouço uma voz.

-Eu não quero sua ajuda.- falo com raiva.

-Tem certeza?- ele cutuca minhas costas e gemo.- Acho que vai ficar aliviada quando se livrar desses hematomas.

-Você é bruto no gelo.- explico o encarando.- Eu preciso ser leve.

-Não, você precisa parar de achar que não vai conseguir.- ele me observa.- Vamos, Sav.

-Como sabe meu nome?- franzo as sobrancelhas.

-Eu pedi com jeitinho para a mulher das fichas.- ele explica sorrindo e reviro os olhos.

-Poupe esforços, abusado.- começo a patinar até a saída.

-É por que transei com sua amiga?- ele pergunta enquanto coloco a proteção da lâmina.

-Não, ela não é minha amiga.- eu pulo a proteção e sento no banquinho.- Se você acha que eu vou transar com você em troca de aulinhas de confiança no gelo...

-Qual é, Sav.- ele fala como se fosse meu amigo de longas datas.- Você vai acabar se machucando feio.

-Não é de agora.- coloco os patins na bolsa de treino.- Obrigada pelo oferecimento do seu precioso tempo.

Começo a sair e ele bufa frustrado, coloco os cabelos para trás e saio pela porta de baixo, passo pela recepção e pela lanchonete.

Passo pela catraca e começo a me aproximar dos carros, até um Porsche parar em uma das vagas e um cara loiro bem bonito sair lá de dentro.

-Oi.- ele sorri.

-Oi.- começo a passar por ele.

-Savannah Willians?- ele franze as sobrancelhas.

-Sim.- o observo e então percebo.- Calma, não diga. Dean Copeland?

-Inteligente você.- ele sorri orgulhoso.- Está de carro?

-Não tenho carro.- coloco as mãos dentro dos bolsos do casaco.- Eu já falei para seu irmão que...

-É seu irmão também.- ele fala e me observa.- Estava treinando?

-Sim.- assinto.

-Então deve estar com fome.- Dean abre a porta do passageiro.- Quer ir em uma lanchonete?

-Nem conheço você direito.- rio.- Como sei que não vai me matar ou pior?

-Você é minha irmã.- ele fala como se fosse tudo que eu precisava saber.

-Só pelo sangue.- lembro.- Não conheço você.

-Ótimo, vamos comer algo e você pode perguntar qualquer coisa.- ele aponta o queixo para o banco.

-Minha mãe me ensinou a não entrar no carro de estranhos.- falo calma.- Mas obrigada pelo convite.

Começo a me virar e vou até o ponto dos táxis onde encontro um, entro rapidamente e digo o endereço da universidade.

Fecho meus olhos e massageio a lateral do meu corpo dolorido, quantas vezes mais eu ia cair antes de aprender a fazer essa parte da dança?

Me perguntava se era inteligente aceitar o que aquele cara estava oferecendo, mas eu era confiante, então eu já aprender a fazer isso, uma hora ou outra.

A Amizade - Os CopelandOnde histórias criam vida. Descubra agora