থ►Capítulo 36◄থ

5K 569 122
                                    

Angustia...

。・:*:・゚★,。・:*:・゚☆。・:*:・゚★,。・:*:・゚☆。・:*

Com meus 5 anos de idade, meu pai perdeu minha avó para uma doença rara. Ele ficou completamente desolado, ela sempre foi tudo para ele, mãe e pai ao mesmo tempo.

Sua forma de lidar com a morte foi uma das piores, ele começou a beber, muito!
Minha mãe buscou dar todo o apoio possível, eu também, mesmo sem compreender muito a situação com aquela idade.

Bom, mas nada parecia adiantar...

Com o decorrer do tempo ele também perdeu seu emprego, seus amigos, e a única coisa que lhe restou fomos nós, sua família, mas pelo visto não foi suficiente...

Não que eu esteja dizendo que ele fora um péssimo pai. Não, jamais, ele me tratava muito bem, como sua princesinha, eu diria. Toda noite, quando ele chegava dos bares já sobre efeito de álcool, ele ia até o meu quarto, chorava e chorava, repetindo a palavra "perdão"  milhares de vezes, eu não compreendia, e dizia "tá tudo bem papai, tá tudo bem, não chora, tá tudo bem" mas não estava nada bem.

Naquela época eu não tinha 10% do entendimento que tenho hoje, agora  tenho consciência do quanto ele pedia socorro por dentro, da cratera que estava seu coração, de como a vida já havia perdido sentido pra ele, ele estava no seu limite, e definitivamente nada bem.

12 de janeiro de 2005.

Essa foi a data que meu pai decidiu tirar sua própria vida, dando fim a todo um sofrimento.

Hoje somos só minha mãe e eu.

Como eu lidei com isso? Sendo sincera? Eu fiquei sem reação, eu não
conseguia derramar uma única lágrima, sentir nada, e aquilo me assombrou, porque eu acabara de perder o meu pai, mas não conseguia chorar pela sua morte. Ainda lembro do choro empertuoso da minha mãe no quarto ao lado, de todo o seu lamento, e eu no meu; assutada, confusa, completamente perdida...

No enterro, todos me olhavam como se eu não o amasse.

Mas...

Ele sabia, ele devia saber!

Minha mãe me levou em vários psicólogos, pois com o tempo eu quase não falava, não brincava, apenas vivia trancada no quarto, deitada em minha cama, aquilo a preocupou.

Eu não falava, mas minha mente estava agitada, era algo terrível, tão pequena e eu já me sentia muito perturbada. Toda noite eu ficava lá, sentada na cama, esperando ele chegar como toda noite fazia... Mas eu sabia que aquilo jamais se repetiria, nunca mais.

Lembro que uma vez perguntei para minha psicóloga o que ela fazia exatamente, ela me respondeu da forma mais simples pra que eu pudesse entender: " Eu ajudo as pessoas, dou conselhos quando precisam, busco ser luz quando querem enxergar, e me permito entende-las para assim as explicar" então perguntei se uma psicóloga poderia ter ajudado meu pai, evitando assim sua morte.

Lembro-me que ela me olhou espantada com a pergunta, mas por fim assentiu com a cabeça, tendo um olhar de pena sobre mim.

Esse foi um dos grandes motivos de hoje eu ser quem sou.

Poder ajudar, me doar, abraçar, acolher.

No momento atual eu não conseguia medir o nível da minha dor e frustração, tudo isso só era um gatilho para uma dor antiga.

Eu tinha prometido para mim mesma que ajudaria todas as pessoas que passassem por minha vida, que precisassem de minha ajuda, mas...

Falhei justamente com a primeira.

Grandes Doses De Loucura(𝐂𝐨𝐧𝐜𝐥𝐮í𝐝𝐨 ✓)Onde histórias criam vida. Descubra agora