capítulo sessenta e cinco

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Ana ✨

Xx: Com licença, você são parentes do Filipe e do Douglas? - Assentimos. - Então, os dois estão passando por cirurgias, o Douglas Oliveira acabou de sair da sala cirúrgica, a cirurgia foi concluída com sucesso, Já o Filipe ainda está em cirurgia, o quadro não é tão grave, porém ele perdeu muito sangue, vai precisar de doação, o tipo sanguíneo dele é tipo B, não é tão comum, e as bolsas que temos aqui, não vai suprir, vocês conhecem alguém que possa doar? Tem quer ser com urgência.

Priscila olhou pra mim e eu calada estava, calada fiquei, eu sei o que passou pela cabeça dela assim que ela me olhou, porque esse é o nosso tipo sanguíneo, mas preferir ficar quieta.

Priscila: Qual o grau da urgência que você se refere?

Xx: 15 minutos no máximo, porque não podemos parar a cirurgia pela metade, entende? - Priscila assentiu. - Vou dá um tempo pra vocês verem alguém, qualquer coisa estou na recepção.

Dani: A gente liga pra família dele? Pode ter alguém né? A mãe provavelmente, não sei.

Priscila: Ele tem parentes próximos Ana?

Ana: Gente, eu não sei, de verdade, ele nunca me falava da família, a mãe dele eu já acho impossível ela chegar em menos de 15 minutos, até porque ela mora em Angra dos Reis.

Priscila: Realmente, são 2 horas de viagem no mínimo.

Dani: Ai gente, eaí? Liga pra alguém do morro? sei lá, o Pablo?

Ana: E tu acha que os "mano" dele - Fiz aspas com o dedo. - vão botar a cara aqui fora, se arriscar só pra tirar ele dessa? Duvido muito.

Dani: Verdade.

Priscila: Eu posso doar, não tem problema. - Eu e a Dani olhamos pra ela, a Dani na verdade, olhou assustadíssima.

Dani: Tu é compatível? - Priscila assentiu. - Então quer dizer que Ana também é né?

Ana: Sou.

Xx: Então gente, decidiram? Precisa mesmo ser agora, a cirurgia dele está em aberto, corre o risco até de contrair algum vírus, caso não tenha ninguém, vamos ter que encaminhar ele para outro hospital, e pedir com urgência doações de bolsas, o que é bastante difícil.

Priscila: Eu posso doar? Sou compatível.

Xx: Qual sua idade?

Priscila: 21 anos.

Xx: Já doou alguma vez? - Ela negou. - Você já teve hepatite após os 11 anos de idade? - Negou também - teve evidência clínica ou laboratorial de doenças sexualmente transmissíveis, como hepatite B e C, aids vírus HIV ou doenças ligadas ao vírus HTLV I e II?

Priscila: Não, nunca.

Xx: Ótimo, agora por último, essas suas tatuagens aí, já tem 1 ano que foram feitas?

Priscila negou.

Priscila: Não, na verdade, foram feitas a 3 meses.

Xx: Então não pode, porque a tatuagem pode ser uma porta de entrada para doenças infecciosas se não for realizada sob as condições adequadas de assepsia, ou seja, caso você tenha contraído algum vírus por conta da tatuagem, você pode infeccionar a quem você vai doar, entende?

Priscila: Sim.

Xx: Você era a única doadora disponível? - Priscila olhou pra mim acompanhada da médica.

Olha, acho que nunca estive em um impasse tão grande! Por um lado eu ajudaria sem nem exitar, até porque eu sempre doei sangue, parei quando eu tranquei a faculdade, porque eu doava por lá, mas por outro lado, vai pra alguém que me fez passar por coisas que eu jamais imaginei que passaria, lembrar de tudo aquilo que me aconteceu ainda me deixa muito mal, por mais que eu esteja tocando a minha vida, é algo que eu não vou esquecer.

A vida tem dessas né? Hoje ele está deitado no canto que eu estive, por culpa dele! E pra ele sair dessa, ele está precisando do meu sangue, o mesmo que ele fez derramar, quando me deu aquela surra.

Mas Deus tem um propósito pra tudo né? Não acho que isso seja em vão, apesar de tudo que ele me fez, eu estou com meu coração limpo, sem ódio, diferente de como eu estava a um mês atrás, eu perdoei ele sim, mas não significa que quero contato com ele, muito pelo ao contrário, quero distância, porque se ele me feriu uma vez, poder ferir duas ou mais, e mesmo assim, é uma vida que eu posso ajudar a salvar, então sim, vou ajudar, "a mais ele te fez tanto mal Ana, ele não merece", isso é com ele e Deus! Eu sigo com a minha paz, e isso que vale.

Ana: Eu posso doar, já tenho experiência, tem três semanas que não bebo álcool, não tenho tatuagens, nem piercing, não resfriei essa semana.

Priscila: Tem certeza Ana? Não se sinta pressionada ou algo assim, de verdade.

Ana: Tenho sim.

Xx: Ótimo, você lembra suas informações pra acessar sua carteirinha de doador? - Assenti. - Ótimo, me acompanhe.

A gente foi na recepção, eu preenchi uma ficha com algumas perguntas e ela me encaminhou para a sala.

Xx: A coleta do sangue dura em torno de 15 minutos. Ela é feita com material esterilizado, descartável e não apresenta nenhum risco para a pessoa que está doando. - Assenti. - Você vai receber um lanche e uma garrafinha de água agora, e quando terminar, ok?

Ana: Ok.

Quando terminou o procedimento, de fato eu fiquei um pouco tonta, até porque fazia um tempo que eu havia parado.
Mas depois que eu lanchei, deu uma aliviada.

Xx: Muito obrigada Ana.

Ana: Por nada.

Me retirei da sala, e voltei pra onde as meninas estavam.

Priscila: Eaí, como foi? Ficou nervosa?

Ana: Não, eu meio que já sabia como era.

Dani: Tô orgulhosa de ti, papo reto.

Priscila: Eu também, muito madura essa minha irmã.

Ana: Ai gente parem, se não eu choro. - Rimos.

Aguardamos mais um pouco até a Dani poder ver o Douglas, ele tinha acordado e só estava com náuseas, Filipe também, a cirurgia dele havia sido concluída com sucesso, porém ele ainda não tinha acordado, a mãe dos meninos chegaram, a mãe do Filipe veio com a tia dele e a Manu, que quando me viu, me deu aquele abraço, tava até com saudades dessa pequena, as meninas explicaram a situação pra Dona Fátima, que só chorava me pedindo obrigada, fiquei com o coração tão cheio de gratidão, sabe?

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Mas um pra você, obrigado pra quem comentou, me motivou muito!
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