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    Anne

  Abro meus olhos e tento me acostumar à claridade. Vários médicos aparecem depois de escutar um som agudo de alguns aparelhos que tinha naquele quarto. Eles se assustam comigo, falam para mim apertar na mão de um médico, eu tento apertar, mas me sinto fraca, tento falar, mas não sai som nenhum de minha voz. Parecia que eles estavam me analisando e avaliando como eu estava. Depois de diversos comandos que eles mandam eu fazer e veem se eu sinto minhas pernas e se eu consigo fazer alguns comandos com meu corpo. A maioria sai do quarto e apenas um médico fica. Ele era alto, tinha cabelos e olhos castanhos, parecia ser simpático. Ele se aproxima da minha cama e sorri para mim.

- Você não sabe o alívio que está sendo para mim, ver você acordada. - tento sorrir. - Eu não vou bombardear você, com milhões de coisas que aconteceram. Espero que possamos fazer uma boa recuperação em você, vamos ajudar a recuperar seus movimentos e logo a fala melhora também. Avisarei sua família, eles irão ficar muito felizes com a novidade. - sorri e me deixa sozinha no quarto.

Analiso o cômodo, algumas flores, cartas, balões e alguns objetos estão espalhados pelo local. Tento entender se aquilo que senti era um sonho ou algumas alucinação que tive, desvio alguns pensamentos, tentando não me preocupar com tudo.

Alguém abre a porta, não consigo ver muito bem quem era. Alguns passos se aproximam da cama e logo vejo que era minha mãe.

- Filhaa, ai meu Deus!! - ela chora desesperadamente. - Obrigada meu Deus. Obrigada Senhor! - Sorri. - Você está viva Anne, você acordou. Ai minha nossa, você realmente está bem. Você não tem ideia do quanto eu esperei por isso. - chora apoiada em minhas mãos. Olha para mim por alguns segundos e mais lágrimas escorrem em seu rosto. - Você está bem? Sente alguma coisa? - pergunta. Tento apertar em suas mãos, ela sente o toque fraco de minhas mãos e sorri. - Você está bem filha, você está bem!

  Depois da visita de minha mãe, passo por diversos exames e avaliações médicas. Falam que logo começarei com alguns exercícios, para voltar a me comunicar e me movimentar.

  Josh entra no quarto e vendo que eu estava acordada, sorri.

- Anne, você acordou. Ai Anne, eu sabia que você iria ficar bem. Eu disse. Logo irá se recuperar totalmente. A gente poderá recomeçar tudo juntos Anne, você pode contar comigo para o que precisar. - fala e eu tento decifrar o que ele estava dizendo. Será que tinha alguma coisa a ver com Noah? Onde ele estava? Não iria me ver?

- Josh? Oi, tudo bem? - diz o Jason para o meu amigo.

- Oi, estou bem e você? Olha só Anne, quanta visita que você está recebendo. - sorri. - Saiba que durante esse tempo todo, muitas pessoas vieram dar apoio para você em.

- Como você está Anne? Estou muito feliz por você. - diz Jason sorrindo.

  O que ele estava fazendo aqui? Ele nunca foi muito próximo à mim. Estudamos juntos na faculdade, éramos apenas colegas, foram poucas às vezes que trocamos algumas palavras.

-Eu vou fazer uma ligação para minha mãe, avisando que você está bem. Já volto. - disse o Josh.

  Um silêncio reinou no ambiente depois de sua saída. Jason analisava alguns objetos no quarto.

- Eu sei que você não deve estar entendendo a minha vinda até aqui. Mas, depois que eu soube do ocorrido... Eu comecei a vir aqui. Não sei se você escutou alguma coisa, mas a gente se tornou bem próximos, seu subconsciente, talvez, saiba de vários segredos meus. Eu conversava com você. - sorriu. - Espero que você se recupere logo. Fico feliz de você estar bem, você não sabe o quanto preocupou todo mundo. - pega em minhas mãos e sorri para mim carinhosamente.

  De início me assusto com aquele gesto que parecia ser íntimo demais, pode ser efeitos de tantos remédios que eu devo ter tomado durante esse tempo. Mas eu sentia que em seu olhar tinha alguma coisa diferente, segundas intenções, não sei...

  Em poucas horas desde que acordei, senti um pouco do choque de ter passado um longo tempo de minha vida em coma. Perdi o controle e o rumo da minha vida talvez, não me disseram nada, nem me informaram sobre tudo que aconteceu e havia acontecendo em minha vida e no mundo lá fora. Tinha milhões de perguntas para fazer.

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   Durante uma semana, os tratamentos estavam fazendo efeito. Minha recuperação estava indo bem, já conseguia me mover e falar novamente. Algumas pessoas vieram me visitar, mas nada do Noah, não sabia o motivo. Tinha medo também de saber. O Josh estava passando a tarde comigo, conversávamos um pouco sobre o trabalho e sobre as minhas músicas.

- Josh, eu posso fazer uma pergunta... - comecei receosa.

-Claro, Anne. - falou um pouco apreensivo.

- Eu não quero mais que vocês escondam o que está acontecendo. Cadê o Noah? - perguntei.

Ele demorou um tempo para responder, tentando escolher as melhores palavras. Sabia que precisava me preparar e que não seria algo bom.

-Ele é... - estava nervoso, não sabia se devia falar.

-Fala Josh, eu sei que eu fiquei quase quatro anos aqui. Muita coisa mudou, então... O que aconteceu com o Noah? Ele já seguiu em frente, é isso? - perguntei.

- Anne, o Noah durante os dois anos que você ficou nesse hospital, não vivia direito, não se alimentava... Ele ficou muito mal. Quando os médicos deram um tempo para desligar os aparelhos, ele entrou em desespero... Ele começou a não vir mais no hospital. Isso estava fazendo mal para ele. Então, ele resolveu tentar seguir em frente. Ele já tinha perdido as esperanças de que você ficaria bem, isso deve ter doído nele... Mas ele seguiu em frente. - falou o Josh dando uma revista para mim.Peguei e analisei a capa. "Noah, depois de anos, segue em frente e está noivo."

- Ele... - minha voz ficou um pouco falha. - Ele está noivo? - virei a página, onde tinha a matéria completa sobre o assunto. Algumas outras fotos, aparecia ele e a...CHARLOTTE? - Ele está com a Charlotte? - falei com algumas lágrimas em meus olhos.

- Eu sinto muito Anne. - falou cabisbaixo.

  Mais lágrimas brotava em meus olhos, não podia ser. Poderia ser qualquer pessoa, mas ela? O Noah não sabia o quanto ela me afetava? Ele seguiu em frente... Como eu seguiria também? Era difícil ver a pessoa que tanto amava em uma foto com a garota que me deixava mal e insegura. Ele parecia feliz, como você tinha conseguido seguir em frente Noah? Sem mim. Eu não quero ser egoísta, mas me dói. Eu não podia acreditar que realmente isso estava acontecendo. Tentava lutar contra os meus sentimentos, mas eu o amava demais para simplesmente não me importar com todas essas informações.

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