25| Emprego.

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        LARA COOPER

- Filha, lembra que disse um dia, que o meu sonho era ser bailarina? - Minha mãe perguntou, se sentando ao meu lado na cama.

Eu estava, á poucos minutos, anotando algumas coisas minhas. Coisas que eu achava útil ou coisas que me fazia sorrir igual a uma boba, lendo, depois de tantos tempos. Meu caderno- era cheio de páginas marcadas-, e algumas outras coisas que eu escrevia no ensino fundamental, onde eu ainda morava na Bahia. Lembrar disso, me dava uma saudade tão grande dos meus amigos de lá.

- Lembro sim mamãe. - Como não lembrar, que eu tinha escrito uma carta com todo o meu esforço, querendo ajudar a minha mãe.

- É verdade. Sonhava acordada com esse momento, mas depois que tive você em minha vida, o seu pai, meus sonhos escaparam e eu me esforcei para que você os realizasse para mim. - Engoli em seco.

Minha mãe esperava aquilo de mim e eu não queria magoa-la. Não me considerava forte, porque eu fracassava ali e desabava em instantes. Não era mandona e nem super organizada. E minha mãe era aquilo.

- Eu nunca serei capaz de realiza-los. A senhora sabe que não me considero tão boa assim no balé. - Deu para perceber. Eu tinha baixo-auto-estima. Não era de hoje.

- Você precisa parar de se considerar assim filha. Você é ótima no balé e com um pouquinho mais de esforço, estará perfeita. Lembra quando você ia para as aulas e voltava toda contente? - Assenti. - Você era a bailarina mais perfeita de lá. A própria Mina - A professora de dança - Dizia isso.

Era verdade. Mas eu sabia que ela dizia aquilo, porque eu era a única com salário mais baixo do que as outras. Salário não. Com renda mais baixa. Eu precisava pegar um táxi ou ônibus e ir para a capital da cidade. As meninas lá não gostavam muito de mim, pois para elas, eu era pobre.

- A senhora sabe o motivo disso...- Retruquei.

- Não ligue para isso, querida. Você vai realizar o seu sonho e o meu ao mesmo tempo. É uma gentileza tão grande da sua parte, filha. - Seus olhos marejaram e os meus também. Não aguentaria por muito tempo.

- Mas o papai trabalha muito para me ajudar na faculdade, mãe. Eu tenho que arranjar um emprego! - Falei, decidida. Já tenho dezenove anos e ainda moro debaixo do teto dos meus pais. Eu precisava sair e procurar emprego.

- Sabe que não ligamos para isso, querida. Você só precisa estudar e...-

- Não senhora! amanhã mesmo procurarei um emprego. Avise o papai! - Cruzei os braços.

- Se você diz. - Ela disse, se rendendo. - Agora, vamos dançar um pouco. Preciso saber como é a sensação.

- Claro! - Se tinha uma coisa que eu gostava de fazer, era ver a minha mãe sorrindo. E se fosse para mim acabar com o meu sonho, para seguir o dela, eu faria sem pensar duas vezes.

[...]

Acordei bem cedo na manhã seguinte. Hoje não era dia de meditar. Não ia dae tempo. Queria sair para procurar alguma emprego. Tomei um banho rápido e vesti uma roupa bem leve e apresentável. Antes de sair, tomei um pouco de café e despedi dos meus pais.

Queria tanto arrumar um emprego. Peguei a sombrinha que estava perto da porta. Parecia que ia chover hoje e eu não queria ter que voltar toda molhada para casa.

Atravessei a rua com cautela e comecei a andar. Nunca tinha feito isso antes, mas eu precisava.

Primeiro ponto que parei, foi á um restaurante. No cartaz lá fora dizia que precisava de uma garçonete. Assim, entrei.

Idiot  - Beijo Raro.Onde histórias criam vida. Descubra agora