34| Amar ela foi um jogo.

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Edward Fernandes.

- Você não pode ir embora, Edward! A moça realmente gosta de você! - Jennie acusava tanto, tentando me parar, mas eu não ia parar.

Era exatamente seis horas da manhã, e eu já estava organizando as minhas coisas. Tomei a minha decisão e não seria Jennie ou Alfredo que seriam capazes de me fazer desistir.

Eu não podia, não agora. As coisas aqui no Brasil me sufocam. Eu preciso de um tempo para mim mesmo, desfocar de tudo o que aconteceu. Talvez eu esqueça que estou completamente apaixonado por Lara e voltar a minha vida normal.

Eu sei que sou um covarde por fugir assim, sem enfrentar as consequências, mas poxa, eu só quero fugir mesmo. Morrer, aprender de novo que não se deve confiar tanto assim em uma pessoa e entregar o seu coração dessa maneira.

- Jennie, não insista para mim ficar. Eu já falei que não consigo ficar aqui, prefiro voltar e aprender as coisas lá com os meus pais biológicos! - Olhei um instante para ela, antes de puxar outra mala de cima do guarda-roupa e voltar ao serviço.

- Você está lembrado do que eles fizeram para você? - Alfredo insistiu. Porque eles tinham que insistir tanto? - Sua mãe, aquela vadia desmiolada batia em você como uma condenada; seu pai tinha inveja de você. Onde já viu, um pai ter inveja do próprio filho? Nós te educamos, Edward! Nós criamos você, praticamente!

Engoli em seco. Eu odiava quando Jennie e Alfredo falavam essas coisas, parecia que eles estavam me chamando de coitado, o que não era.

- Mesmo assim. Essa decisão é minha, vocês pôde fazer a de vocês, então deixa eu fazer a minha! Que merda! Vocês não mandam em mim! - Acabei me alterando.

- Bem, se quer ver a Lara se desgastando aos poucos, vá. Tenha consciência de que, se você for, ela estaria morrendo aos poucos, por que Lara ama você. - Jennie disse, se retirando do meu quarto.

- Ela está com outro cara, eu não tenho mais nada haver com isso, Jennie. Ela aparenta está feliz, então não tenho nada a fazer aqui. - Dei de ombros, puxando a gaveta para pegar todos os meus anéis, correntinhas, pulseiras, piercings, brincos, bonés.

- Faça o que você quer da sua vida, Edward Fernandes, você já está grandinho o bastante para isso! - Eles dois saíram, me deixando meio confuso.

Eu não ia ceder. Eu precisava ir embora, sumir daqui, antes que o meu coração seja logo despedaçado. Talvez Jennie e Alfredo nunca me perdoeassem algum dia, mas era para o meu bem.

Me veio a cabeça uma ideia, mas eu nunca havia feito isso antes. Eu tinha virado um abestalhado mesmo, então não havia como virar menos que isso.

Peguei uma caneta e um papel. Comecei a escrever exatamente o que eu pensava, o que eu sentia, o que eu planejava fazer daqui para frente. Escrevi as poucas palavras que aquecia o meu coração de vez em quando.

Enviar uma mensagem não teria o mesmo efeito que escrever para ela. Eu poderia vê-la e dizer exatamente isso, mas não, eu não queria ver Lara nesse momento.

No fim, dobrei a carta e deixe-a dentro do meu guarda-roupa, ao lado de uma flor que eu tinha na minha janela. Eu estava indo embora, mas pelo menos eu tinha que arrancar-lhe um sorriso, pelo última vez.

Sim, eu tenho consciência que tudo isto está acontecendo por causa de uma decisão minha, mas era essa a decisão que poderia ajudar a sarar o meu coração. As pessoas sempre quebravam o meu coracao e eu era o único a juntar cada pedacinho, de um por um, até que estivesse completo novamente.

***

Eu já estava dentro do aeroporto, esperando o meu vôo.  Pessoas passavam de um lado para o outro, com malas, algumas chegavam, outras despediam-se uma das outras, algumas choravam por ver seus parentes indo embora... senti-me tão solitário. Jennie não veio, tampouco Alfredo.

Para eles, essa não passava de uma decisão idiota minha. Para eles, eu ia deixar eles, deixar a mulher que amo. Mas era para o meu próprio bem, eu precisava tanto me afastar. Que eu deixasse Lara ser feliz ao lado de Lamar.

Imaginei que agora eles deveriam está escolhendo o lugar em que iriam jantar juntos, o lugar em que iriam comemorar o primeiro aniversário de namoro juntos, o nome dos filhos... o que era para a gente está fazendo. Meu coração se apertou automaticamente.

Se eu fosse, estaria abandonando tudo. Tudo mesmo.

Antes de sair, disse a Jennie que entregasse a carta para Lara. Que ela lesse as minhas palavras.

Uma voz anunciou o meu vôo. Puxei o carrinho com as minhas malas, passando pela mulher que recebe o passaporte.

E finalmente eu estava dentro do avião. Eu estava com um fone de ouvido, tocando a minha playlist. Só que, eu não sei o que estava acontecendo, só tocava música romântica, música triste...

        Love you is a losing game.

- Amar ela foi um jogo...- Deitei a cabeça no acento, me sentindo confortável.

Um garoto que usava óculos estava ao meu lado, assim como uma garota ruiva, que máscara chiclete. Fechei os meus olhos, lembrando de Lara. Meu coração se apertou de saudades, mas já era tarde demais.

E Eu fui embora dali...

***

Idiot  - Beijo Raro.Onde histórias criam vida. Descubra agora