3| O esbarrão.

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Lara Cooper.


A tarde, sentada na minha rede que era em frente ao quintal de casa, eu vi no meu relógio de pulso que já eram exatamente cinco horas e poucos minutos.
O meu nervosismo crescia a cada minuto que passava. Eu até tentava esquecer um pouco aquilo e focar no que eu estava fazendo, mas nem sempre eu conseguia.
Só de lembrar que eu era nova aqui - e não conhecia ninguém -, me dava medo. Pior ainda quando eu me lembrava que não existia coisa pior do que chegar em uma faculdade sem conhecer ninguém.

Mas eu ia. Todavia, eu disse pra mim mesma que sorriria pra quem sorrir pra mim. Mas eu não era assim. Sempre quis ter amizades, mas era meio difícil, já que eu não tinha nenhuma amizade por aqui.
O sol já estava querendo ir embora, deixando o mundo começando a escurecer.
Levantei da rede, colocando o meu livro em cima da cadeira que havia ao meu lado. Queria mesmo naquele momento era tomar um café com biscoitos.
Pelo menos eu poderia esquecer um pouco o que vinha pela frente.

Escutei um barulho de rodas esmagando a brita que havia no quintal. Era o carro do meu pai, que hora dessas, já estava chegando do trabalho.
Entrei para dentro de casa, vendo a minha mãe ouvindo umas músicas antigas, do tempo dela.

- Mas já? - Minha mãe perguntou, olhando pra mim. - Pensei que você ia aproveitar mais um pouco lá na rede com aquele seu livro.- Ela ainda não havia olhado pra mim. Estava mais entretida em observar a banda dos músicos, que eu não conhecia.

- Ôh sim. Vim tomar um pouco de café pra acalmar os nervos. - Dei uma risadinha, fingindo não estar preocupada com nada. - Mas já vou voltar!

Fui até a cozinha, pegando uma xícara de louça - que eu amava e só tomava café ou chá com ela - e coloquei um pouquinho.

- Boa tarde, minhas lindas. - Meu pai disse, contagiando meus ouvidos com sua alegria.

- Na verdade, já é boa noite, papai. - Respondi, olhando para ele e depois ri de sua reação.- Brincadeira, senhor. - Inclinei a cabeça para o lado e fingi ser um soldado, colocando a mão direita sobre a testa.

Meu pai riu e minha mãe também.

>>>>

Já são 6 horas e eu já estou me preparando para ir para faculdade. Um frio apoderava da minha barriga a todo instante.
Eu já havia jantado, tomado banho e já havia escolhido a minha roupa: Era uma calça jeans, que era dobrada no tornozelo; uma blusa de alcinha preta e um tênis preto também.
Meu cabelo, eu amava ele solto, mas hoje, não quis. Fiz um coque nele, deixando duas mechas a frente.
Pegando a mochila, eu saí do meu quarto, vendo a minha mãe sentada com uma vasilha, que mais parecia uma lancheira, e meu pai, que estava com a chave do carro na mão.

- Que demora, Lara! - Minha mãe foi a primeira a reclamar. Eu devia estar lá as seis e meia, porque as aulas começam a esse horário. Minha sorte é que nossa casa não é longe da faculdade. - Seu pai vai levar você até lá; e isso, é pra você comer quando estiver com fome. - Me estendeu a vasilha.

Estava um pouquinho pesada, então, eu abri a minha mochila e a coloquei dentro, sem saber o que era.
Facilitava muito. Era melhor do que comprar alguma coisa por lá.

- O que tem aqui? - Perguntei, apontando pra vasilha, que já estava dentro da minha mochila.

- Uma salada de frutas. - Revirei os olhos. Claro que minha mãe ia colocar " algo saudável" pra mim comer.

Meu pai fez um gesto para que eu o acompanhasse e foi isso que eu fiz. Antes, dei um abraço na minha mãe.
Entrei no carro, com o meu coração na mão. Eu estava nervosa e não conseguia esconder.
"Ok ok, Lara. Você consegue! fez tantas vezes isso e conseguia fazer amigos. Esse ano vai ser diferente! Em nome do Deus que você acredita ( Jesus)."

- Vai ficar tudo bem, Lara. Basta você ser do jeito que você é. - Assenti, olhando para o vidro do carro.

Meu pai dirigiu um pouco, até chegarmos á um edifício lindo. O mesmo era enorme e ficava situado ali perto de Sorocaba.
Era muito chamativa. Estava escrito, numa placa enorme, com letras gigante, e decorativas: " 1° faculdade de Psicologia, de São Paulo. Augusto Fagundes."
Era mesmo muito interessante.

- Obrigada, pai. - Eu disse, quando desci do carro. - Saio às nove horas. - Ele assentiu, beijando a minha testa e indo embora.

Sorrindo, eu me virei para grande faculdade. Mas aquele sorriso foi embora, quando eu percebi que eu estava sozinha naquela.
Respirei fundo e coloquei as minhas mãos na alça da minha mochila, começando a andar para dentro do campus.
Dei um sorriso para o porteiro e entrei, percebendo que ali havia dezenas e dezenas de pessoas.
Adolescentes aglomerados, garotas famosas e essas coisas. E aquilo tudo só fez meu medo aumentar mais um pouco.

- Ok, Lara. Coloque um sorriso no rosto, porque você está feliz! Respire fundo! Vai dá tudo certo. - Falei para mim mesma.

Foi isso que eu pretendia fazer, mas eu não sabia onde ficava a sala principal.
Comecei a andar, sem saber para onde ir. Foi onde eu parei em frente aos armários de alguns alunos.
Eu olhei pra eles e fiquei admirada. Naquela ala, os armários eram laranjas e as paredes eram neutras. Tudo tão lindo.
Eu estava emocionada e admirada por estar ali. Tão admirada que acabei trombando com um indivíduo.
O esbarrão foi tão forte, que eu acabei derrubando a pessoa. A mesma me puxou pelo pulso, me fazendo cair em cima dela.
Meu cabelo, que estava amarrado no coque, caiu sob os meus ombros, não permitindo que eu vêsse o rosto da pessoa.
De repente, eu levantei rapidamente, ficando constrangida com aquela situação.

- Nossa, que esbarrão! - A pessoa disse, também se levantando.

A voz era formal e masculina. Então, eu percebi que eu tinha caído em cima de um garoto.
Um tapa teria me feito ficar com menos vergonha, do que um esbarrão que derruba duas pessoas, ambas caindo uma por cima da outra.
Corei de vergonha, chorando por dentro.
Ótimo Lara! Seu primeiro dia e você já fez merda!

- Ai, me desculpa. Eu não estava... eu... desculpa! - As palavras nao vinheram, e o garoto riu do meu desespero.

Eu ainda nem havia olhado para ele, porque sentia muita vergonha.
Foi quando respirei fundo e olhei para ele. O garoto tinha os cabelos pretos, quase carvão, eles eram cortados bem baixos, tinha os olhos castanhos-escuros, quase pretos.
E vestia uma calça preta rasgada nos joelhos, jaqueta de couro, botas de cano alto, e era cheio de tatuagens.
Acompanhei com o olhar suas tatuagens e vi diversas tatuagens, isso quando a jaqueta permitia ver.
Ele era muito lindo. Lindo mesmo. Fiquei muito sem noção e com mais vergonha.

- Beleza, tá tudo bem, pequena. - Ele disse, com a voz tão rouca. Céus, me arrepiei.

Fiquei irritada por ele me chamar de pequena. Ok, eu era pequena, não tinha mais que um metro e cinquenta e cinco, mas odiava ser chamada assim, só que com aquele garoto
foi algo totalmente diferente.
Eu não me irritei, como costumava fazer.

- Pequena é a sua...- Ele estendeu as mãos pra cima, como se rendêsse..

- Ok. - Assentiu, deixando escapar um sorriso lindo. - Qual o seu nome??l

Peguei a minha mochila, tentando me afastar daquele garoto.
Dei de ombros e dois passos para trás.

- Talvez seja pequena. - Respondi e saí, tentando não olhar para trás e ver a cara de espanto dele.

- Eu vou descobrir, pequena! - Ele gritou, me deixando em alerta e em choque.

Eu nunca tinha esbarrado com um garoto antes, então era algo novo para mim.
Aquele garoto era bonito, mas exalava perigo, então eu deveria me afastar dele; e eu sabia muito bem que essa faculdade é grande o bastante para a gente não se ver mais.
Bom, era isso que eu pensava.
Esperava que o destino não vinhesse mais com graça para cima de mim.

•••

Seguinte...

N/A: Só lembrando que o livro está sendo revisado. Mudou muitas coisas nesta revisão.♡

Idiot  - Beijo Raro.Onde histórias criam vida. Descubra agora