EDWARD FERNANDES
Eu não queria deixá-la, não queria ir embora e eu não sabia o que fazer. Conversei com o meu pai, e eu ia embora de volta. Ia voltar para a Inglaterra, continuar estudando lá e se eu quisesse alguma coisa da minha vida, eu teria que me esforçar.
Queria tanto ficar e aproveitar esses dias com Lara, mas o meu pai não deixou. Segundo ele, sou um moleque imaturo e que não quer nada da vida. Para ele, eu já deveria ter me formado em medicina, pois ele é um médico, já teria me casado e teria tido vários filhos, mas a realidade é muito diferente.
Demorei tanto tempo para achar uma garota especial, que fizesse o meu coração acelerar, que me deixasse com vergonha e quando isso aconteceu, minha vida volta ao normal.
Não estou preparado para deixá-la, não estou preparado para dizer o adeus, e tampouco ver o rosto dela. Céus, por que ela tão difícil?
Se ela sofresse, ia ser tudo culpa minha. Se eu não tivesse entrado naquela briga, eu nunca estaria desejando ficar aqui e protegê-la, mas já não posso. Agora tenho que aprender a ser uma pessoa melhor e ao lado do meu pai.
Ver a Lara desmaiando ali na minha frente, era como se ela tivesse levado a minha vida. Só lembro de correr e pegá-la nos braços, levando-a urgente para o hospital. E tudo aquilo foi um trabalho danado, mas não me arrependo. Ter Lara nos meus braços de novo - apesar da circunstância -, me deixou mais leve, mas ainda sim, tive a impressão de que a minha pressão caiu muito.
Conversei com o pai dela, que ficou muito irritado comigo. Para ele, eu não deveria ter demonstrado a minha ciúmes em frente à ela.
Merda, ela é doente! Ela é asmática!
- Eu vou lá. - Eu disse, não aguentando mais. Eu já estava ali há mais de meia-hora, enquanto o pai dela estava do meu lado e uma enfermeira, que não me deixava ir até lá.
- O senhor não pode entrar! - Já era tarde. Quase a atropelei, tentando chegar até Lara.
Ela estava olhando para mim assustada, mas logo recompôs sua postura. Lara abaixou a cabeça e pude ver um sorriso brotar em seu rosto. Madalena estava lá, me olhando como se eu fosse maluco.
- Oque está acontecendo aqui? - Ela se pronunciou, roubando a atenção para ela.
- Ele quis entrar, senhora...- A enfermeira disse, soltando uma respirada.
- Edward...- Eu sabia o que Madalena ia dizer. Ela ia me mandar embora.
- Mãe! - Lara chamou, fazendo a mulher olhar para ela. - Deixa ele ficar. Preciso conversar com Edward. A sós!
Não pude deixar de sorrir diante daquela frase dita. Mas mesmo um pouco triste. Aquele seria o nosso último momento juntos.
Então, parei para pensar: eu ia embora, mas nunca ia esquecê-la. Poderia ligar todos os dias, poderia mandar fotos para ela e a merda de uns quilômetros de distância não ia me empedi. Eu não tinha nada a perder. Minha vida... não passa de um tempo comum, que acaba os momentos bons.
- Não demoro. - Ela disse e levou com ela a enfermeira, que nos deu um olhar compreensivo.
- Lara, eu...- Respirei fundo. Por que era difícil pedi desculpas?
- Edward! - Escutei a sua voz suave. - Por que fez aquilo? - Seus olhos me encararam, a espera da resposta.
- Por que ele estava tentando beijar você Lara, você não percebeu? - Cruzei os braços, encarando-a.
- É... perceber, eu percebi, só que você não tinha nada de usar a violência, Edward! - Revirei os olhos.
- Eu não quero falar sobre isso agora, Lara. Estou cheio de coisas para resolver e eu não estou conseguindo, Lara. - Dei uma olhada ainda mais profunda para ela.
Seria tão doloroso deixá-la. Dizer com todas as letras que eu estava indo embora, que eu deveria ir. Como poderia contar isso para ela.
- Você...- Percebi as lágrimas em seus olhos e aquilo me deixou com o coração partido. - Você vai embora?
- Eu sinto muito Lara. Eu jamais queria ter chegado assim e me afastar assim. Lara, eu preciso ir. Queria muito ficar e cuidar de você, mas não posso...- Ela chorou. Um fio de lágrima desceu pelos seus olhos, me fazendo inclinar para ela e a limpar.
- Fica...- Implorou.
Céus! Como eu queria ficar. Como queria protegê-la, mas não podia.
- Lara, você entende? - Ela se levantou da cama e deu para perceber que ela estava ainda mais frustrada comigo.
- Não, eu não entendo! - Caminhei até ela, pegando pela sua cintura.
- VOCÊ TEM QUE ENTENDER, MERDA! EU NÃO QUERO IR, MAS NÃO POSSO FICAR! - Acabei gritando, mas não queria.
Me arrependi quando vi o seu olhar sobre mim. Ela se encolheu na parede, como se estivesse magoada comigo.
- Por favor... não grita.
- Lara? Entende? Se eu ficar, eu vou te machucar, eu vou te quebrar e você vai sofrer, entende? - Ela fez que não.
- Eu gosto de você! - Deixei o choque vir. Queria tanto ficar.
- Eu também! - Chorei. Mano, eu chorei. Que merda que me estava acontecendo?
- ENTÃO POR QUE... POR QUE NÃO FICA? - Foi a vez dela gritar. - Por que se aproximou e depois vai embora?
- Você entende merda! Eu te machucar e eu não quero isso. Você viu na faculdade hoje, Lara. Eu espanquei aquele cara por causa de você. Eu quero você! - Seus olhos, ainda cheios de lágrimas, me fitaram. - Eu sou agressivo, eu sou maluco as vezes. Posso te machucar, MERDA!
Coloquei as mãos na cabeça, chegando mais para perto e empurrando para a parede. Depois, dei um soco na parede, deixando as minhas quase pegando fogo. Tive vontade de bater em alguém, talvez até em Lara, mas eu não era capaz.
Por mais que odiasse aquela situação, eu tinha que entender que, quem tinha colocado nós dois naquela situação tinha sido eu.
Sem saber o que fazer e ver que ela estava chorando, dei um passo a sua frente e a abracei. Assustada, Lara correspondeu ao abraço, me dizendo o quanto ela também precisava daquele abraço.
- Fica comigo? - Sussurrei.
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Idiot - Beijo Raro.
Novela JuvenilLara Cooper veio da Bahia com a família, para fazer faculdade de psicologia. Até então, as coisas estavam indo super bem, se não fosse um esbarrão que ela havia participado, com um garoto totalmente diferente dos outros. Ele era Edward Fernandes, um...