36| Lendas.

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Lara Cooper.

Uma semana depois...

Muita coisa aconteceu nessa uma semana em que Edward se foi. Meu peito doía, ele ainda não havia aprendido que o dono dele havia ido embora. Meus pensamentos se resumiam a Edward e somente a ele. A semana de ensaios para a apresentação chegou, e como eu ainda queria realizar o sonho da minha mãe, eu comecei a ir.

Lamar não se aproximou mais de mim. Ele havia sumido. Não aparecia para a faculdade, não andava com os amigos mais. Eles simplesmente sumiu, sem deixar pistas.

Eu comecei a receber umas ligações estranhas. Meu telefone sempre tocava, mas quando eu atendia, não se ouvia nada, somente uma respiração falha. Passava uns dez segundos, ou mais, a pessoa por trás da linha desligava. Meu coração acelerava todas as vezes que isso acontecia, como se fosse Edward ali, querendo falar comigo. Mas não, ele disse que iria me deixar em paz, então estava óbvio que ele não queria nada comigo. E não perderia seu tempo ligando para mim.

Como se soubesse, o telefone tocou. Era sempre assim, na mesma hora, todos os dias, ele tocava. Eram as três horas da tarde, quando essa pessoa me ligava. Não passava nenhum minuto a mais.

Corri para atendê-lo, vendo o mesmo número desconhecido de antes. Meu coração de acelerou, minhas mãos soaram, me deixando em êxtase.

- Alo? - Minha voz estava arrastada e ansiosa ao mesmo tempo. Tive esperanças que a pessoa não percebesse, do outro lado da linha, que eu estava ansiosa para conversar com ele.

Houve o mesmo silêncio de sempre. Ouvi uma respiração calma do outro lado da linha. Era uma respiração leve. Pouco tempo depois, escutei o pigarreio, talvez estivesse acordando de algum transe.

Queria tanto detectar aquele som. Os momentos que passei com Edward, não me permitiu estudar tão bem assim a sua respiração, os sons que ele transmitia e os seus movimentos.

- Oi? Alguém? - Perguntei novamente, sentindo um frio na barriga.

- Eu...- A voz começou, rouca, porém, ela não terminou de falar. Mesmo sabendo o tom da voz de Edward, eu não reconheci. Talvez não era ele. Aquele simples pensamento, encheu meus olhos de lágrimas, ameaçando deixá-las cair.

- Edwa...- Eu ia dizendo, porém, a pessoa desligou. Simples assim. Será que era mesmo ele?

Eu tinha dado um passo a mais hoje. Pelo menos consegui escutar um pouco da voz dele, a respiração... se fosse por esse mesmo caminho, talvez eu fosse capaz de saber se era mesmo Edward ou não. Quem sabe eu voltaria a ser dele de novo, quem sabe eu voltaria a ser sua namorada de novo. Queria matar as saudades que tenho dele, mas sequer tenho notícias.

****

Edward Fernandes.

Ouvir a voz dela, era o que eu precisava. A voz dela me acalmava nesses últimos dias, acelerando o meu coração, preenchendo o vazio que se instalou nele. Nesses últimos dias, tenho estado na merda, sem melhorar, sem sair do pior.

Meu pai está mais frio e egoísta ainda. Quando cheguei aqui, fingiu me receber bem, mas logo descobri que era porque vem uma tal de Julieta de Paris, passar exatamente uma semana aqui. Para ele, essa é a chance de eu me aproximar dela, levar ela pra cama e engravidar a moça. Mas não, eu já tenho dono, mesmo que ela ainda não saiba que ela é minha dona.

Ele me usaria para seduzir a própria adolescente, engravidando-a e logo seria dado a ordem de que nos casassémos, pois os pais dela são dessa geração machista de anteriormente. Para eles, mulher só deve fazer sexo depois do casamento e que as mulheres só servem para cuidar da casa e de crianças. Essa parte do sexo só depois do casamento eu até que concordo, mas essa de as mulheres não trabalharem... já é demais. Pensar que já vivemos assim, é um puta agonia.

Tô vivendo na merda. Uso mais maconha do que água pra beber. Tô nem aí de chegar a ter uma overdose ou algo do tipo, eu só quero que essa dor que há aqui, no meu peito, suma. Dói demais, você se entregar assim e no fim sair machucado.

Em alguns livros sempre está escrito que as mulheres e quem sofrem, por que os homens traem, mas não, no meu caso, foi a mulher que me traiu. Não ligo se eu morrer hoje, pelo menos a dor vai passar.

Talvez eu tenha sido um idiota por escrever aquela carta, por que assim, ela vai pensar que ainda estou caidinho por ela.

Ah, eu ainda estou, não sei como parar de estar.

Eu estava ouvindo músicas, sem destino, sem pensar muito. Elas eram as únicas que poderiam me representar agora. Começou a tocar uma música de um grupo famoso que eu não sabia o nome. Eu só tinha achado a música legalzinha, mas nem parei para saber o nome dos cantores.

Pensei que o amor era uma lenda,
Não tinha ideia, até te encontrar
Eu sempre tive muitos prazeres
Nada ciúmes, até te encontrar.

Ela me representava, e como! Eu não acreditava no amor, lembra? Mas isso mudou quando Lara Cooper pisou os pés pela primeira vez naquela faculdade. E logo eu, que já tive muitos prazeres,  nenhum pingo de ciúmes e quando encontrei ela, eu virei um possessivo. Louco. Louco de amor por ela.

Eu estava cego. Lara me cegou de uma forma, que eu e ninguém seria capaz de descrever. Não sei se eu estava bebendo demais, se minha vista estava escurecendo, só sei que, prometi a mim mesmo que iria voltar. Não agora. Só bastava que Lara descobrisse que era eu naquelas ligações e a gente voltaria.

Para o meu alívio, sim, eu voltaria. Eu voltaria para o Brasil, para os braços da minha amada.

***

Idiot  - Beijo Raro.Onde histórias criam vida. Descubra agora